Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), reafirmou hoje (29) que a perda
de mandato parlamentar no caso de condenação criminal só pode ser
decretada pelo Legislativo, e não pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A discussão deve provocar polêmica nos momentos finais do julgamento da Ação Penal 470, o processo do mensalão.
“A decisão final é da Câmara dos Deputados ou do Senado, de acordo com o
caso. Mas nós vamos debater isso se de fato tiver uma opinião, uma
posição por parte do STF contrária a essa decisão”, disse Maia, que
participou da cerimônia de posse de Teori Zavascki no cargo de ministro
do STF.
De acordo com o presidente da Câmara, não há duplicidade na
interpretação da Constituição, pois a intenção do legislador era
justamente criar uma exceção no caso dos parlamentares. Em um artigo, a
Constituição diz que as pessoas condenadas criminalmente perdem direitos
políticos; em outro, fala que só o Congresso Nacional pode decretar
perda de mandato de parlamentares condenados.
“Nas cópias taquigráficas, ficou bem clara a intenção do constituinte.
Em caso de condenações criminais, em qualquer instância, a decisão
continua sendo da Câmara e do Senado”, declarou Maia, lembrando que
participaram das discussões figuras como Fernando Henrique Cardoso e
Luiz Inácio Lula da Silva, que presidiram o país, e Nelson Jobim e
Maurício Corrêa, que chegaram a ser ministros do STF. “Não foi uma
questão menor colocada na Constituição de forma gratuita, teve debate”,
completou.
Ao comentar o assunto esta tarde, o ministro Marco Aurélio Mello
sinalizou que a decisão do STF deve ser cumprida. “A partir do momento
em que saia um pronunciamento que o Supremo tem a última palavra sobre o
direito posto no sentido da perda do mandato, a decisão não fica
sujeita a uma deliberação política”, declarou.
Agência Brasil
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