POR FERNANDO BRITO · 11/03/2017
Nada tira do professor Leandro Karnal a qualidade de homem extremamente hábil com as palavras e a arte de pronunciá-las.
Nada, ou ninguém, também lhe tira o direito de encontrar-se com quem quer que seja, quando, se e como desejar.
Inclusive com o Juiz Sérgio Moro, que agora deve estar se sentindo intelectualmente só, depois que escassearam seus encontros com o agora ocupadíssimo João Dória Júnior, que salta a trocar de fantasia todos os dias.
Mas ninguém, igualmente, pode achar que Karnal é um tolinho que não saiba que gestos têm, necessariamente, significados.
Já nem me refiro ao falso “amigo ” como classifica Sérgio Moro – pois se é, deveria ter registrado esta amizade ao tantas vezes ser questionado sobre o clima de perseguição em que o Doutor mergulhou o país. Se é, ou foi desonesto ao amigo, ou foi desonesto com os ouvintes e leitores de suas palestras e textos.
Mas, ainda que fosse colega de longa data do Dr. Moro, fosse uma autoridade pública ali por dever de ofício, fosse um encontro fortuito ou casual, nada se poderia objetar ao cumprimento polido, à troca de palavras protocolares.
É da vida e é da boa educação.
Nem, por acaso, a foto “vazou”: foi assim, como que distraidamente, distribuída pelo Facebook de Karnal.
Não foi, porém, nada disso. Apenas uma cena que convém, pela mesma razão, a ambos: aquilo que consideram ser a promoção de suas imagens.
Porque o professor Karnal há de reconhecer que somos pessoas medianamente inteligentes e entendemos que a liberdade que se alcança com o pensamento é o antípoda de quem encarcera pessoas por “cognição sumária”. Então, ele poderia nos poupar desta história de “possibilidade de projetos futuros” entre ambos.
Karnal foi apenas, carnal, ambicioso: jogou um lance para criar polêmica e, quem sabe, prosseguir carreira em platéias maiores, com ingressos mais caros.
Professor, que dizer do fato de que o senhor, infelizmente, vai ter de fazer o “marketing do perseguido pela esquerda”, algo assim semelhante aos Roger e Lobão, que ao menos tinham a desculpa da decadência para se vestirem de “moristas”.
E o o senhor pensa em auto-ajuda, deveria se mirar no exemplo de Paulo Coelho, que vive de escrever suas idéias, delírios e constatações, goste-se delas ou não, sem vender a si mesmo no “pacote”.
O senhor, com este gesto comercial, ao contrário, vendeu tudo o que disse e escreveu sobre liberdade, tolerância, pluralismo, civilização.
Paulo Coelho, em degraus de dignidade, mostrou que está escadarias à frente do senhor, porque vende livros, não vende o autor ao “marquetismo” barato da sua imagem pessoal.
Afinal, não é de seu amado Shakespeare a frase de que “nada em si é bom ou mau; tudo depende daquilo que pensamos”?
Pois é, professor, os reis, como o “Rei Moro” sempre acabam por divertir-se com um bobo, ao qual dão o direito até de dizer certas inconveniências.
Tijolaço
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