Da Rede Brasil Atual
Segundo Vagner Freitas, deputado Paulinho da Força (PDT-SP) defende interesses dos empresários ao criticar proposta do governo
Sindicalistas reunidos com o governo federal na primeira Mesa de Diálogo, ontem (14), anunciaram apoio à MP
Rio de Janeiro – O presidente da CUT, Vagner Freitas, reafirmou hoje
(15) o apoio da central sindical à proposta costurada pelo governo para a
Medida Provisória 595, que altera a atual Lei dos Portos e cria regras
para futuras concessões à gestão privada das atividades portuárias no
país. Freitas lembrou que a CUT, juntamente com UGT, CBT e Nova Central
assinaram uma nota de apoio à MP e lamentou a postura adotada pela Força
Sindical, que rejeitou a proposta do governo e convocou greve nos três
portos que controla (Santos, Rio de Janeiro e Paranaguá).
“Nós fizemos uma carta de apoio à MP, com a garantia que o governo
nos deu de que os trabalhadores podem trabalhar tanto no porto novo
quanto no porto velho e que, acima de tudo, a contratação dos
trabalhadores tem de ser feita por meio de negociação com o sindicato.
Aumentar o papel do sindicato nesse processo é extremamente importante
para a CUT. Nós conseguimos fazer uma unidade entre todas as centrais.
Mas, lamentavelmente, houve essa influência do deputado Paulo Pereira”,
diz o presidente da CUT.
Freitas acusa o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva,
o Paulinho (PDT-SP), de jogar confusão sobre a discussão. “Na
realidade, ele está utilizando essa questão da greve para tentar
defender os interesses que ele tem e que outros têm nas questões
comerciais do porto e não nas questões relativas aos interesses dos
trabalhadores. Como ele tem dupla função, como presidente de central e
deputado, acaba confundindo a ação. Ora é presidente de central, ora
defende os interesses dos empresários, o que faz parte da função de um
deputado. Só que ele acaba confundindo os trabalhadores com sua
atuação.”
As centrais, segundo Freitas, não aceitaram nenhum prejuízo aos
trabalhadores: “O que nós discutimos com o senador Eduardo Braga
(PMDB-AM) ficou assegurado na redação do relatório da comissão mista.
Qualquer coisa que aconteça ao contrário, aí sim, nós entraremos com
toda a radicalidade necessária para defender os interesses dos
trabalhadores, mas agora isso não está acontecendo. O Paulinho está
forçando a barra”, diz.
O presidente da CUT conta o que ocorreu na negociação com o governo:
“Ontem (14), no final da reunião das centrais com o governo, o deputado
Paulo Pereira veio dizer que tinha de ser feita uma mudança na redação
de um dos tópicos da MP. Pediu a mudança dos parágrafos que, segundo
ele, não contemplariam a discussão dos trabalhadores. Ele argumentou
que, da forma como está escrito, não se garante que os trabalhadores
possam trabalhar tanto no porto novo quanto no porto velho. O governo
assegurou, através da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais),
que estava absolutamente garantido aquilo que nós negociamos com o
senador Eduardo Braga. Os trabalhadores podem trabalhar tanto no porto
antigo quanto no porto novo. Isso é uma garantia que nós estabelecemos,
mas o Paulinho insistia em dizer que não estava contemplado no acordo”.
Freitas também criticou a exigência, feita pela Força Sindical, de
que os trabalhadores portuários tenham que ser contratados por
intermédio do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo): “O Ogmo é uma entidade
constituída entre patrão e empregado que obrigatoriamente contrata todo
o serviço. E o sindicato é remunerado, por isso que ele está tentando
manter isso. O governo desde o início disse que não queria o Ogmo e
concordou que a contratação deve ser feita diretamente pelo sindicato”.
“O Paulinho está defendendo o interesse do Ogmo, que é o interesse do
empresariado e não dos trabalhadores. Queremos dizer que a CUT não tem
nada a ver com isso, nós queremos é que o trabalhador tenha direito de
trabalhar no porto novo e no porto antigo. Isso deve ser tratado pelo
sindicato, pois a questão de Ogmo é questão de empresário. Eles dizem
que o Ogmo é essencial porque têm interesses empresariais e comerciais
nisso. Os trabalhadores podem ser contratados como seletivos ou avulsos,
mas isso tem que ser feito pelo sindicato”, acrescenta Freitas.
O essencial, segundo a CUT, foi construir uma medida provisória que não traga prejuízos aos
trabalhadores: “Nós conseguimos colocar coisas
importantes na medida, sem dúvida nenhuma. A CUT e as demais centrais
trataram de cuidar da questão dos trabalhadores na MP. As outras
questões referentes ao interesse do empresariado e dos estados também
são importantes, mas não devem ser prioritários para uma central
sindical”.
Greve na estiva
A greve dos estivadores em Santos atingiu pelo menos dez das 30 embarcações comerciais atracadas no cais do porto hoje (15). A
paralisação foi deflagrada ontem em protesto contra a MP dos Portos. Em
Paranaguá (PR), hoje as atividades foram normalizadas.
Segundo a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), das 37
embarcações atracadas hoje no porto de Santos, 30 são comerciais e pelo
menos dez foram atingidas pela greve. Das 30 embarcações comerciais,
cinco estavam atracadas em terminais privativos e a Codesp não têm
informações sobre a movimentação neste terminais.
Blog do Luis Nassif
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