Do G1
Ministro do STF autoriza depoimento de Cachoeira a CPI
Celso de Mello reconsiderou decisão tomada na última semana.
Depoimento do contraventor à comissão está marcado para esta terça-feira.
Marcelo Parreira
Do G1, em Brasília
Depoimento do contraventor à comissão está marcado para esta terça-feira.
Marcelo Parreira
Do G1, em Brasília
O ministro Celso de Mello autorizou o depoimento de Carlos Augusto
Ramos, o Carlinhos Cachoeira, à CPI aque investiga as relações do
contraventor com políticos e empresas. Com isso, fica mantida a previsão
de que Cachoeira seja ouvido pelos parlamentares na audiência marcada
para esta terça-feira.
A decisão de Celso de Mello é mais um capítulo na série de embates
jurídicos que se desenrolaram ao longo da última semana entre a defesa
de Cachoeira e a CPMI. Primeiro, os advogados alegaram que a comissão
havia negado o acesso aos dados das investigações sobre o contraventor
que estão em posse dos parlamentares, provocando o chamado "cerceamento
da defesa".
O argumento convenceu o ministro, e na decisão proferida na última
segunda-feira, Celso de Mello criticou a restrição. "A unilateralidade
do procedimento de investigação parlamentar não confere, à CPI, o poder
de negar, em relação ao indiciado, determinados direitos e certas
garantias que derivam do texto constitucional", dizia o texto. Celso
suspendeu o depoimento até análise do pedido pelo plenário do Supremo
Tribunal Federal ou caso algum fato novo relativo ao tema ocorresse.
Como resposta, a comissão aprovou no dia seguinte - quando seria
realizada originalmente a audiência com Cachoeira - o acesso da defesa
aos dados, mas no mesmo formato permitido aos parlamentares integrantes
da CPMI: por meio dos computadores colocados à disposição em uma sala de
acesso restrito no Senado Federal. A comunicação do fato foi feita ao
ministro, que se mostrou disposto a reanalisar a decisão.
Os advogados de Cachoeira, no entanto, utilizaram a sala por menos de
três horas na última semana, o que levou o presidente da comissão,
senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), a liberar o acesso deles também durante
o fim de semana. Não foi suficiente. "Não adianta entrar na sala no fim
de semana. Não dá para examinar na CPI. Teríamos que passar anos na
sala. Não tem ferramenta de busca. Os próprios deputados e senadores
sabem a dificuldade em acessar", afirmou na última sexta-feira Dora
Cavalcanti, uma das advogadas do contraventor. Este foi um dos
argumentos utilizados pela defesa ao pedir que fosse mantida a suspensão
do depoimento.
A defesa argumentava que não conseguiria analisar antes da audiência
os mais de 90 mil áudios e 15 mil páginas do inquérito da Polícia
Federal com a investigação. Eles pediam também cópias dos documentos e
um prazo de três semanas contado a partir da retirada das informações,
para que fosse remarcado o depoimento. Os argumentos, no entanto, não
convenceram o ministro, e o depoimento do contraventor previsto para
esta terça-feira está mantido.
Blog do Luis Nassif
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