quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Reflexões sobre a herança do presidente do STF

 
Por Válber Almeida


REFLEXÕES SOBRE A HERANÇA MALDITA DO PRESIDENTE DO STF

O comportamento do Ayres Brito precisa ser analisado e compreendido em duas direções: o do fortalecimento do judiciário e o do fortalecimento da chamada "Grande Imprensa", os dois poderes nos quais, coincidentemente, refugiou-se a direita brasileira. A herança do ministro, no STF, não deixa dúvidas. O caso "mensalão", em última instância, teve por consequência a fragilização da segurança jurídica e o fortalecimento do poder judiciário, notadamente do STF, em relação aos outros poderes  constituídos.  Por sua vez, as decisões do ministro em favor da liberdade de imprensa concorreram diretamente para blindar, legalmente, a "Grande Imprensa" não apenas contra as investidas judiciais de pessoas, agentes públicos, empresas e instituições vítimas dos crimes por ela cometidos, como também contra as decisões de tribunais inferiores que serviam de trincheira de resistência. Nestes tribunais, sempre foi maior a possibilidade de conseguir direito de resposta e reparos mínimos aos danos causados à sua honra por pessoas vítimas dos crimes de imprensa.
Confundiu, como bem nota o Nassif, o direito à informação com a liberdade de imprensa, mas, assim procedendo, transferiu a sacralidade do direito à informação para a liberdade de imprensa e destituiu o direito à informação de qualquer sacralidade, o que significa que a "Grande Imprensa" pode noticiar o que bem entender, agir do modo como bem a interessar, sem compromisso com a ética ou com a verdade. Em outras palavras, a "Grande Imprensa" teve reconhecido como sagrado o seu direito de manipular, inventar e dirtorcer informações, sem compromisso com a formação de uma consciência cidadã por parte dos seus leitores, com a história do país e com a democracia. De outro modo, o ministro Ayres Brito blindou a "Grande Imprensa" ao colocar os seus interesses comerciais e políticos acima dos interesses da sociedade, ao colocar estes compromissos acima dos compromissos com a democracia, com a cidadania e com a história.  Em todos estes aspectos, o ministro Ayres Brito deixará o Brasil pior: deixará a democracia mais vulnerável, deixará um judiciário e uma imprensa mais selvagens, e estes elementos atrofiam a cidadania no país.


Blog do Luis Nassif

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