30 de Dezembro de 2013 | 17:34 Autor: Miguel do Rosário
Escrevo há uns quinze anos sobre política, de maneira quase
ininterrupta, e tendo ideais progressistas, sempre fui crítico à grande
imprensa brasileira. No entanto, nunca me deparei com um grau de
degradação tão avassalador como vejo nos últimos dias. O Globo insiste
nos “privilégios” dos presos petistas, sem refletir que, ao fazer esse
tipo de campanha, contradiz a si mesmo. Afinal, que raio de privilégio é
esse em ser achincalhado diariamente nos jornais, mesmo após estar
preso injustamente?
Através do Globo, agora já sabemos os negócios de todos os familiares dos proprietários do hotel que empregará José Dirceu.
Enquanto isso, a imprensa trata com inexplicável discrição aquele
que pode ser o maior escândalo das últimas décadas, rivalizando até
mesmo com o trensalão paulista.
O Ministério Público de Minas Gerais vai propor, nos próximos dias,
uma Ação Civil Pública, para investigar repasses do governo do estado,
na gestão de Aécio Neves, para a empresa Limeira Agropecuária e
Participações Ltda, proprietária do helicóptero apreendido com meia
tonelada de pó. Os repasses aconteceram em 2009, 2010 e 2011.
Achei reportagens
do ano passado com informações sobre suspeitas do Ministério Público
contra a Limeira, empresa dos Perrela. O MP apurava possível contratação
irregular, sem licitação, pelo governo do estado, além de
superfaturamento. A compra da fazenda Guará (a mesma onde o helicóptero
foi apreendido), avaliada em R$ 60 milhões, também estava sob a mira dos
procuradores, visto que o bem havia sido ocultado pelo senador Zezé
Perrela.
Hoje há uma matéria no Globo sobre o tema, mencionando as suspeitas
do Ministério Público, mas sem chamada na primeira página e sem qualquer
citação ao partido do governo do estado, e às relações quase íntimas
entre os Perrela e o provável candidato do PSDB à presidência da
república, Aécio Neves. A reportagem informa que o senador Zezé Perrela
(PDT-MG) também pagou com sua verba de gabinete o combustível usado no
famoso helicóptero. Zezé e Gustavo, pai e filho, estão cada vez mais
enredados no caso.
O assunto não é interessante? Um possível presidente da república ser
tão próximo de políticos suspeitos de serem grandes traficantes de
cocaína não é do interesse da nossa imprensa “livre”, “independente”,
“profissional”? Será que mais uma vez, os blogueiros terão que assumir a
dianteira dessa investigação, com grande risco pessoal?
Tijolaço
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