Por Weden
As duas "teses" da grande imprensa (a partir da matéria da Veja)
sobre o suposto "crime de chantagem" praticado por Lula contra Gilmar
Mendes foram desmentidas, ontem, pelo ministro do Supremo Tribunal
Federal em entrevista para a Globo.
As declarações ganharam edições distintas.
As teses eram: 1) Lula pediu o adiamento do julgamento do "mensalão"; 2) Em troca, ofereceu blindagem a Gilmar Mendes.
O problema é que, no jornalismo, quando se quer sustentar a propaganda, até a notícia é sacrificada.
Vamos à decupagem do Jornal Nacional:
“Não houve nenhum pedido específico do presidente em relação ao
mensalão. Manifestou um desejo, eu disse da dificuldade que o tribunal
teria. Ele não pediu a mim diretamente. Disse: ‘O ideal era que isso não
fosse julgado’. Então eu disse: ‘Não, vamos torcer para que haja um
julgamento, e é tudo que o tribunal quer, e essa é a minha posição em
matéria penal, é muito conhecida.”
Ou seja, uma conversa comum. Lula expressou o desejo de que o
julgamento não fosse esse ano. Gilmar manteve sua opinião de que deveria
ser logo.
Cadê a pressão? Cadê o pedido de adiamento?
Já na Globonews, Gilmar diz textualmente que não houve oferta de blindagem. Vamos às transcrições:
(A repórter pergunta): "Em algum momento (houve) a situação realmente
de oferecer uma blindagem em relação às investigações que ocorrem no
caso Carlinhos Cachoeira?"
(Resposta de Gilmar): "Não. Isso não se coloca dessa forma".
Ao final do texto, a matéria do JN reafirma: "Os ministros do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli,
Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski confirmaram que tiveram encontros
com o ex-presidente Lula, mas negaram ter sofrido qualquer tipo pressão
por parte dele."
Exatamente o que diz a nota de Lula, que não negou o encontro, não
negou a conversa, mas não confirma nem oferta de blindagem e nem pedido
de adiamento.
Mas...
No dia seguinte, vem o Globo e mancheta:
"Guerra de versões entre Lula e Gilmar desafia CPI e Supremo".
Manteve-se a propaganda. Sacrificou-se a notícia.
Blog do Luis Nassif
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