No livro Mudanças na Classe Política Brasileira, o cientista
político Leôncio Martins Rodrigues analisou informações das
legislaturas federais de 1998 e 2002 e mostrou, entre outras coisas,
como são raros os casos de pessoas que ficam mais pobres após entrar
para a política. Se este parece um motivo para o brasileiro desconfiar
da classe política, a riqueza declarada dos candidatos não parece ser
razão de preconceito nem impede o sucesso nas urnas. Boa notícia para os
candidatos mais ricos das eleições municipais de 2012 nas capitais.
Segundo as declarações disponíveis no site oficial do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), o candidato mais rico deste ano é Mauro Mendes (PSB), empresário
de metalurgia e ex-presidente da Federação das Indústrias de Mato
Grosso. Mendes, que deseja ser prefeito de Cuiabá, tem um patrimônio
declarado de 116,8 milhões de reais, a maior parte de uma empresa
chamada Bipar Investimentos e Participações. Sua evolução patrimonial
merece destaque. Quando foi candidato em 2008, tinha 23,8 milhões de
reais. Em 2010, quando disputou o governo, tinha 57 milhões. Hoje,
Mendes é líder nas pesquisas eleitorais em Cuiabá e, segundo
levantamento publicado pelo site RD News na quinta-feira 12, seria eleito no primeiro turno, com 47% dos votos.
O segundo candidato mais rico de 2012 é exemplo de que o brasileiro
não tem preconceitos com a riqueza. Marcio Lacerda, também do PSB,
disputa a reeleição em Belo Horizonte com um patrimônio de 58 milhões.
Quando foi eleito, em 2008, Lacerda já era um milionário, com patrimônio
de 55 milhões de reais.
O terceiro colocado na lista também vem do Centro-Oeste. É Reinaldo
Azambuja, deputado federal candidato em Campo Grande (MS). Filiado ao
PSDB, ele vai liderar a primeira candidatura própria dos tucanos na
cidade após 20 anos de parceria com o PMDB. Azambuja é integrante da
bancada ruralista na Câmara e tem entre seus maiores bens terras e
cabeças de gado.
O empresário Carlos Amastha (PP), candidato em Palmas, é o quarto
mais rico, com patrimônio de 18 milhões de reais. Nascido na Colômbia e
dono de shoppings centers, Amastha é candidato pela primeira vez. Em sua
declaração de patrimônio chamam a atenção os 2 milhões de reais em
espécie que ele diz possuir.
O deputado federal ACM Neto (DEM) é o quinto candidato mais rico nas
capitais. Seu patrimônio, que nas eleições de 2010 era de 2,5 milhões de
reais, passou para mais de 9 milhões de reais atualmente. Segundo a
declaração de bens, isso se deu por conta da aquisição de cotas da TV
Bahia, afiliada da Rede Globo no Estado. ACM Neto é um dos diversos
políticos com participação em emissoras de TV. Pela lei atual, que é
alvo de uma reforma paralisada há anos, um político pode ser sócio de
uma emissora de tevê ou rádio, mas não pode ser diretor. Há críticas
quanto à permissão pois o veículo de imprensa pode ser usado para
favorecer o sócio e prejudicar seus rivais.
Completam a lista dos dez candidatos mais ricos nas capitais Gabriel
Chalita (PMDB-SP), dono de 11,5 milhões de reais; João Castelo
(PSDB-MA), com 8,5 milhões; Ratinho Júnior (PSC-PR), 7,5 milhões de
reais; José Maranhão (PMDB-PB), com 6,9 milhões; e Mario Português
(PPS-RO), com 4,9 milhões.
Cabe lembrar que todos esses números são referentes às declarações
que os próprios candidatos entregam ao TSE. A Justiça Eleitoral pode
solicitar os dados, mas não tem poder para investigar como o patrimônio
foi adquirido ou se há ocultação de bens por parte dos candidatos, um
papel que cabe à Receita Federal. A falta de verificação dos dados faz
com que os candidatos também entreguem declarações cheias de erros. As
simples exigência da declaração serve para aumentar a transparência do
pleito, o que é sempre bom, mas basta uma rápida pesquisa no site do TSE
para o eleitor verificar estranhezas. Eduardo Paes (PMDB), candidato à
reeleição no Rio de Janeiro, por exemplo, não declarou nenhum imóvel em
seu nome, apenas investimentos. Patrus Ananias (PT), concorrente do
milionário Lacerda em Belo Horizonte, disse não ter qualquer bem em seu
nome.
Carta Capital
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