Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
crise no continente. A presidenta criticou o modelo de austeridade fiscal proposto por alguns países da União Europeia que penaliza a população e não apresenta os resultados esperados. “Temos assistido, nos últimos anos, aos enormes sacrifícios por parte das populações dos países que estão mergulhados na crise:
Brasília - Em seu discurso na sessão de abertura da 22ª Cúpula de
Chefes de Estado e de Governo da Conferência Ibero-Americana, que ocorre
em Cádiz, na Espanha, a presidenta Dilma Rousseff voltou a defender o
modelo brasileiro de investimento público e abertura de mercados como
antídoto contra a crise econômica mundial.
Portugal e Espanha estão entre os países da Europa que mais têm
sofrido com os efeitos da
reduções
de salários, desemprego, perda de benefícios. As políticas exclusivas,
que só enfatizam a austeridade, vêm mostrando seus limites em virtude do
baixo crescimento. E, apesar do austero corte de gastos, assistimos ao
crescimento dos déficits fiscais e não a sua redução. Os dados e as
previsões para 2012 e 2013 mostram a elevação dos déficits e a redução
dos PIBs [produtos internos brutos]”, disse.
Para a presidenta, a simples demonstração de rigor nos gastos
públicos não é suficiente para garantir a confiança no mercado
internacional. “Confiança não se constrói apenas com sacrifícios. É
preciso que a estratégia adotada mostre resultados concretos para as
pessoas, apresente um horizonte de esperança e não apenas a perspectiva
de mais anos de sofrimento”, destacou.
Portugal e Espanha têm sofrido, não apenas com as pressões do resto
da Europa pelo rigor fiscal, mas também com uma série de manifestações
de trabalhadores contra as medidas adotadas em busca desta austeridade.
Por causa dos cortes de salários e direitos sociais, os dois países têm
enfrentado greves e confrontos entre trabalhadores e policiais.
Dilma cobrou que os países superavitários façam a sua parte para que
se normalize e a atividade econômica sadia entre os países abrindo
mercados e estimulando as importações em seus territórios. Segundo a
presidenta, os governos devem estimular o aumentar os investimentos e do
consumo tendo como objetivo a retomada do crescimento da economia
mundial.
Ela também apresentou dados sobre a economia brasileira para
demonstrar que o modelo adotado pelo Brasil apostou na inclusão
econômica e na garantia de direitos sociais para conseguir um
desenvolvimento sustentado ao longo dos últimos anos. Dilma lembrou que
os países da América Latina passaram 20 anos adotando o modelo de
austeridade proposto agora a Portugal e à Espanha.
“Quando nos reunimos em Guadalajara [México], duas décadas atrás, a
América Latina ainda vivia as consequências de sua “crise da dívida”. Os
governantes de então, aconselhados pelo Fundo Monetário Internacional
[FMI], acreditavam, erradamente, que apenas com drásticos e fortes
ajustes fiscais poderíamos superar com rapidez as gravíssimas
dificuldades econômicas e sociais nas quais estávamos mergulhados.
Levamos assim duas décadas de ajuste fiscal rigoroso, tentando digerir a
crise da dívida soberana e a crise bancária que nos afetava e, por
isso, nesse período, o Brasil estagnou, deixou de crescer e tornou-se um
exemplo de desigualdade social”, destacou.
Segundo
a presidenta, o Brasil só conseguiu pagar sua dívida e acumular
reservas, como recomendava o FMI, quando voltou a crescer. Atualmente,
de acordo com Dilma, a estratégia adotada para manter o crescimento está
centrada no investimento público em infraestrutura, estímulo à inovação
tecnológica por meio de parcerias e manutenção dos investimentos
sociais. A presidenta também lembrou que o aumento da competitividade
das empresas é um desafio para o Brasil e os países da América Latina e
propôs que a cúpula resulte em um documento que também priorize ações
voltadas para a micro e pequena empresa e o empreendedorismo.
“A cooperação e a melhoria da competitividade requerem que
asseguremos um ambiente econômico favorável às empresas parceiras de
todos os pontos do mundo, em especial me refiro aqui à Espanha, a
Portugal e, sobretudo, aos países latino-americanos, nesses
investimentos. Daremos integral prioridade às pequenas e médias empresas
e ao empreendedorismo”, disse.
A presidenta fica em Cádiz até hoje (17) participando dos debates da
22ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Conferência
Ibero-Americana. Depois, viaja para Madrid, capital da Espanha, onde
terá compromissos bilaterais.
Agência Brasil
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