domingo, 27 de maio de 2012

Celso de Melo, a leviandade de um decano

 
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É inacreditável no que está se transformando o Supremo Tribunal Federal (STF).
De um decano da casa, de quem se esperaria um comportamento moderado, lê-se essa barbaridade: uma entrevista agressiva, toda ela focada em um fato que o próprio entrevistado admite não estar confirmado. "Se confirmada (a conduta de Lula)"... e passa a tecer toda sorte de considerações. Se Lula fosse presidente e se esses fatos tivessem ocorrido... Com essas elucubrações, Celso de Melo mergulha de cabeça no mais prosaico modelo de manipulação de raciocínios, a análise de hipóteses não comprovadas, comportamento indigno de um Ministro do STF. 
Se confirmado que Celso de Melo assassinou sua mãe, ele seria um matricida; se confirmado que ele prevaricou, seria um prevaricador.  Onde se está? Que exemplo esses doutos senhores querem passar para a magistratura, para os juizes de todas as instâncias? Como aceita formular todos esses julgamentos em cima de hipóteses?
Depois dessas barbaridades, ainda fala em "posição de neutralidade"? Não se pensa na imagem do STF, na isenção que deve guardar, no fato de magistrados evitarem politizar posições ou apelar para passionalismos?
Do Blog do Noblat

Celso de Melo: se fosse presidente, Lula seria passível de impeachment

Entrevista-bomba de Celso de Melo, o ministro com mais tempo de casa no Supremo Tribunal Federal (STF), será pubicada ainda esta noite pelo site Consultor Jurídico.
O que Celso de Melo diz sobre o encontro de Lula com Gilmar Mendes no último dia 26 de abril na casa em Brasília do ex-ministro Nelson Jobim:
* Essa conduta do ex-presidente da República, se confirmada, constituirá lamentável expressão do grave desconhecimento das instituições republicanas e de seu regular funcionamento no âmbito do Estado Democrático de Direito. O episódio revela um comportamento eticamente censurável, politicamente atrevido e juridicamente ilegítimo.
* Se ainda fosse presidente da República, esse comportamento seria passível de impeachment por configurar infração político-administrativa, em que seria um chefe de poder tentando interferir em outro.
* Tentar interferir dessa maneira em um julgamento do STF é inaceitável e indecoroso. Rompe todos os limites da ética. Seria assim para qualquer cidadão, mas mais grave quando se trata da figura de um presidente da República.
* Ele mostrou desconhecer a posição de absoluta independência dos ministros do STF no desempenho de suas funções.
* A Ação Penal será julgada por todos de maneira independente e isenta, tendo por base exclusivamente as provas dos autos. A abordagem do ex-presidente é inaceitável.
* Sem falar no caráter indecoroso é um comportamento que jamais poderia ser adotado por quem exerceu o mais alto cargo da República.
* A resposta do ministro Gilmar Mendes foi corretíssima e mostra a firmeza com que os ministros do STF irão examinar a denúncia na Ação Penal que a Procuradoria-Geral da República formulou contra os réus. É grave e inacreditável que um ex-presidente da República tenha incidido nesse comportamento.
* Surpreendente essa tentativa espúria de interferir em assunto que não permite essa abordagem. Não se pode contemporizar com o desconhecimento do sistema constitucional do País nem com o desconhecimento dos limites éticos e jurídicos.
* Episódio grave e inqualificável sob todos os aspectos. Um gesto de desrespeito por todo o STF.
* Confirmado esse diálogo entre Lula e Gilmar, o comportamento do ex-presidente mostrou-se moralmente censurável. Um gesto de atrevimento, mas que não irá afetar de forma alguma a isenção, a imparcialidade e a independência de cada um dos ministros do STF.
* Um episódio negativo e espantoso em todos os aspectos. Mas que servirá para dar relevo à correção com que o STF aplica os princípios constitucionais contra qualquer réu, sem importar-se com a sua origem social e que o tribunal exerce sua jurisdição com absoluta isenção e plena independência.
* Será um julgamento em que se observará todos os parâmetros que a ordem jurídica impõe a qualquer órgão do Judiciário. Por isso mesmo se mostra absolutamente inaceitável esse ensaio de intervenção sem qualquer legitimidade ética ou jurídica praticado pelo ex-presidente da República que não guarda qualquer legitimidade ética ou jurídica. Um comportamento estranho e surpreendente.
* A resposta do ministro Gilmar foi a que dele se esperava. Ele agiu com absoluta altivez. É um episódio anômalo na história do STF.
* De qualquer maneira, não mudará nada. Esse comportamento, por mais censurável, não afetará a posição de neutralidade, absolutamente independente com que os ministros do STF agem. Nenhum ministro permitirá que se comprometa a sua integridade pessoal e funcional no desempenho de suas funções nessa Ação Penal.

Blog do Luis Nassif

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