Nada dá certo para as oposições faz tempo. Elas tentam, se esforçam,
mobilizam seus vastos recursos e as coisas não acontecem. Seu pior
pesadelo parece prestes a se materializar.
A tomar pelo que dizem os eleitores, quando perguntados sobre como
pretendem votar na próxima eleição, Dilma Rousseff se reelegerá sem
grandes problemas. Prognosticar sua vitória não é difícil para quem
conhece um mínimo da sociedade brasileira.
Ela tem tudo para vencer:
a) A “inércia reeleitoral”, que beneficia até governantes mal
avaliados (quem não se lembra dos muitos governadores e prefeitos que,
apesar de enfrentarem sérias dificuldades, terminaram vencendo?).
b) Faz um governo bem avaliado, aprovado por quatro em cada
cinco brasileiros (quem preferiria mudar, estando satisfeito com o que
tem? Se há uma coisa em que o eleitor acredita é que mais vale um
pássaro na mão do que dois voando).
c) Tem uma imagem pessoal muito positiva, é querida pela ampla
maioria dos eleitores, que gostam de seu jeito de ser e se portar como
presidenta (algum de seus possíveis adversários chega sequer perto do
que ela alcança no julgamento da atuação pessoal?).
d) É conhecida e aprovada pela quase totalidade do eleitorado,
não precisa perder tempo para se apresentar ao País (qual de seus
oponentes em potencial pode dizer o mesmo, uma vez que todos existem em
nichos regionais ou ideológicos?).
Confirmado o favoritismo, Dilma será a quarta chefe de governo eleita
pelo PT em sequência. Ao cabo de seu segundo mandato, chegaremos a 16
anos de hegemonia petista na política brasileira.
O que será da atual geração de lideranças oposicionistas em
2018? Quantas estarão ainda em condições de atrair a atenção dos
eleitores? Quantos de seus jovens terão envelhecido? Quantos dos atuais
“formadores de opinião”, na mídia conservadora, estarão ainda na ativa?
(A maioria é tão velha que, entre aposentados e falecidos, é possível
que restem poucos).
A gravidade do quadro que as oposições enfrentam voltou a ser
confirmada na semana passada, quando uma nova pesquisa do Datafolha a
respeito da sucessão presidencial foi divulgada. Ela não trouxe novidade
em relação ao que se sabia desde o início de 2012. Exatamente por isso,
foi uma ducha de água fria no ânimo dos partidos da oposição e nos
segmentos “antilulopetistas” da opinião pública.
Apesar dos esforços diários e da militância radicalizada da mídia de
direita, Dilma fica cada vez melhor na corrida eleitoral. Enquanto isso,
seus adversários patinam ou retrocedem. Entre dezembro de 2012 e março
deste ano, ela foi de 54% a 58%, na vizinhança dos 60%, patamar onde
outras pesquisas já a haviam colocado. Marina Silva (sem partido) e
Aécio Neves (PSDB-MG) perderam 2% cada um, ela de 18% para 16% e ele de
12% para 10%.
Mais frustrante para a mídia foi, no entanto, o modesto
crescimento do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Depois de
“bombado” incessantemente na mídia, foi de escassos 4% a escassos 6%.
Uma simples aritmética mostra que os três não mudaram seu tamanho total: somavam 34%, em dezembro, e foram a 32%, em março. No máximo, o que teria ocorrido seria uma pequena reacomodação no terço do eleitorado que não pretende votar na presidenta: Campos tirou uma lasquinha de Marina e de Aécio.
Em votos válidos (a conta relevante para especular sobre vitórias em
primeiro turno), Dilma teria, hoje, perto de 64%. Muito próximo de
alcançar, sozinha, o dobro da soma dos demais.
Significa que “já ganhou”, que vencerá no primeiro turno? Claro que
não, e seria um equívoco se sua assessoria interpretasse assim a
pesquisa. Mas que os resultados do Datafolha foram uma decepção para as
oposições, disso não há dúvida.
O que lhes resta fazer?
O circo armado em torno do julgamento do “mensalão” foi inútil do
ponto de vista eleitoral. O PT não perdeu espaço em 2012 e nada indica
que será afetado em 2014.
A tese da incompetência gerencial da presidenta, à qual se dedicaram
assim que perceberam o insucesso anterior, não tem adeptos na maioria da
opinião pública. Ao contrário, os brasileiros se mostram cada vez mais
satisfeitos com o desempenho do governo.
A valorização dos possíveis adversários não comove os eleitores de
Dilma. Campos, seu mais dileto produto na atualidade, permanece com
números de nanico.
Quando pesquisas como essa são publicadas, ficam tristes e devem
pensar no “povinho” que Deus pôs no Brasil. O problema é que não podem
trocá-lo. Ou será que vão procurar prescindir dele na hora de decidir
quem vai mandar?
Marcos Coimbra
Carta Capital
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