No entanto, candidatura do presidente do Supremo
Tribunal Federal serviria apenas para desmoralizar o julgamento da Ação
Penal 470, comprovando que ele nunca foi juiz, mas sempre um político
que usou a toga como trampolim pessoal
247 – Os ataques do PT à conduta de Joaquim
Barbosa nas prisões dos condenados da AP 470 sinalizam o temor que o
presidente do STF possa se candidatar em 2014. É o que acredita a
colunista Dora Kramer, do Estadão. Por outro lado, entrada na eleição
pode indicar que julgamento foi político. Leia:
Ataque preventivo
Bastaram dois dias em dependências da Polícia Federal enquanto
milhares de presos cumprem pena em regime fechado por falta de vagas no
semiaberto (sem direito a visitas fora dos dias estabelecidos), para que
as prisões de José Dirceu, José Genoino e companhia se transformassem
em ícone da mais insidiosa agressão aos direitos humanos.
Petistas juntaram-se em ataques ao presidente do Supremo Tribunal
Federal, Joaquim Barbosa, que estaria, por essa ótica, imbuído de má-fé,
investido na condição de déspota e exclusivamente pautado pelo desejo
de subir ao panteão dos heróis nacionais no ato de execução das penas.
De repente é isso mesmo, mas a reação foi desproporcional, como se
explodisse uma panela de pressão. Calados desde que o partido percebeu
que não seria uma boa estratégia ir contra a corrente do sucesso popular
de Barbosa, realizado o prejuízo, os petistas soltaram a fúria
represada.
Alguns o fizeram em estado de delírio, comparando "togas da ditadura"
a "togas que criminalizam dirigentes do PT que não cometeram crime
algum". Como não? Então os 13 absolvidos, entre os 40 réus da denúncia
original, não são inocentes, são protegidos do STF?
A ofensiva, corroborada por parlamentares e dirigentes do PT, poderia
ser vista como uma agressão institucional ao Supremo. Mas, vejamos o
cenário por uma perspectiva menos grave, a eleitoral.
Pelo tom, exacerbado e sem efeito prático porque o que está feito
está feito, dá a impressão de que o PT está mais preocupado com a
possibilidade de Joaquim Barbosa entrar na política - sejamos claros,
decidir se candidatar a presidente, governador ou senador - do que
propriamente com o encaminhamento dos trâmites para a execução das penas
dos companheiros.
Este processo está concluído, os condenados têm bons advogados e
notoriedade suficientes para que não sejam vítimas de rigores abusivos.
Pelo menos não sem que haja repercussão pública.
Já a eleição, esta vem por aí. Do ponto de vista do magistrado, seria
quase uma insanidade Barbosa entrar. Daria razão às críticas de que
atua com propósitos outros.
Mas, como nunca se sabe, o PT está com jeito de quem acha melhor prevenir que depois remediar.
Não dito. A decisão do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves,
de abrir processo de cassação contra o deputado José Genoino, não
contraria apenas a ordem do Supremo sobre a extinção automática dos
mandatos dos condenados no mensalão.
Contraria a palavra dele mesmo. Depois da absolvição de Natan
Donadon, Henrique Alves disse que não levaria cassações a exame enquanto
não fosse votado o fim do voto fosse secreto.
Uma de duas: ou ele se arrependeu de ter confiado na disposição da
Casa em quebrar o sigilo para o caso de cassações ou está confiante
demais na possibilidade de os deputados instituírem o voto aberto entre a
abertura e a chegada do processo ao plenário.
Vitrine. A última pesquisa Ibope registra redução significativa nos
índices de intenção de votos de Marina Silva e Eduardo Campos em relação
aos registrados logo após o anúncio da aliança entre os dois.
Nada aconteceu de lá para cá que justifique a queda. A não ser a
diluição do impacto da surpreendente decisão da ex-senadora de se filiar
ao PSB.
Evidência de que no momento as pesquisas têm mais relação com a
exposição dos pré-concorrentes e da capacidade deles de gerar fatos
políticos do que propriamente com decisão de voto baseada no exame de
forma de conteúdo de cada um.
Brasil 247
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