publicado em 23 de novembro de 2013 às 19:47
por Luiz Carlos Azenha
Quando aloprados petistas supostamente tentaram comprar um dossiê
contra José Serra, na campanha eleitoral de 2006, e foram pegos em
flagrante com dinheiro vivo, a notícia dominou as semanas finais da
campanha.
O fato culminou com o vazamento das fotos do dinheiro apreendido para
a mídia na antevéspera do primeiro turno, a tempo de estrelar o Jornal Nacional e as capas de jornais.
A mídia não se debruçou sobre os bastidores do acontecimento. Não se
apurou se, como sustenta o repórter Amaury Ribeiro Jr., os petistas
caíram numa cilada da inteligência da campanha tucana; nem apurou como
se deu o vazamento das fotos, da qual a mídia foi co-partícipe.
Não fosse por um certo blog chamado Viomundo,
hospedado então na Globo.com, provavelmente a gravação da conversa
entre o delegado da Polícia Federal que vazou as fotos e jornalistas
jamais teria sido noticiada. Depois que o fizemos, a Globo se sentiu na
obrigação de revelar que tinha tido acesso à conversa gravada — e
publicou uma transcrição no portal G1. Mas não saiu no Jornal Nacional. Nunca.
Podemos dizer que o mesmo aconteceu quando foi revelada a relação
íntima entre o bicheiro — desculpem, empresário do ramo farmacêutico —
Carlinhos Cachoeira e a revista Veja. Noticiou-se a
prisão do bicheiro e o envolvimento dele com o senador Demóstenes
Torres, mas a mídia não ocupou suas manchetes com a relação incestuosa
entre fonte e publicação.
Agora, repentinamente, o critério mudou. A mídia se interessa pelos
bastidores da investigação do propinoduto que atingiu em cheio o
tucanato paulista. Logo isso vai se tornar ainda mais importante que o
desvio de centenas de milhões de reais. É só esperar para ver.
As indicações preliminares são de que as investigações do Cade e da
Polícia Federal acertaram em cheio o esquema de financiamento de
campanha de um certo partido.
A mídia corporativa tem noticiado o escândalo envolvendo Siemens e
Alstom, mas com cuidado para não sugerir que chegamos ao caixa das
campanhas tucanas em São Paulo.
Aécio Neves, conforme a manchete acima, vem em socorro dos paulistas.
Ganha pontos com Geraldo Alckmin e José Serra. E dá o tom para a
cobertura midiática, que começou com o Estadão, passou pela Globo e, como se vê acima, chegou à Folha.
A ideia é dizer que o presidente do Cade, que foi assessor do então
deputado estadual Simão Pedro, de alguma forma forçou a barra para
investigar o propinoduto tucano. Dizer que as instituições federais
estão sendo usadas politicamente pelo PT para prejudicar adversários.
A ideia é lançar uma espessa cortina de fumaça, sob a qual José
Serra, Geraldo Alckmin e os tucanos paulistas possam bater em retirada. A
ideia é simular uma conspiração petista, como se não tivesse havido
cartel, nem envolvimento do alto tucanato, nem corrupção, nem desvio de
dinheiro público, nem superfaturamento.
Quando eu vi a reportagem abaixo, no Jornal Hoje, da Globo, tive certeza de que a menção ao petista Simão Pedro, bem no miolo, não era de graça!
Viomundo
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