Situação política na Venezuela se deteriora; presidente empossado ontem
avisa do Quartel da Montanha, onde acredita-se que pernoitou, que vai
ativar o que chamou de "comando antigolpe"; para Nicolás Maduro, atos de
vandalismo registrados em Caracas e outras cidades, atribuídos à
coordenação do adversário Henrique Capriles, "entraram em uma fase
enlouquecida"; manifestantes alegam fraudes nas eleições de domingo e
exigem recontagem de votos; dentro do quartel, Maduro foi taxativo:
"Quem vier pela via violenta, encontrará o Estado"; risco de guerra
civil?
247 _ A situação política na Venezuela está se deteriorando
velozmente. Centenas de oposicionistas ao presidente empossado ontem, o
chavista Nicolás Maduro, estão nas ruas de Caracas e outras cidades do
país promovendo quebra-quebras e atos de vandalismo. Aos gritos de
"fraude" e exigindo recontagem dos votos dados nas eleições
presidenciais do último domingo, não dão mostrar de que pretendem recuar
facilmente. Para a quarta-feira 17, uma grande manifestação popular,
marcada pelo adversário derrotado Henrique Capriles, já está marcada
para a capital.
Encerrado no Quartel da Montanha, o presidente Maduro vai mandando
recados duros à oposição. Ele informou a criação do que chamou de
"comando antigolpe" e alertou que "aos que vierem com violênc ia
encontrarão o Estado". Situação se agrava e pode sair do controle,
derivando até mesmo para uma guerra civil.
Abaixo, noticiário da Agência Brasil e da rede Brasil Atual:
Leandra Felipe
Enviada Especial da Agência Brasil/EBC
Enviada Especial da Agência Brasil/EBC
Caracas - O presidente eleito da Venezuela, Nicolás Maduro, informou
que o país vai ativar o "comando antigolpe" para enfrentar os protestos
da oposição que insiste no pedido de recontagem total dos votos da
eleição do último domingo (14). Partidários de Henrique Capriles
prometem novos protestos para hoje (16). Para amanhã (17), está prevista
uma grande marcha com destino à sede do Conselho Nacional Eleitoral
(CNE) em Caracas. O CNE aponta que Maduro obteve 50,75% dos votos e
Capriles, 48,97%.
Na noite de ontem (15), vários protestos, com panelaços e buzinaços,
foram registrados em Caracas e em outras cidades. Nas ruas, era comum
ouvir os gritos de "fraude, fraude, recontem os votos!"
À noite, Maduro se manteve no Quartel da Montanha. "Estão saindo da
Constituição e da lei. Entraram em uma fase enlouquecida", comentou. Ele
informou que houve mortes e feridos e endureceu o tom contra os
manifestantes. "Quem vier pela via violenta, encontrará o Estado",
alertou.
A tensão pode ser sentida fortemente no país e influencia o cotidiano
da população. Na noite de ontem, taxistas evitavam circular pelas
partes de Caracas com maior presença da oposição. Não era possível, por
exemplo, fazer saques em dinheiro em caixas eletrônicos, segundo a
população local, por falta de abastecimento.
As redes sociais também refletem o momento tenso. Partidários do
governo pedem cadeia a Henrique Capriles e a oposição insiste nas
denúncias de "fraude" e no pedido de recontagem dos votos. Agora pela
manhã o clima é de aparente tranquilidade, mas os panelaços e buzinaços
foram mantidos ontem até por volta da meia-noite.
O governo contabiliza manifestações com queimas de casas do Partido
Socialista Unido de Venezuela (PSUV) e protestos em pelo menos cinco
estados. O oposicionista Henrique Capriles manteve a convocação para as
marchas e protestos contra a decisão de não verificar os votos, mas pede
que as ações sejam realizadas em paz.
A presidenta do CNE, Tibisay Lucena, informou, durante a cerimônia de
proclamação de Maduro, que a auditoria, chamada de "verificação
cidadã", já foi realizada no país por amostragem. O CNE não divulgou
detalhes da verificação por amostragem.
O chefe da missão observadora da União de Nações Sul-Americanas
(Unasul), Carlos Alvares, pediu ontem à noite respeito aos resultados
eleitorais. O governo convoca a população para atos de apoio à
juramentação do presidente eleito, marcada para sexta-feira (19).
Edição: Lílian Beraldo
Rede Brasil Atual _O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela,
Diosdado Cabello, informou na madrugada de hoje (16) que vai pedir ao
Parlamento uma investigação sobre a responsabilidade de Henrique
Capriles nos distúrbios e atos de violência que ocorreram em todo o país
desde o anúncio da vitória eleitoral de Nicolás Maduro, no domingo
(14).
"Nesta manhã solicitaremos que a Assembleia Nacional dê início a uma
averiguação penal contra Capriles pela violência gerada em todo o país",
escreveu Cabello em sua conta no Twitter.
Diversos grupos de opositores antichavistas realizaram protestos em
vários estados venezuelanos, atacando instalações de centro médicos
populares e incendiando sedes regionais do governista PSUV (Partido
Socialista Unido da Venezuela). Além disso, foram registrados pela
polícia diversos disparos feitos por apoiadores de Henrique Capriles
contra chavistas.
O estopim para a violência teria sido o pedido do candidato derrotado
para que os opositores de Nicolás Maduro não aceitassem o resultado da
eleição e pressionassem o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) pela
recontagem de votos.
A AVN (Agência Venezuelana de Notícias) afirmou que dois jovens
morreram na cidade de Baruta, no Estado de Miranda, onde grupos armados
atacaram os simpatizantes do chavismo.
O governador do Estado de Táchira, José Vielma Mora, denunciou a
morte de um jovem, que foi assassinado com três disparos feitos por
armas de fogo após discutir com grupos armados antichavistas.
O presidente eleito da Venezuela, Nicolás Maduro, já havia denunciado
ontem (15) que setores da oposição estão provocando atos de violência
com o intuito de desestabilizar o novo governo. Como resposta, Maduro
convocou a população para "combater em paz", com "mobilizações em todo o
país".
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