por Mauro Santayana, em seu blog
Vamos aceitar o fato de que a vitória de Nicolas Maduro sobre
Henrique Capriles, domingo, na Venezuela, foi muito apertada. É preciso
recordar as evidentes fraudes na Flórida, em favor de Bush, em 2000, e a
decisão da Suprema Corte confirmando a sua espúria vitória – sem a
devida recontagem dos votos. O governo norte-americano agora se nega a
reconhecer o resultado do pleito na Venezuela e anuncia “consultas” com a
OEA e a União Européia, enquanto exige a recontagem estrita dos
sufrágios.
A Espanha, que continua com a presunção de que os latino-americanos
são seus súditos, contestou os resultados eleitorais, exigindo também a
recontagem e colocando em dúvida a lisura do pleito, em pronunciamento
de sua chancelaria. Maduro, em reação explicável diante da crônica das
tumultuadas relações recentes entre Caracas e Madri, mandou chamar seu
embaixador na Espanha para consultas, e ameaçou tomar todas as medidas
contra a ingerência espanhola – o que levou o Ministro de Relações
Exteriores da Espanha, Garcia Margallo, a amenizar suas declarações e a
declarar que houvera um mal entendido. Na realidade, a Espanha espera
ganhar algum tempo, enquanto aguarda as ordens de Washington.
Em Madri houve quem se lembrasse da vitória de Aznar sobre Felipe
González – que conduziu o país à guinada para a direita – por apenas
300.000 votos, quase a mesma diferença entre Maduro e Capriles, sem
esquecer que a população espanhola é de 47 milhões de habitantes e, a da
Venezuela, de cerca de 30 milhões. Ninguém, em nenhuma “democracia”
ocidental, contestou a vitória de Aznar sobre Gonzalez.
Na Espanha é comum que, nas municipalidades, de cinco a dez votos decidam as eleições.
Se os Estados Unidos e a OEA persistirem na mesma atitude de
contestar o resultado eleitoral e de apoio incondicional a Capriles,
estaremos diante de uma crise diplomática complicada. O Brasil, que,
como outros países do mundo, acompanha as eleições na Venezuela de
perto, com os seus observadores, reconheceu o novo governo, em
manifestação pessoal da Presidente Dilma Roussef, em telefonema a
Maduro. A Colômbia e o México também o fizeram no primeiro momento. A
Unasul também o fez.
O sistema eleitoral na Venezuela se faz com os votos eletrônicos
sendo impressos e colocados em uma urna. De acordo com a lei, 54% dos
votos impressos são contados – se a relação corresponder aos votos
eletrônicos, considera-se legítimo o resultado total.
De que autoridade ética dispõem os Estados Unidos, para avaliar a
democracia alheia, quando mantêm o campo de concentração de Guantánamo,
em que há prisioneiros, sem julgamento, há quase tanto tempo quanto
durou o regime de Hitler?
Os “caprilistas” começaram a matar nas ruas de Caracas. O que
ocorrer, depois disso, será responsabilidade daqueles que os açulam.
Viomundo
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