quinta-feira, 12 de julho de 2012

Redução da Selic a 8% a.a. é benéfica para o país


O COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central) reduziu ontem (11/7) a taxa Selic (juros básicos da economia) em meio ponto percentual. Foi a oitava baixa consecutiva, levando a Selic a 8% ao ano, a menor taxa desde quando ela foi criada. A redução da taxa Selic em 0,5% é um fato promissor e indica que o Brasil caminha para juros reais básicos ao nível internacional, com uma inflação de 4,5%.

Cada redução da taxa Selic reduz o gasto com o serviço da dívida interna e libera recursos para investimentos, para o superávit ou para a redução do déficit nominal. Somos defensores que esses recursos sejam investidos e não utilizados para reduzir o déficit nominal o que, num momento de grave crise mundial e recessão, não faz sentido. Ao contrário, poderia até exigir do país uma diminuição do superávit operacional.

A previsão dos economistas dos bancos é que a taxa deve permanecer em um dígito, abaixo de 10% ao ano, por um longo período.

Juros reais

A taxa Selic não mede os juros reais da economia. Para isso é preciso descontar a inflação projetada para um período de 12 meses à frente. Descontando-se a inflação a taxa de juros no Brasil cai para 3,2% ao ano. Num ranking comparativa com as 40 maiores economias do planeta, o país ocupa hoje a terceira posição entre os maiores juros reais, atrás apenas da China (3,7% ao ano) e da Rússia (3,5%). Fica 0,1% acima do Chile, que ocupa a quarta colocação.

De janeiro de 2010 até março deste ano, o país se manteve no topo desta lista. Nessa lista, mais da metade - 22 países no total de 40 - registram juro real negativo. Tanto que a taxa média geral dos 40 países analisados ficou em -0,4%. Os últimos lugares do ranking são ocupados por Hong Kong (-3,6%), Venezuela (-4,6%) e Cingapura (-4,7%).

O ranking é elaborado pela corretora Cruzeiro do Sul/Apregoa.

Histórico

O patamar de um dígito para a taxa de juros brasileira ganha mais importância ainda quando se observa o seu histórico. A série do Banco Central sobre a taxa de juros teve início em 1986, quando a taxa somava 23,5% ao ano. Entre fevereiro de 1987 e o lançamento do Plano Real, em julho de 1994, o país conviveu com taxas de juros em três dígitos, isto é, acima de 100% ao ano, com exceção de abril e maio de 1990.

Antes disso, em fevereiro daquele ano, os juros atingiram 438.769,68% ao ano. Em fevereiro de 1990, a inflação somou 82,4%. Em maio de 2000, dois anos e meio antes do fim de seu segundo mandato, FHC declarou que gostaria de deixar o governo com juros em um dígito, o que não aconteceu. No ano seguinte, ocorreram a crise do apagão e a da dívida argentina.

Em 2003, no início de seu 1º governo, o presidente Lula chegou a declarar que a taxa de juros em um dígito era um "sonho da equipe econômica". O objetivo foi atingido somente em junho de 2009, no seu 2º mandato, mas vigorou por um período limitado – até meados de 2010. Ela só voltou a cair abaixo de 10% ao ano em março de 2012, já no governo Dilma. 

Blog do Zé Dirceu

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