segunda-feira, 18 de junho de 2012

Países criam Aliança do Pacífico. Saudemos pois a Aliança do Pacífico!

Por José Dirceu

A Aliança do Pacífico, o novo bloco regional formado por México, Colômbia, Peru e Chile, deve ser saudada e não temida, como o faz parte da imprensa brasileira ao noticiar a criação do bloco. Afinal, à exceção do México que está encostado nos EUA, o Brasil é o maior e o mais promissor mercado para essas economias. E também o maior fornecedor de serviços, tecnologia e capitais. E é claro que, ao fazer parte do mesmo bloco, até o México ficará mais próximo do Brasil. Trata-se, portanto, de uma bela oportunidade e não um risco para o Brasil.

Além disso, nós temos de aprender a conviver com as diferenças políticas e os interesses econômicos contraditórios entre nossas economias e governos. Ao fim e ao cabo, Mercosul, Alba e Aliança do Pacífico são realidades que expressam essas diferenças. Por isso repito: nosso país não tem nada a temer.
Mesmo porque os mercados dos Estados Unidos e da Ásia, além de distantes da maioria desses países, estão protegidos por barreiras e interesses, enquanto que o mercado brasileiro está bem aqui, ao lado desses países e buscando crescer, fazer novos parceiros.
A criação da Aliança do Pacífico deve ser vista como um estímulo ao nosso empresariado e ao governo, um bom desafio, na medida em que os mercados comuns tendem a criar mais sinergia entre os países, potencializando seu crescimento e as oportunidades.


Um mercado com 215 milhões de pessoas


É um novo gigante que se articula bem ao nosso lado, com cerca de 215 milhões de pessoas que poderão transitar, estudar, trabalhar e negociar sem necessidade de licenças prévias entre os quatro países que integram o bloco. E eles estão com pressa: a previsão é que as barreiras aduaneiras sejam eliminadas já em dezembro deste ano.
Esta iniciativa é uma oportunidade, não um risco. Os jornais, como o Estadão dos Mesquitas – que fez editorial pessimista sobre a criação da Aliança – estão equivocados quando avaliam que o novo bloco será um rival do Mercosul. Também quando dizem que a Aliança isola países como Venezuela, Equador e Bolívia.


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países andinos

Olhando-se pelo lado dos maiores países andinos, embora a Venezuela não faça parte da Aliança, somada à Colômbia e ao Peru os três países juntam mais de 100 milhões de habitantes, com um PIB comum superior ao do México. Sem falar que as relações comerciais e políticas entre Colômbia e Venezuela nunca foram tão boas. De nossa parte, temos também outros desafios, como reformar o Mercosul e avançar na Unasul.


Por um Eximbank brasileiro já!


Vão dizer que, ao voltar ao tema, estou em campanha. É isso mesmo: o que nós precisamos é de um banco voltado para apoiar as empresas brasileiras que se dedicam ao comércio exterior. Um Eximbank brasileiro. E precisamos dele já!
O momento em que vivemos requer do Brasil uma nova postura, uma política externa mais dinâmica e agressiva em relação à América Latina, assim como um Itamaraty mais atento ao comércio exterior. Nosso Ministério do Exterior precisa agir em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), com o BNDES, a Fazenda e a Casa Civil.
O Brasil tem que modernizar e agilizar a política externa no que diz respeito a sua atuação comercial. E isso não pode ficar para depois. Do contrário, perderemos oportunidades importantes que estão aparecendo. Quem pode nos atrapalhar não é a nova Aliança do Pacífico, mas nós mesmos se deixarmos de enfrentar a tempo e hora nossos próprios problemas.


Blog do Zé Dirceu

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