segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O “custo Brasil”, tão baratinho…

Do empresário Eike Batista há quem goste e quem não goste, mas há algo que ninguém lhe nega: é ousado.

Mas não é dele, até por falta de conhecimento, que se quer falar aqui, mas de algo que ele revelou, que é segredo trancado a sete chaves: o lucro absurdo que se tem nas atividades extrativas no Brasil, ao falar numa entrevista anteontem ao Estadão.

(…)O Brasil produz commodities a preços muito baixos.

O senhor conta com isso para reverter perdas?

Se eu produzo petróleo a US$ 18, não vou me importar muito se o petróleo cai de US$ 120 para US$ 100 (o barril), ou mesmo para US$ 80. A Vale produz o minério dela a US$ 25 a tonelada e vende por US$ 170; pode cair para US$ 150, US$ 140(…)

No caso do petróleo, ainda incidem royalties e participações especiais, ainda assim em níveis que não deixam de fazer o negócio ser espetacular em termos de lucratividade. Mas no caso do minério de ferro, o que existe de taxação é a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), de 2% apenas.

Basta fazer a conta e ver que, a US$ 150 a tonelada, exportar ferro dá um lucro de 500% sobre o gasto em sua produção. Assim é mole ser eficiente, não é, Sr. Agnelli?

Pois o senhor Agnelli, que é muito esperto, foi fazer os navios para exportar minério na China, alegando que era mais barato. Já o sr. Eike vai pagar 30% a mais para fabricar aqui quatro das sete plataformas de sua petroleira, a OGX. Vai pagar a quem? Ora, a ele mesmo, que se associou aos coreanos para montar um estaleiro onde ele será o primeiro e principal cliente. E, claro, a diferença entre o preço no exterior vai cair destes 30% rapidamente, à medida em que a escala de produção subir, como tem de subir com a exploração do pré-sal.

Brizola Neto - Tijolaço

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