Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Não é apenas a conclusão da Ação Penal 470 que ficará desfalcada com a aposentadoria do ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF), na próxima sexta-feira (16). Além de perder as discussões finais sobre as penas dos réus do mensalão, o ministro deixará para trás uma série de processos importantes que estavam sob sua responsabilidade.
Assim que assumiu a presidência, em abril deste ano, Ayres Britto
repassou para Cezar Peluso a maioria dos processos acumulados em seu
gabinete nos últimos anos – cerca de 6,2 mil. As exceções são aqueles
casos que já estavam em fase adiantada, mantidos com o ministro na
expectativa de um desfecho próximo.
Com o julgamento do mensalão, que ocupou os últimos meses de
atividade da Corte, essa expectativa acabou frustrada. A conclusão
desses processos deve ter atrasos consideráveis com a saída de Britto,
pois o novo ministro - que ainda será indicado pela presidenta Dilma
Rousseff - terá que se familiarizar com os autos antes de preparar seus
votos.
Um desses casos é a ação que questiona o ensino religioso nas
escolas públicas brasileiras. O caso chegou ao Supremo em 2010, quando o
Ministério Público Federal questionou acordo entre o Estado brasileiro e
o Vaticano que prevê o ensino de religião na rede pública do país.
Polêmico, o assunto motivou o ingresso de várias entidades interessadas,
mas ainda não houve decisão.
Britto também é o relator do fim do pagamento de pensões vitalícias a ex-governadores de estados e seus dependentes. As 12 ações, uma para cada estado, foram propostas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em 2011. Britto ficou com os casos de Sergipe e do Rio de Janeiro, que estavam prontos para julgamento desde março deste ano.
Britto também é o relator do fim do pagamento de pensões vitalícias a ex-governadores de estados e seus dependentes. As 12 ações, uma para cada estado, foram propostas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em 2011. Britto ficou com os casos de Sergipe e do Rio de Janeiro, que estavam prontos para julgamento desde março deste ano.
O ministro também não participará da etapa final do processo
envolvendo a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. O caso
foi julgado pelo STF em março de 2009, mas desde então, vários
questionamentos foram feitos sobre os efeitos da decisão. O presidente
chegou a pautar os recursos na sessão do dia 31 de outubro, mas não
houve tempo para discuti-los.
Mesmo nos casos em que já votou, a saída de Ayres Britto antes do
fim do julgamento pode influenciar o resultado, pois os relatores
assumem papel protagonista no convencimento dos colegas. Está nessa
situação a ação que pretende derrubar a Lei das Organizações Sociais, a
que questiona o novo regime de pagamento de precatórios e a que pede o
fim do uso do amianto no país.
Agência Brasil
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