Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Ao atender hoje (22) à convocação da Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, o empresário goiano Carlos
Augusto de Almeida Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, decidiu
não responder às perguntas dos integrantes da comissão e seu silêncio
irritou os parlamentares, que chegaram a propor que a sessão fosse
encerrada.
Orientado por seus advogados, o empresário disse que estava respondendo
a uma investigação na Justiça e, por isso, se reservava ao direito de
ficar calado. "Estou aqui como manda a lei para responder o que for
necessário. Constitucionalmente, fui advertido por meus advogados para
não dizer nada e não falarei nada aqui. Somente depois da audiência que
eu terei com o juiz, se eu, porventura, achar que eu devo contribuir, eu
virei aqui para falar", disse o empresário.
Cachoeira está preso desde o dia 29 de maio, como resultado das
atividades da Operação Monte Carlo da Polícia Federal, que investigou
sua possível ligação com jogos ilegais e o comando, por parte do
empresário, de uma rede criminosa envolvendo agentes públicos e
privados. Com uma aparência mais magra, o empresário chegou ao Senado
escoltado pela polícia, vestindo um terno cinza e de gravata.
De início, a posição de Cachoeira já irritou alguns deputados. O
relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), que havia preparado mais
de 100 perguntas para fazer ao empresário, preferiu não fazê-las diante
da opção de silêncio de Cachoeira. “Prefiro reservá-las para outra
ocasião”, disse o relator.
O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) reclamou: "O depoente não
pode achar que aqui tem um bando de palhaço", disse. O senador Álvaro
Dias (PSDB-PR) também se disse preocupado com a imagem que os senadores e
deputados poderiam passar ao terem suas perguntas ignoradas pelo
depoente. Diante disso, concordou com a sugestão de suspender a reunião.
"Não imaginamos que imagem estamos passando para a população. Que
estamos aqui diante de um marginal, que sai da Papuda para vir para cá e
mantém-se com a arrogância dos livres. Não creio que devemos continuar
com esse depoimento. Da minha parte, formulei algumas perguntas, mas as
reservarei para outra oportunidade. Não farei indagação alguma, porque
respostas não há", disse Álvaro Dias.
Já o deputado Rubens Bueno (PPS-PR) chegou a fazer algumas perguntas,
que foram respondidas por Cachoeira com a repetida frase: "calado,
senhor". Irritado, o deputado retrucou: "gostaria de dizer ao senhor
Cachoeira que nós não somos teu [sic]", disse Rubens Bueno, referindo-se
à mensagem trocada na semana passada, via celular, entre o deputado
Cândido Vaccarezza (PT-SP) e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio
Cabral (PMDB). Vaccarezza foi flagrado, pelo canal de televisão SBT,
durante reunião da comissão, passando mensagem para Cabral,
tranquilizando-o que as investigações da CPMI não o atingiriam.
Na sessão desta terça, Cachoeira chegou a responder às críticas de
deputados e senadores ao seu silêncio. "Houve um pedido para que os
senhores reavaliassem a nossa vinda aqui. Quem forçou foram os
senhores", disse.
A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) chegou a propor que se encerrasse a
sessão convocada para ouvir o depoimento do empresário e, em seguida, os
trabalhos fossem reiniciados como parte de sessão administrativa, onde
poderiam ser votados requerimentos para quebra de sigilo e outras
convocações. Alguns parlamentares alegaram ainda que o silêncio de
Cachoeira, antecedido por várias perguntas de cada parlamentar da CPMI,
estava servindo de munição para a defesa do empresário em futuras ações
judiciais.
Agência Brasil
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