Ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal
Federal, disse acreditar que o ex-presidente sabia da existência do
chamado mensalão, suposto esquema de compra de apoio parlamentar montado
em sua gestão: "Eu não posso imaginar que alguém atilado como é o
ex-presidente Lula, safo como eu disse, não tivesse conhecimento do que
estava ocorrendo na República. Será que durante os oito anos [de
mandato] ele delegou tanto a chefia do governo?"
247 – A AP 470 encerrou no final de semana com
as prisões midiáticas dos principais personagens do julgamento, os
petistas José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino. No entanto, o
desfecho parece não ter satisfeito o ministro Marco Aurélio Mello, que
agora elege o ex-presidente Lula como o próximo alvo.
Em entrevista ao blog do Josias de Souza,
o ministro Marco Aurélio Mello disse acreditar que Lula sabia da
existência do chamado mensalão, esquema de compra de apoio parlamentar
montado em sua gestão. “Eu não posso imaginar que alguém atilado como é o
ex-presidente Lula, safo como eu disse, não tivesse conhecimento do que
estava ocorrendo na República. Será que durante os oito anos [de
mandato] ele delegou tanto a chefia do governo?”, disse.
Desafeto de Joaquim Barbosa, Marco Aurélio condenou a maneira como o
presidente do STF implementou os primeiros pedidos de prisão do
mensalão. “Não havia motivo para o açodamento”, declarou. “Eu teria
aguardado a segunda-feira, sem dúvida alguma”. Questionou ainda a
transferência dos presos de São Paulo e Belo Horizonte para Brasília.
“Para quê? Para depois eles retornarem à origem?”
No entanto, defende a condução do processo pela Corte. Ao comentar
nota do PT que critica o julgamento do mensalão e as afirmações dos
petistas José Dirceu e José Genoíno de que são “presos políticos”, Marco
Aurélio afirmou: “É o direito de espernerar. Condenados nunca ficam
satisfeitos com condenação.” Segundo ele, o STF chegou às condenações
guiando-se exclusivamente pelas provas. “Não houve ficção jurírica.”
Lembrou que a maioria dos ministros do Supremo “foi nomeada pelo governo
do PT”. E ironizou: “Há alguma coisa que não fecha nesse sistema.”
O ministro teme STF altere condenações pelo crime de formação de
quadrilha ao julgar recursos impetrados por réus como José Dirceu, José
Genoino e Delúbio Soares. Deve-se o temor à alteração da composição do
tribunal a partir da aposentadoria dos ministros Cezar Peluso e Carlos
Ayres Britto, substituídos por Teori Zavascki e Luíz Roberto Barroso.
Brasil 247
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