Brasília - Representantes de centrais sindicais saíram insatisfeitos da reunião que tiveram hoje (29) com a presidenta Dilma Rousseff, após ouvirem dela que, entre as medidas de enfrentamento da crise econômica internacional, está um corte de gastos públicos que possibilite aumento do superávit primário. Para os sindicalistas, essa medida só dará resultado se vier acompanhada da redução da taxa de juros.
“Dilma disse que a crise mundial pode se agravar e que, por isso, há necessidade de aumentar o superávit primário [economia para pagar juros da dívida pública]. Isso para nós é uma ducha de água fria que vai levar o Brasil a perder indústrias e ser um exportador de matéria-prima”, disse o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, após afirmar ter saído “muito decepcionado” do encontro.
O presidente da Força sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) disse que a presidenta antecipou que as medidas a serem anunciadas para enfrentar a crise “serão diferentes das adotadas em 2008”, mas garantiu que manterá os investimentos sociais. “Para nós, esse aumento do superávit é apenas um gesto para o mercado. Só que, a nosso ver, o mercado já tem gestos demais”, destacou. “Aumento de superávit é um tipo de economia que dá dinheiro para banqueiro internacional", completou.
“O que sangra o Orçamento brasileiro é a taxa de juros. Não há necessidade de contermos os gastos públicos já que a arrecadação está aumentando”, disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique.
Ele disse interpretar as falas da presidenta como “sinalização de austeridade fiscal para o mercado”, inclusive visando a preparar o ambiente para uma redução na taxa básica de juros. “Nos últimos 15 anos, 7,5% do PIB [Produto Interno Bruto] vão para os bolsos de especuladores”, ressaltou o sindicalista. “Ela [Dilma] acenou que, com as medidas a serem tomadas, haverá condições de reduzir a taxa de juros”, disse Arthur Henrique.
Paulo Pereira da Silva disse ainda que a presidenta falou que não cabem no Orçamento gastos como os que seriam originados com a aprovação da PEC 300, que trata do piso nacional para policiais, e da Emenda 29, que aumenta gastos com a saúde. No entanto, Dilma reconheceu que algumas categorias serão beneficiadas com reajustes salariais, e citou particularmente a dos professores.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário