Por zanuja castelo branco
Da Agência Câmara
O jornalista Luiz Carlos Bordoni ofereceu à CPMI os sigilos fiscal,
bancário e telefônico dele e da sua filha, que teria recebido os
depósitos relativos à campanha eleitoral do governador de Goiás.
Beto Oliveira
Luiz Carlos Bordoni (E) disse que recebeu pagamentos por meio de empresas de fachada de Cachoeira.
O jornalista Luiz Carlos Bordoni reafirmou, nesta quarta-feira, à
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira que uma
parte do pagamento (R$ 90 mil) pelo seu trabalho na campanha eleitoral
de Marconi Perillo (PSDB) ao governo de Goiás, em 2010, foi paga por
duas empresas de fachada do contraventor Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira: a Alberto & Pantoja Construções e a Adécio
& Rafael Construção e Terraplanagem.
“O pagador de contas de Marconi Perillo [Lúcio Fiúza Gouthier] passou
o número da conta da minha filha para uma quadrilha e envolveu o nosso
nome nessa investigação”, disse. Ele ofereceu à CPMI os sigilos
telefônico, bancário e fiscal, dele e da filha, que teria recebido os
depósitos.
Bordoni acusou Perillo de juramento falso à CPMI, por ter mentido ao
negar o pagamento por dívidas de campanha. Segundo Bordoni, não havia
contrato porque o acordo foi feito “entre amigos” e ele confiava no
governador. Em seguida, ele passou a acusar o “ex-amigo” de envolvimento
com Cachoeira, denunciando inclusive negócios escusos e a existência de
um governo paralelo em Goiás comandado pelo contraventor. Cachoeira é
acusado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público de chefiar um
esquema de jogos ilegais e de fazer tráfico de influência com agentes
públicos e privados.
Bate-bocaBeto Oliveira
Carlos Sampaio: dúvidas sobre a confiabilidade do depoente desta quarta-feira.
As denúncias feitas por Bordoni provocaram resposta do deputado
Carlos Sampaio (PSDB-SP), e trocas de acusações entre os dois. Sampaio
relembrou condenações de Bordoni na Justiça, por textos publicados na
imprensa, e o jornalista respondeu que o deputado não queria investigar
as ligações de Perillo. “Não sei se é possível confiar num depoente com
esses antecedentes criminais”, disse Sampaio.
Bordoni lembrou que a ação contra ele foi anulada, porque o crime
havia prescrito, e lembrou que os textos defendiam Perillo, à época
processado pelos mesmos procuradores que entraram com ação contra o
jornalista. “Esses processos são brigas minhas em defesa do candidato
Perillo”, explicou.
Depósitos
O jornalista disse que havia passado o número da conta da filha dele, Bruna, para Gouthier, para receber quantias atrasadas relativas à campanha eleitoral de 2010, e depois foi informado de que o depósito havia sido feito, mas não checou quem havia depositado.
O jornalista disse que havia passado o número da conta da filha dele, Bruna, para Gouthier, para receber quantias atrasadas relativas à campanha eleitoral de 2010, e depois foi informado de que o depósito havia sido feito, mas não checou quem havia depositado.
Ele não soube precisar os telefones usados para agilizar essa
transação, mas o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse
que tentará encontrar nas ligações de Gouthier e Bordoni esses
telefonemas.
O envolvimento de Bruna foi descoberto pelo senador Pedro Taques
(PDT-MT), que revelou os depósitos durante o depoimento do senador
Demóstenes Torres (sem partido-GO) no Conselho de Ética do Senado. Além
dos depósitos, a filha de Bordoni foi nomeada assessora no gabinete de
Demóstenes.
Bordoni explicou que o emprego da filha foi dado pelo senador como
gratidão por sua ajuda na campanha de 2006 e nada tem a ver com o
envolvimento dele com Cachoeira. No entanto, Bruna não chegou a assumir o
cargo porque estava com um estágio avançado de hepatite e teve de fazer
um transplante de fígado.
O jornalista disse que recebeu, em dia, R$ 80 mil do total de R$ 120
mil combinados pelo seu trabalho. “Foram R$ 40 mil em dinheiro do
próprio governador, ainda candidato, retirados de um frigobar em seu
escritório, R$ 30 mil pagos pelo comitê de campanha, e R$ 10 mil pagos
por Jayme Rincón, presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras
(Agetop), em seu escritório.”
Além dos R$ 40 mil que ficaram faltando, Bordoni teria deixado de
receber R$ 50 mil relativos ao bônus pela vitória na eleição. Ou seja,
ficaram atrasados R$ 90 mil, que foram pagos pelas duas empresas de
fachada de Cachoeira, em depósitos na conta da filha dele. “O
recebimento dessas quantias atrasadas, o que acabou por envolver o nome
da minha filha nas investigações, é que me trouxe a essa CPMI”, disse
Bordoni.
Odair destacou que "recursos financeiros dessa organização criminosa foram parar na conta da filha de vossa senhoria". Para o deputado, "essa descoberta faz com que o senhor esteja aqui hoje colaborando com essa CPMI afim de que possamos desvendar essa organização que continua operando e atuando apesar de seu principal chefe ainda manter-se preso".
Odair destacou que "recursos financeiros dessa organização criminosa foram parar na conta da filha de vossa senhoria". Para o deputado, "essa descoberta faz com que o senhor esteja aqui hoje colaborando com essa CPMI afim de que possamos desvendar essa organização que continua operando e atuando apesar de seu principal chefe ainda manter-se preso".
Justificativa de pagamento
Em sua defesa, Perillo havia dito à CPMI que Bordoni foi pago pela empresa Artmidia, tendo recebido R$ 33 mil reais registrados em sua prestação de contas. Bordoni reconhece a nota fiscal, e disse que ela foi apresentada pela empresa de um amigo para justificar o pagamento de R$ 30 mil, fora os impostos, feito pelo comitê de campanha, como parte de seus serviços.
Em sua defesa, Perillo havia dito à CPMI que Bordoni foi pago pela empresa Artmidia, tendo recebido R$ 33 mil reais registrados em sua prestação de contas. Bordoni reconhece a nota fiscal, e disse que ela foi apresentada pela empresa de um amigo para justificar o pagamento de R$ 30 mil, fora os impostos, feito pelo comitê de campanha, como parte de seus serviços.
Bordoni apresentou uma declaração da empresa dizendo que ele não
prestou serviços a ela para a campanha de Perillo. Bordoni participou
das campanhas para o Senado de Demóstenes Torres e da senadora Lúcia
Vânia (PSDB-TO), mas disse que, nos dois casos, foi contratado por
empresas de publicidade e marketing e prestou serviços dentro da lei.
“Da mesma forma, prestei um trabalho limpo [para Perillo] e esperava
receber um dinheiro limpo, e não por meio de caixa dois”, disse.
Rei do achaque
Bordoni rejeitou a versão contada pela mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, de que o marido sofreu extorsão do jornalista para não atrapalhar seus negócios. “Quem sou eu para achacar o rei do achaque?”, perguntou. Ele questiona o fato de não ter aparecido nenhuma gravação dessa suposta chantagem e nenhum papel, pois se alega que tenha sido feita por escrito.
Bordoni rejeitou a versão contada pela mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, de que o marido sofreu extorsão do jornalista para não atrapalhar seus negócios. “Quem sou eu para achacar o rei do achaque?”, perguntou. Ele questiona o fato de não ter aparecido nenhuma gravação dessa suposta chantagem e nenhum papel, pois se alega que tenha sido feita por escrito.
Bordoni informou que conhece Perillo desde que este ajudava o pai em
um balcão de bar e que por ele “topava qualquer parada”. Lembrou ainda
que foi até condenado por defender seu candidato, mas não se importou
“porque, por Marconi, seja o que Deus quiser”.
Blog do Luis Nassif
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