12 de agosto de 2013
Se não encontrar o seu Francisco, o PSDB vai para a Série B da política brasileira.
O último Datafolha é particularmente penoso para o PSDB.
Aécio é um candidato morto em vida, fica claro. Não pegou nem no rastro da queda de Dilma com as chamadas Jornadas de Junho.
2014 pode ter dois cenários, e nenhum inclui o PSDB.
Num, Dilma é protagonista sozinha, e leva no primeiro turno, com a popularidade recuperada.
No outro, Dilma não inteiramente refeita, haverá espaço para a
candidatura antigoverno. Mas este papel será de Marina, não de Aécio.
2014 tende a ser a primeira vez, em muito tempo, em que os tucanos disputam sem chance de vencer, na condição de figurantes.
Se não bastasse a presidência, o governo de São Paulo parece sob real
ameaça, dada a fraqueza de Alckmin e consideradas as denúncias de
propinas que turvam a imagem de castidade do PSDB. Tudo sugere que
Padilha, projetado pelo prestígio de Lula e pelo programa Mais Médicos,
será um candidato forte.
Por fim, os tucanos enfrentam ainda os delírios presidenciais de
Serra, um homem que acredita que nasceu para ser presidente contra a
vontade tantas vezes reiterada dos brasileiros.
Para usar uma imagem futebolística, o PSDB está ameaçado de rebaixamento. Pode ir para a Série B.
Que fazer?
Num plano muito maior, uma organização degringolava e parecia morta até aparecer alguém extraordinário: a Igreja Católica.
Francisco está, simplesmente, reinventando a Igreja, com muita pregação e muita ação.
A primeira coisa: pôs prioridade total nos pobres, até porque são
eles que vão encher ou não as missas, se levarmos em conta que em nossos
dias o mundo se divide entre os 99% e o 1%.
O PSDB está alinhado com o 1%. É o queridinho da voz do 1%, a mídia,
mas é cada vez mais rejeitado pelos 99%. Quando você ouviu algum tucano
criticar a desigualdade social?
Quem tem mais votos e elege são os 99%, por mais dinheiro e voz que o 1% tenha.
Quem é o Francisco do PSDB?
Sabemos quem não é: FHC, Serra, Alckmin e Aécio. Mas isso não quer dizer que ele não exista.
Ninguém conhecia Bergoglio fora de um círculo restrito, e ele está aí, promovendo uma revolução.
O mérito da Igreja foi alçá-lo ao poder. Para fazer isso, suas
lideranças – incluído aí Ratzinger – tiveram que reconhecer que o
caminho que estava sendo seguido levava ao cemitério.
O PSDB pode encontrar seu Francisco. Mas para isso tem que entender
que sem ele vai para a Série B – e passar a procurá-lo em regime de
urgência.
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