Em nota oficial, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou
nesta segunda 28 a suposta conversa reservada entre ele e o ministro do
STF Gilmar Mendes. A conversa, segundo a publicação da Editora Abril,
seria uma sugestão de proteção a Mendes na CPI do Cachoeira em troca de
apoio para adiar o julgamento do Mensalão – Mendes tem relações com
Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), senador lobista do bicheiro Carlinhos
Cachoeira no Congresso Nacional.
Diz a nota da assessoria do ex-presidente: “Luiz Inácio Lula da Silva
jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do Supremo ou da
Procuradoria Geral da República em relação a ação penal do chamado
Mensalão, ou a qualquer outro assunto da alçada do Judiciário ou do
Ministério Público, nos oito anos em que foi presidente da República.”
O encontro com Mendes ocorreu fortuitamente no escritório do
ex-ministro de Lula, Nelson Jobim, mas, segundo as partes envolvidas, a
discussão levantada pela Veja nunca existiu.
No sábado 26, ao ser questionado pelo jornal O Estado de S.Paulo
sobre o episódio, Jobim reagiu: “O quê? De forma nenhuma, não se falou
nada disso. O Lula fez uma visita para mim, o Gilmar estava lá. Não
houve conversa sobre o mensalão.”
O ex-ministro do STF Sepúlvedas Pertence também foi citado na revista
como um interlocutor de Lula junto à ministra do STF Cármen Lúcia. Diz a
Veja: “Lula revelou (na reunião com Gilmar Mendes) que encarregaria o
amigo Sepúlveda Pertence de conversar sobre o processo com a ministra
Cármen Lúcia, do STF.” A conversa teria o objetivo de pressionar também
Cármen Lúcia a adiar o julgamento do Mensalão até que este prescrevesse.
Nesta segunda-feira, também Sepúlvedas Pertence negou ao site Direito Global ter recebido qualquer pedido do tipo de Lula. “Particularmente sobre matéria da revista Veja,
o ex-presidente da República jamais me falou sobre o chamado processo
do “mensalão”: ele sabe que eu não me prestaria a fazer pedido à
ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, nem ela aceitaria qualquer conversa
mi nha a propósito. Por esse respeito mútuo, é que somos tão amigos.”,
diz Pertence.
Abaixo, segue a nota de Lula aos jornalistas:
“NOTA À IMPRENSA
São Paulo, 28 de maio de 2012
Sobre a reportagem da revista Veja publicada nesse final de semana,
que apresenta uma versão atribuída ao ministro do STF, Gilmar Mendes,
sobre um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia
26 de abril, no escritório e na presença do ex-ministro Nelson Jobim,
informamos o seguinte:
1. No dia 26 de abril, o ex-presidente Lula visitou o ex-ministro
Nelson Jobim em seu escritório, onde também se encontrava o ministro
Gilmar Mendes. A reunião existiu, mas a versão da Veja sobre o teor da
conversa é inverídica. “Meu sentimento é de indignação”, disse o
ex-presidente, sobre a reportagem.
2. Luiz Inácio Lula da Silva jamais interferiu ou tentou interferir
nas decisões do Supremo ou da Procuradoria Geral da República em relação
a ação penal do chamado Mensalão, ou a qualquer outro assunto da alçada
do Judiciário ou do Ministério Público, nos oito anos em que foi
presidente da República.
3. “O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do
chamado Mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu
indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar
qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja”,
afirmou Lula.
4. A autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público
sempre foram rigorosamente respeitadas nos seus dois mandatos. O
comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo,
agora que não ocupa nenhum cargo público.
Assessoria de Imprensa do Instituto Lula.”
Carta Capital
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