Do O Globo
Distância do campo ao porto seria 1.000 km menor e navios que vão para a China poupariam 6 dias
Especialistas são unânimes em afirmar que parte da solução para o
caos no escoamento de grãos está na criação de corredores logísticos que
unam o Centro-Oeste ao Norte e Nordeste. Ao fazer isso, o país
economizaria tempo, não apenas no trajeto da fazenda ao porto - já que a
distância entre o principal polo produtor e o litoral seria encurtada
em cerca de mil quilômetros -, como também no caminho até os principais
países consumidores. Estimativas apontam que o tempo do navio que vai do
Brasil à China, líder no consumo da soja brasileira, seria reduzido em
seis dias, considerando a ida e a volta. Isso daria vantagem competitiva
aos produtos brasileiros em relação a seus concorrentes internacionais.
Hoje, 92% da soja que é exportada são escoados por portos no Sudeste e
no Sul e apenas 8% pelo Nordeste, mais especificamente pelo Porto de
Itaqui, no Maranhão. No caso do farelo da soja, essa distribuição não
muda muito. Apenas 6% do total não saem pelo Sudeste, segundo a
Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Governo promete soluções
Para viabilizar a saída de grãos pelo Norte, uma das opções é a
pavimentação da BR-163, que liga Guarantã do Norte (MT) a Santarém (PA),
considerada "intransitável".
- Com a pavimentação, poderíamos escoar mais 20 milhões de toneladas
de soja e farelo por ano - estima Daniel Furlan Amaral, gerente de
economia da Abiove, ressaltando ainda a importância da ferrovia
Norte-Sul, há mais de 20 anos no papel.
As hidrovias Tapajós-Teles Pires e Tocantins-Araguaia também seriam
alternativas para viabilizar o escoamento da safra de Mato Grosso.
- Belém, Vila do Conde, Santarém (todos no Pará) e Macapá (AP) tinham
de ser os portos mais movimentados para a soja, não apenas por causa
dos ganhos internos, mas também pela competitividade externa: um navio
da China ao Pará economizaria seis dias, na comparação com portos do
Sudeste - diz José Mário da Silva, presidente da Comissão de Direito
Marítimo e Portuário da OAB/PA.
O Ministério dos Transportes diz que o primeiro trecho da BR-163
ficará pronto ainda este ano, mas a pavimentação completa só será
concluída em 2016, ao custo de R$ 2 bilhões. Quanto à ferrovia
Norte-Sul, um trecho de 693 quilômetros que une Anápolis (GO), Palmas
(TO) e Açailândia (MA), com acesso ao Porto de Itaqui, sairá do papel
até 2014, com orçamento de R$ 3,3 bilhões. A Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq) informa que as hidrovias de Tapajós e de
Tocantins já têm orçamento de R$ 31 milhões. Para Tapajós, os recursos
incluem obras de dragagem, sinalização, entre outros. O projeto de
Tocantins está mais atrasado. Os recursos são para estudos de
implantação de terminais em Marabá (PA), à beira da hidrovia. (Danielle
Nogueira e Henrique Gomes Batista) .
Blog do Luis Nassif
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