A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do Cachoeira aprovou na
manhã desta quinta-feira 14 a quebra dos sigilos bancário, fiscal e
telefônico dos governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e
de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Ambos são suspeitos de terem vínculos
com a quadrilha do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, alvo primordial da CPI.
A quebra de sigilo abrange o período de dez anos, tempo igual ao das
demais quebras aprovadas na comissão. Tanto Agnelo quanto Perillo já
haviam colocado seus sigilos à disposição da CPI. Agnelo fez isso na
quarta-feira 13, durante depoimento aos parlamentares que compõem a
comissão. Perillo fez mesmo também na quarta-feira, um dia depois de seu
depoimento. Na terça-feira 12, o relator da CPI, o deputado Odair Cunha
(PT-MG), sugeriu que Perillo abrisse mão de seu sigilo, mas o
governador goiano se recusou. Houve, inclusive, um grande bate-boca
entre petistas e tucanos por conta do pedido de Odair Cunha. Após Agnelo
Queiroz dizer que abria mão dos sigilos, Marconi Perillo voltou atrás.
Ele entrou em contato com o líder de seu partido na Câmara, Bruno Araújo
(PE), para que ele transmitisse a mudança de posição à CPI.
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Tanto Agnelo quanto Perillo negaram qualquer irregularidade em seus
depoimentos à CPI. Agnelo disse não ter conhecimento de qualquer
indicação ligada ao grupo de Cachoeira em seu governo. O ex-chefe de
gabinete do governador, Cláudio Monteiro, é suspeito de favorecer a
quadrilha de Cachoeira. Perillo é suspeito de negociar um imóvel com o
empresário goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos
Cachoeira. Ele teria recebido ajuda do ex-vereador de Goiânia Wladimir
Garcez (PSDB). Foi nesta casa, localizada em Goiânia, que Carlinhos
Cachoeira foi preso pela Polícia Federal em 29 de fevereiro. O
governador também é suspeito de nomear pessoas indicadas pelo bicheiro
para órgãos estaduais.
Convocações de Fernando Cavendish e Luiz Antonio Pagot são adiadas
Uma das figuras que mais poderia ajudar a esclarecer como funcionava
quadrilha de Carlinhos Cachoeira não vai depor na CPI. O empresário
Fernando Cavendish, ex-dono da construtora Delta, teve sua convocação
adiada pela CPI nesta quinta-feira, que seguiu a sugestão do relator da
comissão. O requerimento pedindo a convocação de Cavendish foi derrubado
por 16 votos a 13. A Delta é apontada pela Polícia Federal como um dos
principais braços do esquema de corrupção do contraventor Carlinhos
Cachoeira.
A CPI também adiou, por 17 votos a 13, a convocação do
ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot. Nos últimos dias, ele tem
anunciado que quer depor na comissão e fez uma série de acusações contra
o PT e o PSDB. Assim como no caso do dono da Delta, Fernando Cavendish,
o adiamento foi proposto pelo relator da comissão, deputado Odair Cunha
(PT-MG). Ele argumentou que precisa de tempo para analisar os
documentos de que dispõe. Cunha afirmou também que, se tiver denúncias a
fazer, Pagot pode procurar a Polícia Federal.
PSDB tentou convocar a presidente Dilma Rousseff
Nesta quinta-feira, o PSDB tentou convocar a presidente Dilma
Rousseff (PT) para ser ouvida na CPI. Era uma represália ao pedido de
convocação do ex-governador de São Paulo José Serra, candidato do PSDB à
Prefeitura de São Paulo. Em requerimento assinado pelos deputados
Carlos Sampaio (SP), Fernando Francischini (PR), Domingos Sávio (MG) e
Vanderlei Macris (SP), o partido dizia que a empreiteira Delta doou R$ 1
milhão para a campanha eleitoral da presidente e que essa doação
“esconde interesses escusos”. A convocação de Dilma foi rejeitada de
forma liminar pelo presidente da CPI, Vital do Rêgo, pois a comissão não
tem poderes para convocar os presidentes da República e do Supremo
Tribunal Federal.
*Com informações da Agência Câmara
Carta Capital
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