Em setembro de 2008, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar
Mendes procurou o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva – hoje
acusado por ele de sugerir ajuda na CPI do Cachoeira em troca do
adiamento do mensalão – para denunciar o suposto uso de grampos ilegais
pela Abin (Agencia Brasileira de Inteligência). Leia mais clicando AQUI.
Para “provar” a irregularidade, a revista Veja publicou uma irrelevante conversa entre Mendes e o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).
A suspeita, jamais confirmada, provocou estragos: derrubou o
ex-delegado Paulo Lacerda da chefia da Abin e enterrou as provas da
Operação Satiagraha, que pouco antes havia levado para a prisão o
banqueiro Daniel Dantas.
Quase quatro anos depois, Mendes voltou à carga contra Lacerda,
acusando-o de espalhar informações falsas sobre ele para o ex-presidente
Lula. Entre as “informações falsas” estaria a suspeita de que o
ministro foi até Berlim em viagem paga pelo contraventor Carlinhos
Cachoeira, pivô da CPI que investiga a relação de políticos e
empresários com o jogo do bicho.
Nesta quarta-feira 30, Lacerda reagiu. Em entrevista ao site Terra Magazine, o ex-diretor-geral da Polícia Federal afirmou que, se Mendes realmente fez tal afirmação, “ele foi leviano e mente”.
Lacerda negou proximidade com o ex-presidente Lula, disse que não o
vê há anos, e lembrou que hoje trabalha numa associação de empresas de
segurança privada. Negou também conhecer o araponga Idalberto Matias
Araújo, braço direito de Cachoeira – e que, segundo Mendes, era homem de
confiança de Lacerda.
“Não trabalho com nada, nada de investigação, e quem me conhece e à minha vida hoje sabe disso.”
Lacerda se disse espantado com o “tipo de informações” recebidas pelo
ministro, que segundo ele deram base à crise toda. “Se as informações
que ele diz ter recebido são dessas mesmas fontes, se foram essas fontes
e informações que o levaram a dizer o que anda dizendo nos últimos
dias, tá explicado porque ele está dizendo essas coisas e dessa forma.
Ele, de novo, mais uma vez, está totalmente mal informado.”
E completou: “impressiona e é preocupante como um ministro do Supremo não se informa antes de dizer esses absurdos”.
Para Lacerda, o ministro do STF está “exaltado, sem controle”.
O ex-delegado afirmou ainda que a CPI do Cachoeira será uma “ótima
oportunidade” para esclarecer o caso dos grampos ilegais jamais provados
que derrubaram a Satiagraha.
Carta Capital
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