terça-feira, 16 de abril de 2013

Aquartelado, Maduro cria "comando antigolpe"

Situação política na Venezuela se deteriora; presidente empossado ontem avisa do Quartel da Montanha, onde acredita-se que pernoitou, que vai ativar o que chamou de "comando antigolpe"; para Nicolás Maduro, atos de vandalismo registrados em Caracas e outras cidades, atribuídos à coordenação do adversário Henrique Capriles, "entraram em uma fase enlouquecida"; manifestantes alegam fraudes nas eleições de domingo e exigem recontagem de votos; dentro do quartel, Maduro foi taxativo: "Quem vier pela via violenta, encontrará o Estado"; risco de guerra civil? 
 
 
247 _ A situação política na Venezuela está se deteriorando velozmente. Centenas de oposicionistas ao presidente empossado ontem, o chavista Nicolás Maduro, estão nas ruas de Caracas e outras cidades do país promovendo quebra-quebras e atos de vandalismo. Aos gritos de "fraude" e exigindo recontagem dos votos dados nas eleições presidenciais do último domingo, não dão mostrar de que pretendem recuar facilmente. Para a quarta-feira 17, uma grande manifestação popular, marcada pelo adversário derrotado Henrique Capriles, já está marcada para a capital.
Encerrado no Quartel da Montanha, o presidente Maduro vai mandando recados duros à oposição. Ele informou a criação do que chamou de "comando antigolpe" e alertou que "aos que vierem com violênc ia encontrarão o Estado". Situação se agrava e pode sair do controle, derivando até mesmo para uma guerra civil.
Abaixo, noticiário da Agência Brasil e da rede Brasil Atual:
Leandra Felipe
Enviada Especial da Agência Brasil/EBC
Caracas - O presidente eleito da Venezuela, Nicolás Maduro, informou que o país vai ativar o "comando antigolpe" para enfrentar os protestos da oposição que insiste no pedido de recontagem total dos votos da eleição do último domingo (14). Partidários de Henrique Capriles prometem novos protestos para hoje (16). Para amanhã (17), está prevista uma grande marcha com destino à sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em Caracas. O CNE aponta que Maduro obteve 50,75% dos votos e Capriles, 48,97%.
Na noite de ontem (15), vários protestos, com panelaços e buzinaços, foram registrados em Caracas e em outras cidades. Nas ruas, era comum ouvir os gritos de "fraude, fraude, recontem os votos!"
À noite, Maduro se manteve no Quartel da Montanha. "Estão saindo da Constituição e da lei. Entraram em uma fase enlouquecida", comentou. Ele informou que houve mortes e feridos e endureceu o tom contra os manifestantes. "Quem vier pela via violenta, encontrará o Estado", alertou.
A tensão pode ser sentida fortemente no país e influencia o cotidiano da população. Na noite de ontem, taxistas evitavam circular pelas partes de Caracas com maior presença da oposição. Não era possível, por exemplo, fazer saques em dinheiro em caixas eletrônicos, segundo a população local, por falta de abastecimento.
As redes sociais também refletem o momento tenso. Partidários do governo pedem cadeia a Henrique Capriles e a oposição insiste nas denúncias de "fraude" e no pedido de recontagem dos votos. Agora pela manhã o clima é de aparente tranquilidade, mas os panelaços e buzinaços foram mantidos ontem até por volta da meia-noite.
O governo contabiliza manifestações com queimas de casas do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) e protestos em pelo menos cinco estados. O oposicionista Henrique Capriles manteve a convocação para as marchas e protestos contra a decisão de não verificar os votos, mas pede que as ações sejam realizadas em paz.
A presidenta do CNE, Tibisay Lucena, informou, durante a cerimônia de proclamação de Maduro, que a auditoria, chamada de "verificação cidadã", já foi realizada no país por amostragem. O CNE não divulgou detalhes da verificação por amostragem.
O chefe da missão observadora da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Carlos Alvares, pediu ontem à noite respeito aos resultados eleitorais. O governo convoca a população para atos de apoio à juramentação do presidente eleito, marcada para sexta-feira (19).
Edição: Lílian Beraldo
Rede Brasil Atual _O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, informou na madrugada de hoje (16) que vai pedir ao Parlamento uma investigação sobre a responsabilidade de Henrique Capriles nos distúrbios e atos de violência que ocorreram em todo o país desde o anúncio da vitória eleitoral de Nicolás Maduro, no domingo (14).
"Nesta manhã solicitaremos que a Assembleia Nacional dê início a uma averiguação penal contra Capriles pela violência gerada em todo o país", escreveu Cabello em sua conta no Twitter.
Diversos grupos de opositores antichavistas realizaram protestos em vários estados venezuelanos, atacando instalações de centro médicos populares e incendiando sedes regionais do governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela). Além disso, foram registrados pela polícia diversos disparos feitos por apoiadores de Henrique Capriles contra chavistas.
O estopim para a violência teria sido o pedido do candidato derrotado para que os opositores de Nicolás Maduro não aceitassem o resultado da eleição e pressionassem o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) pela recontagem de votos.
A AVN (Agência Venezuelana de Notícias) afirmou que dois jovens morreram na cidade de Baruta, no Estado de Miranda, onde grupos armados atacaram os simpatizantes do chavismo.
O governador do Estado de Táchira, José Vielma Mora, denunciou a morte de um jovem, que foi assassinado com três disparos feitos por armas de fogo após discutir com grupos armados antichavistas.
O presidente eleito da Venezuela, Nicolás Maduro, já havia denunciado ontem (15) que setores da oposição estão provocando atos de  violência com o intuito de desestabilizar o novo governo. Como resposta, Maduro convocou a população para "combater em paz", com "mobilizações em todo o país".


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