Renata Giraldi e Carolina Gonçalves
Enviadas Especiais
Rio de Janeiro - Os negociadores brasileiros e estrangeiros na
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20,
querem fechar até o fim da noite de hoje (18) o texto final. Três
sessões de trabalho, começando às 10h e seguindo até as 22h, estão
programadas. A tendência, segundo eles, é excluir as propostas
conflitantes, como está no rascunho fechado sábado (16), e manter
recomendações gerais.
Chefiados pela delegação do Brasil, os representantes de 193 países
se dedicam a elaborar um texto conciso, preciso, claro e abrangente, de
acordo com os negociadores. Até o começo da conferência, o documento
tinha 200 páginas, depois passou para 80 e há três dias foi resumido a
50.
O secretário executivo da Rio+20, Luiz Alberto Figueiredo Machado,
negou ontem a hipótese de que um documento sem conclusões seja entregue
aos 115 chefes de Estado e de Governo, no próximo dia 20. De acordo com
ele, há apelos de várias delegações para que um texto negociado chegue
às mãos dos líderes para que discutam os assuntos de forma ampla.
No entanto, até ontem (17) à noite as divergências permaneciam,
principalmente sobre as questões envolvendo definições de recursos,
metas específicas, o conceito de economia verde e a transformação do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em organismo
autônomo.
Os países desenvolvidos, liderados pelos Estados Unidos, o Canadá, a
Austrália e o Japão, alegam dificuldades internas causadas por
numerosos fatores, inclusive a crise econômica internacional, para
assumir responsabilidades pontuais com o repasse de recursos. Desde
sábado, foi retirada a discussão sobre a criação de um fundo, de US$ 30
bilhões, para garantir a execução de propostas relativas ao
desenvolvimento sustentável.
Também há divergências sobre as propostas referentes à proteção dos
oceanos, pois os norte-americanos resistem à regulação de águas
internacionais, alegando questões de segurança interna. Mas o
embaixador brasileiro disse que é possível ainda buscar um consenso e
incluir o tema no texto a ser finalizado hoje.
No rascunho de 50 páginas obtido pela Agência Brasil,
foram excluídos os assuntos polêmicos e mantidas as recomendações
gerais sobre o desenvolvimento sustentável com inclusão social e
erradição da pobreza e da fome. Para a delegação brasileira, o texto
apresenta avanços. “O texto não só impede retrocessos como traz avanços
em várias áreas, como criar objetivos de desenvolvimento sustentável”,
disse o embaixador. “Isso não é pouca coisa.”
Agência Brasil
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