segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Europa treme: calote grego e vitória da esquerda na França

A Europa treme com a vitória da esquerda francesa no Senado da República nesse domingo, e o possivel default, ainda que parcial se for o caso, da Grécia. A vitória da esquerda no Senado da França foi a primeira desde 1958, quando o general presidente Charles de Gaulle, uma das figuras mais emblemáticas da direita mundial no século passado, fundou a V República.


O calote da dívida grega, tudo indica, está na iminência de ser decretado, com o governo de Atenas já tomando providências nesse sentido em meio aos protestos populares que convulsionam o país. Os bancos, como demonstramos em vários textos aqui escritos, vão ter que ser capitalizados e toda a politica recessiva imposta até agora abandonada por estímulos ao crescimento. Sob pena de a Grécia se incendiar e, na esteira dela, outros países da União Europeia (UE).

Para entender porque a dívida dos países europeus contamina todo o sistema bancário e econômico mundial é preciso lembrar que 71% dela está em mãos de investidores estrangeiros: 45% no caso da Itália; 85% de Portugal; 67% da França; 69% da Alemanha; e por fim 53% da dos Estados Unidos.

Dívidas dos governos estão nas mãos de estrangeiros

Dai o pânico já que os bancos da Alemanha e da França, por exemplo, detém quase toda a dívida grega. Por sua vez o Japão tem apenas 5,8% de sua dívida em mãos estrangeiras, percentual infinitamente menor do que o de países como Portugal, Espanha e Grécia.

Estes, ante a crise e com as medidas de austeridade que foram obrigados a tomar, passaram a pagar juros internacionais de 3% a 4% a mais, o que anulou todo o seu esforço fiscal adotado às custas de arrocho salarial e social, desemprego e recessão. O desastre político, social e econômico, enfim, que levou ao impasse atual.

Como vemos a crise só começou e só tem saída multilateral, como pregou a presidenta Dilma Rousseff em seu pronunciamento na histórica abertura da 66ª Assembléia Geral das Nações Unidas na semana passada. Uma tentativa isolada de um país, ou de um grupo de países não vai chegar a lugar nenhum.

Para entender o temor diante da vitória da esquerda na França, basta constatar que ela confirma uma regra registrada antes - e com perspectiva de repetição nas próximas - em eleições recentes na Europa: em todas os governos estão sendo fragorosamente derrotados nas urnas porque não conseguiram encontrar saída viáveis para a crise e nem se associar devidamente para superá-la.

Minguam as perspectivas eleitorais de Sarkozy


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Sarkozy
Na França, o temor com o resultado eleitoral é maior porque eles estão a apenas sete meses da eleição presidencial de abril. Nada bom, portanto, nem animador para o governo conservador do presidente francês Nicolas Sarkozy.

Resultados iniciais mostraram que os candidatos da esquerda ficaram com pelo menos 23 cadeiras que eram do partido conservador e asseguraram maioria absoluta. Animadoras, mesmo, as urnas de domingo foram para a esquerda, em especial para o partido da União por um Movimento Popular.

"Os resultados das eleições no Senado significam uma merecida punição para a direita” destacou Jean-Pierre Bel, líder do grupo socialista no Senado. Com este novo quadro político, Sarkozy enfrentará em abril uma disputa difícil pela reeleição contra François Hollande, um dos mais prováveis candidatos socialistas.

Blog do Zé Dirceu

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