O programa de caridade é uma contradição diante da ferrenha oposição da organização a programas como o Bolsa Família.
Estevam Avelari / Globo
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A campanha Criança Esperança chegou ao fim, mas você, se não o fez, ainda pode doar um dinheirinho para esse frenético jamboree de caridade midiática que – a Globo apregoa – beneficiará 48 mil crianças e adolescentes de todo o País.
A cada ano, a emissora dos irmãos Marinho – não confundir com as irmãs Marinho – convoca sua constelação de estrelas para, saltitantes, sorridentes, atiçarem as sensibilidades coronárias da relutante nação canarinho. A solidariedade via tevê produz um espetáculo convincente, tem o atributo de adormecer até avareza de banqueiro.
Não interessa à Globo se perguntar se é coerente promover um show beneficente, logo ela que, escorada nos califas do neoliberalismo, combate ferozmente iniciativas como o Bolsa Família, com o duvidoso argumento de que socorrer os miseráveis é condená-los ao perpétuo estado de miséria. Mania da Globo essa de querer ser monopolista em tudo, até no quesito solidariedade humana.
Dois fortíssimos candidatos aproveitaram o Criança Esperança para disputar o Oscar da hipocrisia filantrópica. O Faustão, que fez de seu auditório um palanque da pior política de botequim e anda iradíssimo com o paternalismo bolivariano do PT, sacou do microfone para dizer que o Criança Esperança é uma beleza. Correndo por fora, assumiu a condição de campeão do farisaismo o esponjoso Ney Matogrosso, aquele que disse à tevê de Portugal que as nordestinas engravidam freneticamente para usufruir dos benefícios da “bolsa miséria” da Dilma.
Ney subiu ao palco pela causa. Não parecia preocupado com o risco, por ele tão veemente denunciado, de que, agora com a Bolsa Globo, o Brasil venha a se converter num gigantesco berçário de indigentes.
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A cada ano, a emissora dos irmãos Marinho – não confundir com as irmãs Marinho – convoca sua constelação de estrelas para, saltitantes, sorridentes, atiçarem as sensibilidades coronárias da relutante nação canarinho. A solidariedade via tevê produz um espetáculo convincente, tem o atributo de adormecer até avareza de banqueiro.
Não interessa à Globo se perguntar se é coerente promover um show beneficente, logo ela que, escorada nos califas do neoliberalismo, combate ferozmente iniciativas como o Bolsa Família, com o duvidoso argumento de que socorrer os miseráveis é condená-los ao perpétuo estado de miséria. Mania da Globo essa de querer ser monopolista em tudo, até no quesito solidariedade humana.
Dois fortíssimos candidatos aproveitaram o Criança Esperança para disputar o Oscar da hipocrisia filantrópica. O Faustão, que fez de seu auditório um palanque da pior política de botequim e anda iradíssimo com o paternalismo bolivariano do PT, sacou do microfone para dizer que o Criança Esperança é uma beleza. Correndo por fora, assumiu a condição de campeão do farisaismo o esponjoso Ney Matogrosso, aquele que disse à tevê de Portugal que as nordestinas engravidam freneticamente para usufruir dos benefícios da “bolsa miséria” da Dilma.
Ney subiu ao palco pela causa. Não parecia preocupado com o risco, por ele tão veemente denunciado, de que, agora com a Bolsa Globo, o Brasil venha a se converter num gigantesco berçário de indigentes.
Carta Capital
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