segunda-feira, 28 de maio de 2012

Lula nega versão da Veja sobre encontro com Gilmar Mendes

Em comunicado oficial, Lula nega ter pressionado Gilmar Mendes sobre o julgamento do mensalão, como sustenta a revista da Editora Abril. Foto: José Cruz/ABr

Em nota oficial, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou nesta segunda 28 a suposta conversa reservada entre ele e o ministro do STF Gilmar Mendes. A conversa, segundo a publicação da Editora Abril, seria uma sugestão de proteção a Mendes na CPI do Cachoeira em troca de apoio para adiar o julgamento do Mensalão – Mendes tem relações com Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), senador lobista do bicheiro Carlinhos Cachoeira no Congresso Nacional.
Diz a nota da assessoria do ex-presidente: “Luiz Inácio Lula da Silva jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do Supremo ou da Procuradoria Geral da República em relação a ação penal do chamado Mensalão, ou a qualquer outro assunto da alçada do Judiciário ou do Ministério Público, nos oito anos em que foi presidente da República.”
O encontro com Mendes ocorreu fortuitamente no escritório do ex-ministro de Lula, Nelson Jobim, mas, segundo as partes envolvidas, a discussão levantada pela Veja nunca existiu.
No sábado 26, ao ser questionado pelo jornal O Estado de S.Paulo sobre o episódio, Jobim reagiu: “O quê? De forma nenhuma, não se falou nada disso. O Lula fez uma visita para mim, o Gilmar estava lá. Não houve conversa sobre o mensalão.”
O ex-ministro do STF Sepúlvedas Pertence também foi citado na revista como um interlocutor de Lula junto à ministra do STF Cármen Lúcia. Diz a Veja: “Lula revelou (na reunião com Gilmar Mendes) que encarregaria o amigo Sepúlveda Pertence de conversar sobre o processo com a ministra Cármen Lúcia, do STF.” A conversa teria o objetivo de pressionar também Cármen Lúcia a adiar o julgamento do Mensalão até que este prescrevesse.
Nesta segunda-feira, também Sepúlvedas Pertence negou ao site Direito Global ter recebido qualquer pedido do tipo de Lula. “Particularmente sobre matéria da revista Veja, o ex-presidente da República jamais me falou sobre o chamado processo do “mensalão”: ele sabe que eu não me prestaria a fazer pedido à ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, nem ela aceitaria qualquer conversa mi nha a propósito. Por esse respeito mútuo, é que somos tão amigos.”, diz Pertence.
Abaixo, segue a nota de Lula aos jornalistas:

 “NOTA À IMPRENSA
 
São Paulo, 28 de maio de 2012

Sobre a reportagem da revista Veja publicada nesse final de semana, que apresenta uma versão atribuída ao ministro do STF, Gilmar Mendes, sobre um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 26 de abril, no escritório e na presença do ex-ministro Nelson Jobim, informamos o seguinte:
1. No dia 26 de abril, o ex-presidente Lula visitou o ex-ministro Nelson Jobim em seu escritório, onde também se encontrava o ministro Gilmar Mendes. A reunião existiu, mas a versão da Veja sobre o teor da conversa é inverídica. “Meu sentimento é de indignação”, disse o ex-presidente, sobre a reportagem.
2. Luiz Inácio Lula da Silva jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do Supremo ou da Procuradoria Geral da República em relação a ação penal do chamado Mensalão, ou a qualquer outro assunto da alçada do Judiciário ou do Ministério Público, nos oito anos em que foi presidente da República.
3. “O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado Mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja”, afirmou Lula.
4. A autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público sempre foram rigorosamente respeitadas nos seus dois mandatos. O comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum cargo público.

Assessoria de Imprensa do Instituto Lula.”

Carta Capital

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