Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Por 56 votos a 19, o Senado aprovou hoje (11) a cassação do mandato do senador Demóstenes Torres.
Houve cinco abstenções no processo de votação secreta. Assumirá o
mandato de senador o primeiro suplente de Demóstenes, Wilder Pedro de
Morais, que é ex-marido de Andressa Mendonça, atual mulher do empresário
Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Demóstenes foi condenado à perda de mandato pela acusação de ter se
colocado a serviço da organização criminosa supostamente comandada por
Cachoeira.
Assim que o resultado foi divulgado pelo painel do Senado, Demóstenes
não esperou a proclamação pelo presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP). Ele se levantou, acompanhado de seu advogado, e seguiu para
elevador privativo que o levou até a saída do Senado. Sem dar
entrevista, Demóstenes entrou no carro de deixou a Casa.
Antes, em seu discurso de defesa, Demóstenes Torres se disse vítima da
imprensa e atacou o relator do seu processo no Conselho de Ética,
senador Humberto Costa (PT-PE).
Demóstenes reclamou de ter sido chamado de "braço político" e de
"despachante de luxo" de Carlinhos Cachoeira, acusado pela Polícia
Federal de comandar uma organização criminosa com a participação de
políticos e empresários. "Fui moído, triturado, achacado na minha
dignidade", reclamou o senador. “Fui chamado de despachante de luxo,
braço político. Como é que eu vou me defender disso, se é como acusar a
mulher de vagabunda. Tudo que ela disser vão dizer que ela está
equivocada.”
Demóstenes lembrou que, em 2004, a Polícia Federal realizou a Operação
Vampiro que investigou fraudes em compra de medicamentos, época em que
Humberto Costa era ministro da Saúde.
Ele também negou ter mentido no plenário do Senado ao se defender das
denúncias. "Eu não menti aqui. Eu tenho a conduta parlamentar impecável.
Quantas vezes eu procurei um senador aqui para pedir qualquer favor
para Carlinhos Cachoeira?", questionou Demóstenes.
O senador disse ainda que está sendo visto como um "bode expiatório".
“Querem me pegar porque vai ficar mal para a imagem do Senado", destacou
Demóstenes. O senador repetiu que a mentira não configura quebra de
decoro parlamentar. "Eu não menti, mas mentir não é quebra de decoro. Um
senador não pode ser julgado pelo que fala na tribuna porque senão não
sobra ninguém", atacou Demóstenes.
Antes do discurso de Demóstenes, o advogado Antônio Carlos de Almeida
Castro ocupou por 15 minutos a tribuna do Senado. Ele defendeu que
Demóstenes foi alvo de uma campanha difamatória e que é acusado por
gravações que foram feitas de forma ilegal pela Polícia Federal. Além
disso, de acordo com o advogado, os vazamentos criminosos das gravações
ocorreram com o objetivo de provocar um prejulgamento tanto na Justiça
quanto no Senado.
"Estamos aqui para falar da vida de um senador que foi submetido a
gravações iligais", disse o advogado. “Foram três anos um senador da
República gravado indevidamente, ilegalmente”, enfatizou.
O advogado apelou para que os senadores esperassem o julgamento na
Justiça para depois decidir sobre o mandato de Demóstenes. "Lá [no
julgamento na Justiça] teremos o conforto da Constituição", disse o
advogado. "A vida dá, nega e tira", ressaltou.
Almeida Castro também defendeu que a vontade dos eleitores de
Demóstenes deveria ser respeitada pelos senadores. "Mais de 2 milhões de
eleitores trouxeram para cá o senador Demóstenes Torres", disse o
advogado.
Agência Brasil
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