Washington Post diz que inteligência americana coordena envio de armamento pesado e moderno para derrubar Al Assad
Efe
Membros do grupo de 300 observadores da ONU se reúnem em hotel de Damasco; enquanto chegam, armas são enviadas aos rebeldes
O governo dos Estados Unidos está ajudando países do Golfo Pérsico a enviar armamentos pesados e modernos para a oposição na Síria, que há 14 meses tenta derrubar o regime do presidente Bashar Al Assad. A revelação é de uma reportagem publicada nesta quarta-feira (16/05) pelo jornal Washington Post, que atribui a informação a rebeldes sírios e funcionários do governo norte-americano.
Segundo o jornal, o envio de armas e munição tem se intensificado nas últimas semanas, período em que entrou em vigor um plano de paz negociado pelo ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, com autorização do Conselho de Segurança da ONU. “Estamos aumentando nossa assistência não-letal à oposição síria, e continuamos a coordenar nossos esforços com amigos e aliados na região para ter maior impacto no que estamos fazendo coletivamente”, teria dito um alto funcionário do Departamento de Estado americano.
As principais portas de entrada dos armamentos seriam as fronteiras com a Turquia e com o Líbano, ainda de acordo com o jornal. Os principais financiadores dessa operação seriam os governos da Arábia Saudita e do Catar, além de outros países do Golfo Pérsico.
O reforço bélico fornecido aos rebeldes teria sido o grande fator para o aumento da violência nas últimas semanas, após as forças de segurança leais a Assad terem anunciado o controle sobre a situação, em meio à aplicação do plano de Annan. Na semana passada, um atentado a bomba matou 55 pessoas em um prédio do governo em Damasco. Nesta segunda-feira (15/05), 23 soldados do exército sírio foram mortos durante a tomada de uma base militar por forças rebeldes na cidade de Rastan, próxima a Homs.
Não é a primeira vez que o apoio estrangeiro aos opositores sírios, em especial por parte dos Estados Unidos, é revelado. Um despacho da diplomacia americana publicado pelo Wikileaks, mostrou que desde o início do governo Bush, os EUA financiam atividades da oposição, por meio de uma campanha chamada “Anunciando a Democracia na Síria”.
Segundo o Washington Post, esse auxílio aos rebeldes representaria uma mudança na posição do governo Obama sobre o conflito, que teria deixado de apostar em uma solução negociada, para reconhecer a possibilidade de um longo conflito armado no país.
A interferência estrangeira no conflito sírio também já foi critica publicamente pelo governo da Rússia, o último grande aliado de Assad, que, ao lado da China barrou a aprovação de resoluções contra o país no Conselho de Segurança da ONU. O governo russo teme que a situação na Síria caminhe para um desfecho semelhante ao ocorrido na Líbia, quando potências ocidentais bombardearam o país para depor o coronel Muamar Kadafi.
Além do envio de armas para os rebeldes nos principais focos de confrontos, especialmente nas cidades de Homs, Allepo e Damasco, autoridades americanas também estariam fomentando negociações com a população do leste da Síria, uma região pouco habitada e onde não foram registrados muitos conflitos. A idéia seria a preparação de uma segunda frente de batalha contra o governo.
O conflito na Síria ainda pode entrar em discussão na próxima reunião da OTAN, a aliança do Atlântico Norte. Apesar de a organização já ter afirmado que não se envolveria no conflito sírio, ao contrário do que ocorreu na Líbia, o governo turco estaria propenso a pedir ajuda aos outros países membros caso veja ameaças na sua fronteira.
Opera Mundi
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