Heloisa Cristaldo e Bruno Bochinni
Repórteres da Agência Brasil
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Brasília e São Paulo - O ministro da Educação, Aloizio Mercadante,
ordenou hoje (27) a instauração de processo de supervisão administrativa
na Faculdade de Ciências Humanas de Cruzeiro (Facic) e a suspensão
cautelar de processos no sistema de tramitação eletrônica dos processos
de regulamentação, o e-MEC. Caso a irregularidade seja mesmo confirmada,
a instituição poderá ser penalizada.
A medida foi tomada depois que a Operação Porto Seguro da Polícia
Federal (PF) descobriu que os proprietários da faculdade tinham acesso a
dados do e-MEC. Em nota divulgada hoje, o Ministério da Educação (MEC)
afirma que o assessor da Consultoria Jurídica da pasta Esmeraldo
Malheiros Santos e o servidor do banco de dados do ministério Márcio
Alexandre Barbosa Lima, investigados pela operação da PF, foram
afastados de suas funções. Uma comissão de sindicância vai investigar o
envolvimento dos dois nos fatos relatados pela PF.
A Operação Porto Seguro foi deflagrada para desarticular uma
organização criminosa infiltrada em órgãos federais. Segundo a PF, um
grupo de servidores e agentes privados tinham a intenção de cooptar
funcionários de órgãos públicos para acelerar o andamento de
procedimentos técnicos ou elaborar pareceres para beneficiar os
interessados do esquema criminoso.
O MEC disse, na nota, que as medidas tomadas contra a mantenedora da
Facic, a Educa, e também contra a faculdade, são de ordem
administrativa, e que as atividades pedagógicas devem continuar
normalmente, sem qualquer prejuízo aos estudantes. Segundo o ministério,
a Facic, localizada no interior de São Paulo, não oferece bolsas do
Programa Universidade para Todos (ProUni) ou do Fundo de Financiamento
Estudantil (Fies).
Ainda segundo a nota, Márcio Alexandre Barbosa Lima tinha senha de
acesso ao sistema e-MEC, com perfil apenas de consulta, sem
possibilidade de alterar dados.
Nesta terça-feira, a procuradora da República que coordenou a
investigação conjunta no Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo,
Suzana Fairbenks, disse que a quadrilha tinha acesso a dados do MEC. Ela
afirmou que Paulo Vieira, investigado pela Operação Porto Seguro, é
dono da Facic e também professor de direito administrativo da faculdade.
Vieira, no entanto, não aparece oficialmente na Facic, segundo Suzana
Fairbenks.
A procuradora disse ainda que a responsável legal pela Educa é a esposa de Vieira e, que, teoricamente, é a Educa quem mantém a Facic. Suzana Fairbenks trabalha ainda com a possibilidade de que a faculdade seja uma forma de lavar o dinheiro da quadrilha ou, ainda, que a instituição seja produto do crime.
A procuradora disse ainda que a responsável legal pela Educa é a esposa de Vieira e, que, teoricamente, é a Educa quem mantém a Facic. Suzana Fairbenks trabalha ainda com a possibilidade de que a faculdade seja uma forma de lavar o dinheiro da quadrilha ou, ainda, que a instituição seja produto do crime.
“Só que, na verdade, o dinheiro que a mantém [a faculdade], há
fortes indícios de que ele venha do produto desses crimes, de corrupção.
Pode ser que sim [a faculdade existir para lavar dinheiro]. A lavagem,
se realmente se comprovar essa ligação, e essa ligação tem de ser feita
em uma investigação específica, se comprovar essa cadeia do dinheiro, aí
indica que, realmente, a faculdade pode ser lavagem. Mas a faculdade
também pode ser produto do crime”, disse Suzana.
Agência Brasil
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