Os
jornais de Mendoza, na Argentina, dão todo o espaço aos dois grandes
eventos políticos que lá ocorrem entre hoje e amanhã e que devem selar a
sorte do relacionamento de praticamente todos os países vizinhos com o
governo recém empossado após o golpe de Estado no Paraguai. Eles
destacam, também, a posição já assumida pela maioria dos países
latinoamericanos: "Crítica unânime ao golpismo na região", é a manchete
do diário El Sol.
Os presidentes dos países membros e associados estão chegando nesta tarde e à noite, para a reunião do Mercosul, que se estende até amanhã de manhã, e para a reunião da Unasul, que ocorre logo em seguida, no mesmo local. Nesta tarde chega a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e o presidente do Uruguai, José Mujica. Há expectativa para a vinda de Sebastián Piñera (Chile), Evo Morales (Bolívia), Ollanta Humala (Peru), Juan Manuel Santos (Colômbia). Até até mesmo o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, pode comparecer, apesar da sua condição de saúde. A presidenta Dilma Rousseff estará em Mendoza à noite.
Em São Paulo, integrantes de movimentos sociais,
deputados e senadores entregaram ao chanceler Antonio Patriota ontem
(27), moção de repúdio ao golpe de Estado travestido de impeachment do
presidente Fernando Lugo. Integrante da Coordenação Nacional do MST,
Alexandre Conceição, assinalou que os movimentos sociais e os
parlamentares consideram que houve uma ruptura na ordem democrática do
Paraguai. “Não podemos permitir que haja um novo banho de sangue na
América Latina por meio de golpes”, disse.
No Paraguai, dezenas
de protestos ocorreram ontem em nove departamentos e outros estão
ocorrendo hoje, como parte do Plano de Ação em rejeição à destituição do
presidente Lugo, coordenado pela Frente em Defesa da Democracia.
Algumas dessas manifestações são espontâneas, iniciativas tomadas por
organizações sociais. Fala-se em um grande protesto na capital,
Assunção, amanhã (29), mas ainda não há confirmação.
Por que Lugo não vai a Mendoza
O
presidente deposto do Paraguai, Fernando Lugo, decidiu não ir a Mendoza
e expôs suas razões em entrevista concedida ao Opera Mundi. São três os
motivos, diz Lugo porque “o Mercosul tem informação em primeira mão”
sobre tudo o que aconteceu e também para que os presidentes lá reunidos
não considerem a presença dele “como uma pressão para suas decisões. Que
possam decidir com liberdade e autonomia, e tratar o governo que se
instalou no sábado com a consideração que realmente merece”.
Na
entrevista, Fernando Lugo diz que é muito difícil, mas pode sim voltar à
presidência por vias políticas, já que os meios judiciais estão
esgotados. Falou também sobre as manifestações que estão ocorrendo nos
vários departamentos do Paraguai, sobre os brasiguaios (“são paraguaios e
não brasiguaios”, corrigiu Lugo, salientando que ele teve um papel
importante para o reconhecimento deles lá) e que também apoia a luta dos
sem terra, conhecidos no Paraguai como carperos. “Este presidente não
esteve contra ninguém, sempre estive a favor de todos, tentando buscar
um consenso, soluções pacíficas, para que o país possa se desenvolver em
harmonia”, disse (leia a íntegra da entrevista clicando aqui).
Abaixo assinado na Internet
Há
também um abaixo-assinado para adesões na Internet com o seguinte
texto: “Nós, cidadãos latino-americanos, preocupados com o golpe de
Estado no Paraguai contra o presidente legitimamente eleito Fernando
Lugo, pedimos que suspendam o Paraguai do Mercosul e da Unasul, até que
se restabeleça a ordem democrática naquele país. Exigimos que utilizem
todo o seu poder diplomático para exigir que o Paraguai realize uma
investigação independente e exaustiva sobre os fatos, ainda não
comprovados, que deram lugar ao julgamento relâmpago contra Fernando
Lugo”. Para assinar, clique aqui.
(Foto: Marcello Casal Jr./ABr)Blog do Zé Dirceu
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