segunda-feira, 18 de junho de 2012

Veja e companhia: “versão moderna da Inquisição”

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O arquivamento do processo contra o ex-ministro dos Esportes Orlando Silva pela Comissão de Ética da Presidência da República nesta semana merecia, no mínimo, destaque na imprensa igual ao que tiveram as denúncias sem provas publicadas contra ele. Desde outubro de 2011, o ex-ministro e seu partido, o PC do B, foram atacados e julgados politicamente, em uma campanha suja.

Onde está a legislação que garanta o direito de resposta no Brasil? A quem os atingidos pelas falsas acusações podem recorrer, além da Justiça, que muitas vezes é lenta e, sem uma legislação adequada, não tem parâmetros para tomar suas decisões? O Brasil tem que avançar nisso, como parte do processo de amadurecimento da nossa democracia.

Como afirmei neste blog ontem, que o episódio sirva de alerta a todos os que embarcaram nas denúncias vazias e carnaval feito pela mídia contra o ex-ministro dos Esportes. E que seu legado nos Esportes – COPA e Olimpíadas incluídas – jamais seja esquecido.

Da conversa que tivemos ontem, separei os seguintes trechos para vocês saberem como o ex-ministro analisa a campanha de que foi vítima, como foram esses últimos meses em sua vida e como ele está encarando o seu futuro politico neste momento.

Como o ex-ministro recebeu a decisão da Comissão de Ética da Presidência da República
A decisão da Comissão de Ética da Presidência da República era a esperada porque ela fez uma análise técnica, criteriosa, examinou as informações sobre os personagens que me atacaram na revista VEJA. A Comissão não fez uma análise política, mas centrou-se em documentos e informações. Esse material comprova que nós tivemos uma conduta adequada na gestão pública.
 
O impressionante neste caso é que, de repente, houve uma completa inversão de valores. No exercício da função de Ministro, nós cumprimos com o que a Lei estabelecia. Havia pessoas que não cumpriram com o que estava fixado no convênio, nós demos oportunidade para que eles prestassem contas, eles não prestaram. Nós, então, exigimos que fossem devolvidos os recursos que foram utilizados irregularmente. Fizemos o nosso papel.

Mas, o que aconteceu? Quem devia cumprir a Lei porque usou recursos públicos de forma inadequada se utilizou de uma atitude irresponsável da revista VEJA para nos acusar sem nenhum fundamento. Aquele que era réu virou acusador. O deliquente apresentou-se como “defensor” do direito público.

Orlando Silva analisa o papel da mídia no que aconteceu a ele
Infelizmente a Revista VEJA deu destaque na CAPA, fez longas matérias. E o mais grave: arrastou a maior parte dos órgãos de comunicação de massa que tiveram uma atitude irresponsável, sem checar as fontes, sem checar documentos, sem dar o devido espaço ao contratório. O que vimos foi uma espécie de campanha, uma versão moderna da Inquisição. Em quinze dias, eu fui acusado, julgado e condenado pela imprensa. Foi feito um grande carnaval durante muitos dias – chegaram a escrever dezesseis páginas em matéria contra mim. Foi um julgamento claramente político. Agora, a Comissão de Ética fez uma análise factual, documental e criteriosa.

O que está por trás da campanha que foi movida contra o ex-ministro e o seu partido, o PCdB, no entender de próprio Orlando Silva

O que vimos foi uma forma inconsequente de fazer ataques a uma força política. Foi um ataque ao governo da presidenta Dilma. Como eles não conseguem fazer o enfrentamento direto, porque o país está crescendo, tem gerado empregos, criado oportunidades para o nosso povo, eles inventam flancos para bater e desgastar o governo da presidenta, como fizeram o tempo todo nos dois mandatos do ex-presidente Lula.

Por isso afirmei ao sair do governo que minha saída tinha como objetivo defender a minha honra pessoal, a do meu partido (PC do B) e, também, defender o governo da presidenta Dilma. Eu não podia ser o instrumento dos conservadores em sua tentativa de criar um flanco para atacar o projeto deste governo. Mesmo porque o nosso projeto de mudança no Brasil passa pelo fortalecimento do governo Dilma. Isso eles não toleram. Eles estão tentando criar ambientes e encontrar caminhos para fragilizar um projeto que tem sido transformador para o Brasil.

As ações contra os autores da campanha e os próximos passos

O meu partido e eu movemos ações contra alguns órgãos de comunicação. Tenho certeza que ao longo dos próximos meses nós venceremos todas as batalhas na justiça. Agora, o assassinato da honra é irreparável e foi feito por irresponsabilidade de alguns órgãos de imprensa.

A minha luta pela verdade e pela justiça continua. Ela tem a dimensão jurídica, nos tribunais. E uma dimensão política, por isso eu fiz a opção de sair candidato a vereador na cidade de São Paulo, onde moro há 20 anos. Eu tive a oportunidade de ter contato com a população e recebo muita solidariedade e apoio. Eu percebo claramente que as pessoas não se deixam mais levar com o que é publicado em alguns jornais e revistas.

Hoje, cada vez mais, as pessoas estão adquirindo capacidade crítica e percebem quando há manipulação. A campanha de vereador em São Paulo tem me permitido rodar a cidade inteira. Tem servido de termômetro disso que estou falando e também do que foi essa campanha contra mim. Felizmente, eu encontro muito apoio. Isso me deixa muito feliz.

Internt, democratização da comunicação e acesso à informação

É preciso salientar o papel da internet. Nesta semana, inclusive, como a decisão da Comissão de Ética praticamente não saiu na imprensa, eu tive um grande apoio nas redes sociais. Agradeço muito a todos os que participaram. Vejam que a resolução da Comissão de Ética é um texto de dez páginas, mas nos jornais foi um rodapé de página, dois segundos na TV. Agradeço também aos companheiros da UJS (União da Juventude Socialista) que realizaram um twitaço divulgando um vídeo de 2 minutos (veja abaixo), que conta rapidamente a história desse processo. É um bom resumo do que foi esse período. Felizmente, nós temos hoje a luta social pela democratização da comunicação e pelo acesso à informação.

Blog do Zé Dirceu 

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