A Aliança do Pacífico, o novo bloco regional formado por México,
Colômbia, Peru e Chile, deve ser saudada e não temida, como o faz parte
da imprensa brasileira ao noticiar a criação do bloco. Afinal, à exceção
do México que está encostado nos EUA, o Brasil é o maior e o mais
promissor mercado para essas economias. E também o maior fornecedor de
serviços, tecnologia e capitais. E é claro que, ao fazer parte do mesmo
bloco, até o México ficará mais próximo do Brasil. Trata-se, portanto,
de uma bela oportunidade e não um risco para o Brasil.
Além
disso, nós temos de aprender a conviver com as diferenças políticas e os
interesses econômicos contraditórios entre nossas economias e governos.
Ao fim e ao cabo, Mercosul, Alba e Aliança do Pacífico são realidades
que expressam essas diferenças. Por isso repito: nosso país não tem nada
a temer.
Mesmo porque os mercados dos Estados Unidos e da Ásia,
além de distantes da maioria desses países, estão protegidos por
barreiras e interesses, enquanto que o mercado brasileiro está bem aqui,
ao lado desses países e buscando crescer, fazer novos parceiros.
A
criação da Aliança do Pacífico deve ser vista como um estímulo ao nosso
empresariado e ao governo, um bom desafio, na medida em que os mercados
comuns tendem a criar mais sinergia entre os países, potencializando
seu crescimento e as oportunidades.
Um mercado com 215 milhões de pessoas
É um novo gigante que se articula bem ao nosso lado, com cerca de 215 milhões de pessoas que poderão transitar, estudar, trabalhar e negociar sem necessidade de licenças prévias entre os quatro países que integram o bloco. E eles estão com pressa: a previsão é que as barreiras aduaneiras sejam eliminadas já em dezembro deste ano.
Esta
iniciativa é uma oportunidade, não um risco. Os jornais, como o Estadão
dos Mesquitas – que fez editorial pessimista sobre a criação da Aliança –
estão equivocados quando avaliam que o novo bloco será um rival do
Mercosul. Também quando dizem que a Aliança isola países como Venezuela,
Equador e Bolívia.
Olhando-se
pelo lado dos maiores países andinos, embora a Venezuela não faça parte
da Aliança, somada à Colômbia e ao Peru os três países juntam mais de
100 milhões de habitantes, com um PIB comum superior ao do México. Sem
falar que as relações comerciais e políticas entre Colômbia e Venezuela
nunca foram tão boas. De nossa parte, temos também outros desafios, como
reformar o Mercosul e avançar na Unasul.
Por um Eximbank brasileiro já!
Vão
dizer que, ao voltar ao tema, estou em campanha. É isso mesmo: o que
nós precisamos é de um banco voltado para apoiar as empresas brasileiras
que se dedicam ao comércio exterior. Um Eximbank brasileiro. E
precisamos dele já!
O momento em que vivemos requer do Brasil
uma nova postura, uma política externa mais dinâmica e agressiva em
relação à América Latina, assim como um Itamaraty mais atento ao
comércio exterior. Nosso Ministério do Exterior precisa agir em conjunto
com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC), com o BNDES, a Fazenda e a Casa Civil.
O Brasil tem que
modernizar e agilizar a política externa no que diz respeito a sua
atuação comercial. E isso não pode ficar para depois. Do contrário,
perderemos oportunidades importantes que estão aparecendo. Quem pode nos
atrapalhar não é a nova Aliança do Pacífico, mas nós mesmos se
deixarmos de enfrentar a tempo e hora nossos próprios problemas.
Blog do Zé Dirceu
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