sábado, 10 de setembro de 2011

Indústria ferroviária fatura quase R$ 4 bilhões

Os projetos de renovação da malha ferroviária nacional e a ampliação do uso de trens em ambientes urbanos estão dando musculatura à cadeia produtiva da indústria ferroviária no Brasil.

Mesmo com o câmbio favorável às importações, nos últimos cinco anos o número de fornecedores do setor com produção nacional passou de 350 para 428. É o que aponta levantamento realizado pela “Revista Ferroviária”, especializada no setor.

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São números que acompanham altas consistentes de receita. Em 2007, as vendas das indústria ferroviária brasileira foram de 2 bilhões de reais. Em 2008, alcançaram 2,6 bilhões de reais. Caíram com a crise, no ano seguinte, para 2,1 bilhões de reais. Mas, em 2010, chegaram em 3,1 bilhões de reais.

Para este ano, as perspectivas da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) indicam 3,8 bilhões de reais. A própria associação viu o número de associados crescer rapidamente. Nos últimos dois anos, a lista passou de 28 para 58.

“Entendemos que essa década será efetivamente a década do setor ferroviário”, afirma Vicente Abate, presidente da entidade. “Não há como não haver expansão ferroviária, pela necessidade de redução de custos logísticos e de melhora do transporte público”, avalia.

Concorrência

Nos últimos cinco anos, entre as companhias que passaram a integrar a lista de empresas que atendem ao setor, encontram-se nomes pouco conhecidos, como a Caiçara Sistemas de Segurança, fabricante de lavabos, reservatórios de água, portas e janelas de alumínio para a indústria ferroviária, ou a Cauchoflex, de buchas e amortecedores.

Mas também companhias como a 3M, que no ano passado montou uma equipe comercial e de marketing especificamente para desenvolver novos negócios na área. “Até há alguns anos, víamos o mercado como estagnado. Com o crescimento recente e os projetos por vir, a área passou a ser estratégica”, diz Marcio Nanuncio, gerente de desenvolvimento de negócios para o mercado ferroviário.

A 3M fabrica uma ampla gama de produtos com aplicação na indústria ferroviária, mas que não são feitos especificamente para ela. A lista vai de discos abrasivos para a construção de estruturas até fitas para marcação e mascaramento em pintura, passando por selantes, isolantes térmicos e acústicos.

Neste ano, a meta da empresa é crescer no país acima de 40% na área. As projeções para a companhia como um todo são bem menores, de 10% a 12%, sobre os 2,4 bilhões de reais de 2010.

Há também fabricantes de trens como a espanhola CAF, que já tinha escritório no país, mas inaugurou fábrica em Hortolândia (SP), no ano passado. E a Bom Sinal, fabricante brasileira de veículos leves sobre trilhos (VLTs) a diesel, que antes fabricava interiores e mobiliário para ônibus e estádios.

É um movimento que tende a ganhar ainda mais corpo, com novos investimentos na ampliação da malha ferroviária do país. O governo estuda revitalizar pelo menos 14 linhas regionais nos próximos anos, há projetos para implantação de VLTs em pelo menos uma dezena de cidades do país e a construção das ferrovias Norte Sul e Oeste Leste está caminhando e existe a promessa do trem-bala, enfraquecida por adiamentos sucessivos da licitação, mas ainda na lista do governo federal.

O cenário positivo tem levado companhias como a GE a falarem na possibilidade de novos investimentos – mesmo após ter dobrado a capacidade de produção, de 60 locomotivas por ano, para 120, de 2010 para 2011.

Na semana retrasada, durante visita ao país de seu presidente mundial, Jeff Immelt, a companhia divulgou que estuda novos aportes em sua fábrica de trens, em Contagem (MG).

De forma semelhante, a Caterpillar anunciou neste ano que será a segunda companhia a fabricar locomotivas para o transporte de cargas no Brasil. E a Knorr-Bremse, fabricante de sistemas de frenagem, está construindo uma nova fábrica em Itupeva (SP), com investimento de 80 milhões de reais.

Até 2013, na contabilidade da Abifer, os investimentos em expansão da produção na indústria ferroviária somarão ao menos 250 milhões de reais. De 2003 a 2010, foram de cerca de 1,1 bilhão de reais, calcula a entidade.

*Publicado originalmente em Brasil Econômico.

Brasil Econômico

Carta Capital

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