Há um caminho seguro para entender o movimento político-eleitoral do governador Eduardo Campos, de Pernambuco.
O compromisso dele é com Lula e Dilma. Não com o PT.
Novo horizonte I
Demorou mais que o previsto a aliança PSDB e PT construída em torno
da eleição de Marcio Lacerda (PSB), em 2008, para a prefeitura de Belo
Horizonte.
Nascida da boa relação entre o então prefeito petista Fernando
Pimentel e o então governador tucano Aécio Neves, o rompimento tornou
altamente competitiva a disputa na capital, que já parecia resolvida com
a reeleição de Lacerda.
Com o rompimento, o ex-prefeito petista Patrus Ananias entrou no jogo
e pode dar unidade ao partido perdida com o acordo e vencer o pleito.
Lacerda é um prefeito com boa avaliação, mas Patrus é figura querida em BH.
Novo horizonte II
A eleição municipal, um beco sem saída para o PSDB e o PT, deu o pretexto para o fim de uma aliança que incomodava as partes.
Aécio conta com a reeleição de Lacerda agora para empurrá-lo para a
disputa estadual, em 2014. Mas isso significaria entregar a prefeitura
para um substituto petista. O vice na chapa.
O controle da Câmara de Vereadores fez Aécio bloquear a extensão da
aliança, prevista no acordo, para as eleições proporcionais e deixou
claro que ele manda no destino político de Lacerda, eleito pela legenda
socialista.
Salvo se, antes, tiver feito consulta ao governador pernambucano Eduardo Campos, presidente do PSB.
Filhos das mães
Rodrigo, filho do ex-prefeito do Rio Cesar Maia, e Clarissa, filha do
ex-governador fluminense Anthony Garotinho, formam uma das chapas na
disputa pela prefeitura carioca.
Ele é candidato a prefeito e ela, a vice.
Com os sobrenomes maternos, Rodrigo Ibarra (chileno) e Clarissa Assed
(líbio), talvez pudessem amenizar nas urnas a rejeição dos eleitores
aos pais.
Prefeito incolor
É fácil entender a confusão em torno da identificação partidária do
prefeito Raul Filho, de Palmas (TO), apanhado na rede de corrupção de
Carlos Cachoeira.
Raul disputou a prefeitura em 2006, pelo PSDB. Em 2000, no PPS, foi
novamente derrotado. Finalmente em 2004, época do vídeo, já filiado ao
PT ganhou a eleição. Reeleito em 2008, foi expulso do partido em 2011.
Agora ele vai se explicar na CPI sem rede de apoio.
Quarentena
A magistratura fez as contas.
Somente em 2020 um juiz de carreira voltará a presidir o Supremo
Tribunal Federal. Após o advogado Ayres Britto, os próximos presidentes
são oriundos da advocacia ou do Ministério Público.
Todos nomeados pelo ex-presidente Lula.
São eles: Joaquim Barbosa (MP), Ricardo Lewandowski (advocacia), Cármen Lúcia (advocacia e MP) e Dias Toffoli (advocacia).
Só então a magistratura retomará, com Luiz Fux, o comando do STF.
Corda esticada
O presidente do Sindifisco Nacional, Pedro Delarue, considera que o
governo esticou a corda no embate do reajuste salarial dos servidores
federais.
E adverte: “O Planalto sentirá os efeitos nos próximos dias”.
Assim como os auditores fiscais, que estão em operação – padrão, a
Polícia Federal e Advocacia-Geral da União se prepararam para agir “no
limite da legalidade”.
Os federais não farão diligências em outros estados nem protegerão
autoridades. Os advogados, por sua vez, só vão defender a União quando o
prazo do processo estiver para estourar.
Esse é o plano da reação e, segundo Delarue, sem recuo.
Cruz e espada
Às vésperas do quarti centenário, a Irmandade de Santa Cruz dos Militares passa por maus momentos financeiros.
A igreja da Irmandade, de estilo barroco mineiro, é uma das mais
belas do Rio de Janeiro e tem nas paredes laterais do altar-mor entalhes
do mestre Valentim.
A Irmandade é o berço do sistema previdenciário dos militares, hoje
administrado pela União. A instituição é proprietária de quase 500
imóveis. Alugados, eles garantiriam recursos para a manutenção. No
entanto, já houve casos de corte de fornecimento de água apesar de o
locatário ter pago a conta. Sinal de má administração?
O número de filados é mantido em sigilo e já se cogita procurar o
Judiciário para forçar o provedor, coronel da reserva Carlos Alberto
Barcellos, a soltar a lista de contribuintes.
Caxias, provedor da Irmandade, em 1871, proclamava: “Irmãos pela cruz
e irmãos pela espada, a nossa missão é sagrada: santificar o culto do
Divino Senhor e aliviar da miséria as viúvas e filhos dos que seguem a
nobre profissão das armas”.
Se soubesse o que se passa agora, daria voltas na tumba.
Maurício Dias - Carta Capital
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