Estudo comprova a admiração do escritor pela Ku Klux
Klan, que usava métodos violentos contra os negros nos Estados Unidos
A revista dados, publicação acadêmica editada pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipesp-Uerj), resgata na edição 56, a polêmica de 2010, em torno das obras infantis do escritor Monteiro Lobato. Artigo assinado pelos professores João Feres Júnior, Leonardo Fernandes Nascimento e Zena Winona Eisenberg não deixa dúvidas: os contos escritos por ele disseminam preconceito.
Lobato, um influente autor brasileiro do
século XX, era racista de perigosa influência nos bancos escolares,
consumido com avidez pelas crianças. Porém... “Há evidências suficientes
para afirmar que (...) Monteiro Lobato era de fato racista (...) foi
membro da Sociedade Eugênica de São Paulo e amigo pessoal de expoentes
da eugenia no Brasil, como os médicos Renato Kehl (1889-1974) e Arthur
Neiva (1880-1943).
Uma carta escrita por Lobato a Neiva, em 1928,
desmancha dúvidas dos mais intransigentes. Eis um trecho dela, conforme o
original: “Paiz de mestiços onde o branco não tem força para organizar
uma Kux-Klan, é paiz perdido para altos destinos. André Siegfried resume
numa phrase as duas attitudes. ‘Nós defendemos o front da raça branca –
diz o Sul – e é graças a nós que os Estados Unidos não se tornaram um
segundo Brazil’. Um dia se fará justiça ao Klux Klan (...) que mantem o
negro no seu lugar”.
O estudo não foi provocado pela passagem
do 125º aniversário do 13 de maio e, sim, pela controvérsia de 2010, que
envolveu diretamente o Ministério da Educação a partir,
especificamente, do livro Caçadas de Pedrinho, que contém trechos
como este: “Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos,
trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro de São Pedro acima, com
tal agilidade que parecia nunca ter feito outra coisa na vida...”; ou
este outro: “Não vai escapar ninguém, nem tia Nastácia, que tem carne
preta”.
O MEC tem o livro no catálogo do Programa Nacional Biblioteca na Escola. Anotam os autores que, no livro Reinações de Narizinho,
Nastácia é chamada “negra de estimação” e Lobato se refere a ela “56
vezes usando o termo a negra”. No confronto, a imprensa, segundo os
autores, “assumiu uma postura normativa e militante” com uma forte
tendência a “atribuir a responsabilidade” diretamente à “linha
ideológica do PT”.
O tema, como é comum no Brasil, acabou carnavalizado. Um
tradicional bloco de foliões da zona sul carioca desfilou, inclusive, de
camiseta ilustrada com desenho conciliador do cartunista mineiro
Ziraldo. Reações inúteis. Lobato não poderia escrever sem o peso da
crença no aprimoramento genético por meio de cruzamentos seletivos em
que acreditava.
Vetar a publicação? Nunca. Os pais têm o direito de
comprar as obras do autor e, com elas, presentear os filhos. Pelo
aniversário ou por qualquer outra razão.
Mas o poder público não pode propagar a visão racista de Monteiro Lobato.
Andante nosso
Funeral do “mensalão” I
Aspas para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel:
Aspas para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel:
“Não se pode presumir, sem que tenha havido a respectiva
condenação judicial, que outros parlamentares foram beneficiados pelo
esquema e, em troca, venderam seus votos para a aprovação da Emenda nº
41”.
Esse parecer de Gurgel de terça-feira 14,
contrário à anulação da Reforma da Previdência por suposta compra de
votos, é o epitáfio do “mensalão”.
Funeral do “mensalão” II
O PSOL alegou junto ao Supremo que a compra de votos “comprovada” no julgamento da Ação 470 anularia a emenda aprovada.
O PSOL alegou junto ao Supremo que a compra de votos “comprovada” no julgamento da Ação 470 anularia a emenda aprovada.
Somente sete parlamentares que votaram a
Reforma da Previdência foram condenados e Gurgel alegou ser um número
“insuficiente” para dar quórum ou para comprovar que o “mensalão”
realmente influenciou a votação para alterar o resultado.
Gurgel desarmou o mecanismo de
funcionamento do crime sem provas sustentado por ele na acusação e na
qual se basearam ministros do STF.
Apoiado nesse argumento falso, o “psolismo” foi para o ralo.
Um Silva inusitado
No dia 30 de abril, a Secretaria Nacional de Justiça fez a primeira 2ª via de Certificado de Naturalização, com acréscimo de nome em razão de casamento homoafetivo.
No dia 30 de abril, a Secretaria Nacional de Justiça fez a primeira 2ª via de Certificado de Naturalização, com acréscimo de nome em razão de casamento homoafetivo.
Naturalizado brasileiro desde 1982, o
requerente José Evaristo de Faria contraiu matrimônio, em 2012, com
Laércio Teixeira e incorporou o “Silva” do cônjuge.
O acontecimento é inédito no País. O Silva é apenas mais um brasileiro.
Cabral: guerra à vista
É tenso o clima político no lar de Rosinha e Anthony Garotinho. Ele pressiona Rosinha, prefeita de Campos (RJ), para ela disputar o governo do estado por onde passou (2003-2007).
É tenso o clima político no lar de Rosinha e Anthony Garotinho. Ele pressiona Rosinha, prefeita de Campos (RJ), para ela disputar o governo do estado por onde passou (2003-2007).
Eleito deputado com 700 mil votos, Garotinho tem força
para transferir votos no interior, área política de Luiz Fernando Pezão,
candidato de Sérgio Cabral (PMDB).
Se Rosinha ceder, competirá, pelo segundo turno, com
Lindberg Farias (PT). De qualquer forma, os dois unirão forças contra
Pezão. Encurralado, o governador ameaça tirar o apoio a Dilma. Por ora, limita-se a divulgar que jantou recentemente com o tucano FHC.
Pastoreio
Dilma perdeu um galho da árvore de partidos que a elegeram em 2010. O Partido Social Cristão (PSC) lançou o nome do pastor Everaldo Pereira à Presidência.
Dilma perdeu um galho da árvore de partidos que a elegeram em 2010. O Partido Social Cristão (PSC) lançou o nome do pastor Everaldo Pereira à Presidência.
Perde, em termos de tempo de campanha, 1
minuto e 17 segundos e ganha liberdade para enfrentar francamente a
questão do aborto e evitar subir ao palanque com o pastor Marco
Feliciano.
O objetivo do PSC é crescer. Quer aumentar a bancada no
Congresso e, informalmente, usam o lema: “Time que não joga não tem
torcida”. No caso de pastores cada ovelha é um torcedor.
Eu vi
Às 23h33 da noite de quarta-feira 15 surgiu um rodapé branco na tela da TV Câmara, chamado tecnicamente de “foguete”, onde se lia: “Hoje é dia de palhaços”. Para a TV Câmara pode ter sido interferência da operadora.
Pode ser, mas o Dia do Palhaço é comemorado a 10 de dezembro.
Se perguntar não ofende...
Então não custa dirigir à Justiça de Alagoas a pergunta de Ana Luiza Marcolino: “Como é que se termina um julgamento e não aparece o culpado pelo crime?”
Então não custa dirigir à Justiça de Alagoas a pergunta de Ana Luiza Marcolino: “Como é que se termina um julgamento e não aparece o culpado pelo crime?”
Ela é irmã de Suzana, namorada de PC
Farias, mortos enquanto dormiam, em 1996. PC foi tesoureiro da campanha
de Fernando Collor à Presidência, em 1989.
Carta Capital
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