Diretor-executivo do Brasil e de mais dez países no FMI, Paulo Nogueira Batista Jr. tem uma visão privilegiada da cena mundial.
Diretor-executivo do Brasil e de mais dez
países no Fundo Monetário Internacional (FMI), o economista Paulo
Nogueira Batista Jr. vive em Washington desde 2007 e, de seu posto, tem
uma visão privilegiada da cena mundial.
Na semana passada, ao desembarcar no país, mostrou-se surpreso com a dimensão da onda de protestos. Em entrevista ao Brasil Econômico,
além de destacar o poder de mobilização das redes sociais, atribuiu a
insatisfação dos jovens a uma combinação de fatores, como o desencanto
com a política, as deficiências crônicas no transporte urbano, na
educação e na saúde, e o momento desfavorável pelo qual passa a
economia.
Quanto ao último ponto, é otimista. "Se o PIB crescer 3%, o mercado
de trabalho se mantiver forte e o governo conseguir estabilizar a
inflação, creio que o quadro de ânimo em relação à economia vai melhorar
gradualmente". O que mais o preocupa é a extrema volatilidade dos
mercados financeiros.
A especulação, adverte ele, está desenfreada e os países podem sofrer
com a livre movimentação de capitais. "É preciso cautela. O mundo
continua à mercê da turma da bufunfa, que tem poder de fogo
extraordinário".
A pergunta é inevitável: como o senhor avalia a onda recente de protestos no Brasil?
A
escala das manifestações foi surpreendente e agora começa uma temporada
de busca de justificações, explicações. Provavelmente isso é uma
combinação de fatores, alguns conjunturais - como o desempenho menos
favorável da economia, o crescimento baixo, a inflação alta - e outros
mais estruturais - como problemas sociais ainda não resolvidos no
Brasil, deficiências crônicas no sistema de transporte público (nas
grandes cidades principalmente), as deficiências na saúde e na educação.
Essas coisas foram se combinando e avolumando.
A Internet também ajuda na mobilização, não?
Sem dúvida. Temos um fenômeno tecnológico e de comunicação que é a
capacidade de mobilização das redes sociais que já se fez sentir em
outras situações, em outros países, como na Primavera Árabe, mas também
recentemente na Turquia, nos Estados Unidos, com o movimento Occupy Wall
Street e antes disso em Seattle, na famosa Batalha de Seattle, contra a
OMC (Organização Mundial do Comércio). Esse movimento tem revelado uma
capacidade convocatória das redes sociais gigantesca, que é muito maior
do que se poderia pensar há cinco, dez anos atrás.
Há outra explicação para a adesão tão rápida e surprendente dos jovens?
Além desses fatores, no campo político, não podemos perder de vista,
no meu entender, um desencanto cada vez mais profundo com a política e
com a democracia, que está meio perdida hoje no mundo. Os jovens, a
população em geral, não se sentem representados pelas classes políticas.
Essa é uma realidade que tem a ver com várias coisas, dentre elas, a
percepção, que em grande parte é justa, de que o dinheiro dominou a
política. Mesmo nos países que tem tradição democrática, como os Estados
Unidos e os países europeus, a colonização da política pelo dinheiro se
tornou um fenômeno que deformou a democracia e que leva a população e
os jovens a entender que devem buscar canais de ação direta, como essas
manifestações que estamos vendo hoje e que se expressam como a rejeição
de todos partidos políticos e da mídia tradicional.
A que o senhor atribui este comportamento?
Tanto
a mídia quanto a política estão dominadas pelo dinheiro de maneira
avassaladora. A percepção de que a conjuntura atual tende a transformar
democracias em plutocracias gera um movimento de rejeição, pois as
pessoas já não se sentem representadas nem pela política, nem pelos
partidos e nem pela mídia. Então buscam a expressão nas redes sociais,
onde a população sente que tem mais voz e na rua.
Os protestos aumentam o Risco-Brasil e a desconfiança internacional no país?
Essa notícia (dos protestos) se junta às notícias que já vinham tendo
destaque na imprensa internacional, de uma desaceleração da economia
brasileira. A visão economicista mais simples é fazer uma ligação direta
entre as manifestações e o desempenho econômico, que é uma parte da
verdade. Por outro lado, dependendo da reação das autoridades
brasileiras, isso pode mostrar um ponto forte da democracia brasileira.
Que é mostrar que os brasileiros têm o direito de se manifestar. Temos
que evitar a armadilha em que caiu, por exemplo, o governo turco, que é a
de ser percebido como intolerante, autoritário e fechado ao diálogo.
Cabe ao governo brasileiro demonstrar sua capacidade de diálogo.
O senhor diria que é o que está acontecendo agora?
Acho que o governo já está caminhando nessa direção. Mas essa é uma
pergunta difícil. Ainda é cedo para dizer qual vai ser o desdobramento
desse processo e disso vai depender a repercussão internacional para o
país e para a economia brasileira.
Até que ponto a situação atual da economia brasileira contribuiu para acirrar os ânimos?
A conjuntura dos últimos dois, três anos, contribuiu para gerar mais
insatisfação, porque não é só o desempenho mais fraco, o crescimento
muito baixo, a inflação mais alta do que a esperada. É um desempenho que
frustra as expectativas, porque nós vínhamos de uma fase de crescimento
forte, até 2011, onde o Brasil era considerado um pólo dinâmico da
economia mundial, uma economia bem sucedida, e essa reversão da
conjuntura,que foi bastante inesperada, acabou alimentando também essa
insatisfação que se traduz de várias maneiras, dentre outras, nessas
manifestações. Agora, há uma ressalva a se fazer, que é conhecida, mas
que convém sublinhar: é que essa deterioração da economia brasileira não
atingiu o mercado de trabalho ainda. Temos hoje altas taxas de geração
de emprego, inclusive do emprego formal, e acima do que poderíamos
esperar. O Brasil tem hoje taxas de desemprego próximas do que
poderíamos considerar pleno emprego. Apesar da inflação recente
crescendo em termos reais nos últimos anos, essa combinação de
desemprego forte e salário real evoluindo ainda mantém a popularidade
alta do governo. Esse apoio ao governo, pelo menos nas camadas de renda
mais baixa, é bastante visível. Ao mesmo tempo, essa grande insatisfação
da classe média é um quadro preocupante. Não adianta tapar o sol com a
peneira.
O senhor acha que o caminho de aumento da taxa de juros pode levar a economia de volta ao eixo?
As
indicações e a maior parte das projeções ainda apontam para uma
recuperação da economia, embora as projeções tenham sido revistas para
baixo. Ainda se espera que a economia cresça em torno de 3% nesse ano,
um pouco menos talvez. E se esse quadro se confirmar, com a economia
voltando a crescer um pouco mais e com os investimentos mais fortes,
como foi no primeiro trimestre, e o mercado de trabalho se mantiver
forte, como esteve nesses últimos anos, e o governo conseguir
estabilizar a inflação, eu creio que o quadro de ânimo em relação à
economia vai melhorar gradualmente.
A política adotada até agora pelo governo pode ter êxito? Não
haveria necessidade de cortes de gastos públicos e ajuste fiscal forte?
Essa seria uma alternativa?
A situação fiscal brasileira não é assim muito preocupante. Ela
sofreu certa deterioração até como reflexo do próprio enfraquecimento do
crescimento, mas a trajetória da dívida como proporção do PIB continua
declinante. A redução da taxa de juros ao longo dos últimos anos reduziu
substancialmente o custo da dívida pública. O déficit brasileiro
nominal não é alto para os padrões internacionais. O superávit primário
caiu, mas continua positivo. Então não vejo a situação fiscal do país
como alarmante. Você sugerir um forte reajuste fiscal com a economia
enfraquecida, já submetida a dificuldades, parece discutível, para dizer
o mínimo. De qualquer maneira, essa é uma recomendação de laboratório
porque mesmo as pessoas que fazem essas recomendações sabem que em
ambiente de ciclo político eleitoral é muito difícil que o governo faça
um reajuste fiscal forte. Eu pessoalmente acredito que a conjuntura
econômica fraca, combinada com as circunstancias políticas eleitorais,
dificilmente permitirão ou estimularão o governo a fazer um ajuste
fiscal forte. O que não quer dizer, evidentemente, que o governo não
tenha que manter a disciplina fiscal e o rigor em nas contas públicas.
Isso é fundamental para a confiança da economia e até para garantir o
crescimento no longo prazo. A dificuldade é saber qual a dosagem, qual a
combinação de política fiscal que você usa em uma situação econômica
que se complicou.
O presidente do Banco Central tem falado na possibilidade de
uma nova rodada de alta dos juros. Isso não seria conflitante com a
economia enfraquecida?
É uma escolha ruim essa de ter que elevar a taxa de juros quando a
economia ainda está se recuperando de uma fase de crescimento muito
baixa. É uma escolha difícil e o Banco Central ponderou bem os prós e
contras, acredito. É importante entender e colocar esses aumentos
recentes das taxas de juros em perspectiva. O governo brasileiro e o
Banco Central, quando baixaram o patamar da taxa de juros nos últimos
anos, conseguiram algo muito importante que foi romper com o tabu de que
o Brasil precisava ter juros excepcionalmente altos, mais altos do que
se pratica no resto do mundo. Agora, a taxa não fica congelada em um
nível baixo. É um importante instrumento de política monetária e,
conforme a conjuntura, o Brasil pode aumentá-la e baixá-la novamente, de
acordo com as circunstâncias nacionais e internacionais. Mas não ao
ponto de retornar ao patamar que nós tivemos anteriormente, sem voltar a
praticar os juros extorsivos que praticava quando era campeão mundial
dos juros. Acho que o mercado está entendendo que esse ciclo de alta de
juros, essa elevação dos juros a um nível um pouco mais alto, está
ocorrendo em função da necessidade do governo de ancorar as expectativas
em relação à inflação e para demonstrar que o Banco Central está
agindo.
O Brasil tem registrado uma saída de recursos do câmbio. Até que ponto isso é preocupante?
O
Brasil, ao longo do período de situação de liquidez internacional, não
embarcou nisso de maneira totalmente desguarnecida, como fez em períodos
anteriores da história econômica. O país tomou algumas precauções que
agora estão nos valendo bem, acumulando um nível de reservas muito alto e
adotando medidas de controle sobre a entrada de capitais de curto
prazo. Então agora está muito menos vulnerável do que estaria diante da
saída bruta de um grande estoque de capitais de curto prazo. E o país
manteve regime de câmbio flutuante, então ele pode acomodar uma parte
dessa reviravolta nas condições de liquidez internacional, permitindo
uma depreciação cambial.
E isso não é totalmente ruim...
Para o Brasil, isso tem o lado positivo porque estamos lutando agora
com as consequências de um período de grande valorização cambial que
afetou muito a nossa capacidade competitiva internacional, a indústria
em particular. Então, do ponto de vista desses setores que amargaram
grandes prejuízos, os setores que competem internacionalmente, uma certa
depreciação cambial é boa, é positiva.
Mas há a preocupação com o impacto do câmbio na inflação.
Por
isso que o Banco Central tem atuado de várias maneiras para impedir que
a depreciação tome um impulso exagerado, com o fenômeno internacional
que é a tendência de valorização do dólar nos mercados mundiais em face
da expectativa, que agora começa a se tornar mais nítida, de que os
bancos centrais, notadamente o BC norte-americano, terão de desfazer o
período de extraordinária expansão. A experiência tem mostrado que nos
mercados super-voláteis, alavancados, sofisticados, basta uma pequena
movimentação dos bancos centrais para desencadear reações gigantescas e
desproporcionais. Nós já vimos isso acontecer várias vezes. Um
pseudo-movimento, apenas a expectativa de que o banco central esteja
considerando um movimento, já é suficiente para grande turbulência e
volatilidade. É uma situação singular: a mera percepção de que o banco
central norte-americano começou a considerar um movimento gradual de
saída das políticas expansionistas já causou um tumulto razoável.
A especulação está muito aguçada?
Está
desenfreada. Apesar da violência da crise de 2008 e 2009, não houve
nenhuma reforma financeira decisiva e o mundo continua à mercê do que eu
chamei há alguns anos em um artigo de "turma da bufunfa", que tem um
poder de fogo extraordinário. Isso tudo mostra com muita clareza que os
países precisam se acautelar. E não só os países em desenvolvimento e
emergentes como o Brasil, mas também os países desenvolvidos, porque a
crise nos últimos anos mostrou que até mesmo os países desenvolvidos
podem sofrer com a livre movimentação de capitais e com os mercados
financeiros desregulados.
Quais seriam as medidas de cautela possíveis, diante desse momento especulativo?
É
importante, por exemplo, manter reservas internacionais muito altas. O
que antigamente se considerava um nível de reservas adequado, não é
mais. Um outro fator importante é manter um regime de regulação das
contas de capitais. Essa é uma opinião que eu tenho há muitos anos e até
mesmo o FMI se moveu um pouco nessa direção. Hoje em dia, cada vez
mais, passa o tempo e os países se dão conta do estrago que essas crises
financeiras, que a volatilidade financeira, produzem. Cada vez mais os
países vão ter que entender que precisam combinar políticas de reservas
internacionais altas, com políticas permanentes de regulação de
capitais. O Brasil tem isso e nosso principal instrumento é o IOF. É um
instrumento permanente que pode ou não ser acionado. Mas é um
instrumento que tem que ser usado quando houver mudança da liquidez
externa.
Dentro do Fundo havia a discussão, no auge da crise, de se
adotar, multilateralmente, medidas de maior regulação do mercado de
capitais. Pelo jeito essa discussão morreu...
As ideias
multilaterais financeiras sempre foram, no meu entender, ilusórias. É
meio utópico pensar em uma regulamentação multilateral dos mercados
financeiros ou de capital. Alguma coisa pode avançar em termos de
padrões mínimos de regulação bancária, mas estamos longe ainda de uma
reforma da arquitetura financeira internacional. Cabe aos países se
acautelarem usando os instrumentos que têm, e desenvolvendo os
instrumentos que não têm, para manter as economias a salvo das
turbulências internacionais. Nenhum país deve colocar sua sorte à mercê
da "turma da bufunfa".
O Fundo recentemente sugeriu que o Brasil criasse um comitê
para monitorar o risco sistêmico e coordenar a reação a crises. O senhor
concorda com essa sugestão?
Essa foi uma das únicas
sugestões que o Fundo fez quando analisou o setor financeiro brasileiro.
Não tenho certeza se é uma boa idéia ou não. Mas imagino que o Banco
Central esteja avaliando essas e outras sugestões feitas pelo FMI.
O Fundo recentemente fez uma espécie de mea culpa, afirmando
que o ajuste grego teve preço mais alto que o previsto. É para levar a
sério mesmo?
O relatório que fez essa primeira avaliação, sobre o primeiro
programa grego, é interessante. O Fundo Monetário demonstrou
autocrítica, a capacidade de reconhecer erros, coisa que as autoridades
europeias não conseguem ainda demonstrar. O Fundo Monetário tem se
mostrado mais flexível e mais propenso a reconhecer erros do que a
Comissão Européia. Paradoxalmente, para quem conhece o Fundo Monetário
sob a ótica latino-americana, eu diria que hoje o FMI é a perna mais
flexível da troika. Mas não basta fazer mea culpa três anos
depois. É importante aplicar as reflexões aos casos que estão surgindo
hoje, de outros países que vem ao Fundo Monetário. É importante ter uma
noção clara de que o processo de autoavaliação do FMI é algo que está em
curso.
Recentemente a presidente Dilma Rousseff sugeriu a
necessidade de reforma de organismos internacionais, inclusive o FMI.
Como vai essa discussão no Fundo?
Essa reforma está em
sua pior fase desde que eu cheguei no FMI. O processo praticamente parou
desde 2011. Em 2012 e 2013, foi acrescentado um fator novo e muito
preocupante que é a incapacidade do governo norte-americano de ratificar
a reforma de 2010, que ainda não entrou em vigor. Tivemos algum
progresso com a reforma de 2008, que já está em vigor. A reforma de 2010
foi mais um passo significativo, mas ela não entrou em vigor.É preciso
entender que o Fundo Monetário é um organismo que tem muito peso, é
central na ordem internacional. Então os países não querem abrir mão das
posições que têm lá. E nós emergentes queremos adquirir um quinhão
maior de poder decisório. Há uma disputa feroz basicamente entre os
europeus e emergentes.E como os europeus não têm mostrado sensibilidade e
os americanos não têm capacidade de ratificar, está surgindo uma
situação que pode se transformar em uma nova crise de legitimidade
dentro da instituição.
O que significa exatamente essa crise?
Os
países dos Brics vão reagir à paralisação. Se os Brics aceitarem esse
golpe passivamente, será um cenário. Se os Brics e outros emergentes
passarem a questionar essa falta de resultados, será bem diferente. No
contexto da crise internacional de 2008, houve um grande acordo político
entre os países desenvolvidos e os emergentes: os membros do G-20
concordaram em ampliar a capacidade financeira do Fundo, mas, em troca
disso, as potências tradicionais aceitaram abrir mão do espaço decisório
em favor dos emergentes. A primeira parte do acordo aconteceu. A
segunda não aconteceu dentro do prometido.
Qual é a sua expectativa em relação à crise da Europa? Na reunião do G-7 na Irlanda, foi dito que o pior já passou.
Acho
temerário afirmar isso. É verdade que a fase mais aguda da crise do
Euro parece ter sido superada ou pelo menos afastada temporariamente,
pois já não se fala em colapso da moeda. Mas as economias européias não
conseguiram se recuperar. Continuam em recessão, com altas taxas de
desemprego e falta de perspectiva de recuperação, o que é mais grave
ainda. O quadro europeu é um quadro de desesperança, de "salvamos o
Euro, mas não salvamos a economia". A situação dos jovens no Sul da
Europa é uma situação dramática. Falar que o pior já passou é um pouco
panglossiano (referência ao Dr. Pangloss, personagem de Voltaire, em
"Cândido", que era um otimista exagerado).
O Brasil pode passar novamente ao largo da crise, como aconteceu em 2008 e 2009?
Acho
difícil não só o Brasil, mas também que os outros emergentes consigam
ter um desempenho tão forte nessa fase quanto tiveram na outra fase, em
2008 e 2009. Agora temos fatores novos. No Brasil, temos o esgotamento
de certos instrumentos. Temos o endividamento das famílias. A primeira
recuperação deixou um legado de dívida familiar alto. Repetir esse
mecanismo não é possível. Também naquela época o Brasil e os outros
emergentes cresceram em função de termos uma forte relação de trocas com
a China. Não temos mais isso devido à desaceleração chinesa. Então, o
quadro hoje é bem mais complexo. Na verdade, a crise foi mais aguda em
2008, foi mais intensa. Mas hoje a recuperação é mais problemática, um
desafio maior do que foi em 2008 e 2009.
Brasil Econômico
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