Do SRZD
"Eu acredito sim [na retomada das apurações] porque existe uma ordem
judicial de 1978, não cumprida pelo Estado, do juiz Márcio Moraes,
ordenando a reabertura das investigações. Ela foi emitida porque já
naquela época havia indícios de que um crime havia sido cometido e essas
fotos fortalecem esses indícios", afirmou Ivo Herzog, que também é
diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog.
No último dia 26 de junho, o jornalista Juca Kfouri denunciou em seu
blog que a presidente Dilma Rousseff recusa se encontrar com Marin pelo
fato de ele ter supostamente discursado a favor da prisão de Herzog 16
dias antes da morte do jornalista. O Palácio do Planalto, no entanto,
nega os motivos citados por Kfouri. Mesmo já tendo se passado 37 anos da
morte de Herzog, Ivo confessou ao SRZD que as
investigações da Comissão Nacional da Verdade não serão capazes de
reparar a perda do pai, e aproveitou para reforçar a bomba que,
recentemente, causou mal-estar nas bases do governo.
"A perda da morte do meu pai é irreparável, mas eu acho que a
Comissão Nacional da Verdade pode ajudar a dar um maior entendimento
sobre as circunstâncias e apontar quem foram os personagens envolvidos
nela. Alguns deles cumprem altíssimos cargos públicos representando o
Brasil no âmbito internacional, pessoas que discursaram politicamente
contra a liberdade e a favor de um processo violento contra a
democracia". Questionado sobre o nome do personagem alvo de sua denúncia
que teria envolvimento na morte, Ivo foi curto e direto: "José Maria
Marin, atual presidente da CBF".
Sobre o fato de a Comissão da Verdade ter optado pelo sigilo dos
depoimentos de agentes da repressão que não quiseram divulgar suas
identidades, Ivo declarou não ter uma posição formada.
"Essa é uma questão delicada. Não tenho uma resposta precisa para te
dar. Consigo ser solidário que, dentro de uma estratégia jurídica, essas
pessoas não estejam expostas no momento do depoimento. Mas acho
inaceitável que esses depoimentos sejam mantidos em sigilo ao final das
investigações", enfatizou.
A edição do jornal "Folha de S. Paulo" desta sexta-feira divulgou fortes imagens do corpo de Vladimir Herzog após a autópsia,
em que ele aparece com uma costura no tronco e uma mancha escura no
pescoço. Cerca de 5 mil fotografias, feitas por agentes da ditadura
militar do extinto SNI (Serviço Nacional de Informações), foram
liberadas para consulta popular no Arquivo Nacional em cumprimento da
Lei do Acesso à Informação. Os registros mostram ainda artistas como
Renata Sorrah, Milton Nascimento, Osmar Prado, Sérgio Britto e Lucélia
Santos fazendo panfletagem contra o regime nas ruas do Rio de Janeiro.
A equipe de reportagem do SRZD entrou em contato com a assessoria de imprensa da CBF e ainda não teve retorno.
Blog do Lluis Nassif
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