A passeata que pediu o golpe
26/03/2004
Mais de um milhão de pessoas saíram às ruas em São Paulo para se manifestar contra o avanço do comunismo
Mais de 1 milhão de pessoas foram saíram às ruas de
São Paulo no dia 19 de março de 1964, para se manifestar contra o
avanço do comunismo. Era a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que entraria para a história como uma das mais reacionárias manifestações populares de todos os tempos.ÿ
A
data foi escolhida por ser dia de São José, padroeiro da família. A
massa se reuniu às 16 horas da Praça da República, no centro da capital
paulista, e chegou duas horas depois à Catedral Metropolitana, na Praça
da Sé.ÿ
Faixas, cartazes e palavras de ordem alertavam sobre o perigo comunista: "Vermelho bom, só o batom", "Verde, amarelo, sem foice nem martelo".
Faixas, cartazes e palavras de ordem alertavam sobre o perigo comunista: "Vermelho bom, só o batom", "Verde, amarelo, sem foice nem martelo".
A inspiração vinha de campanhas semelhantes
organizadas pelo padre norte-americano Patrick Peyton contra as
"manobras vermelhas". O estopim foi o comício realizado uma semana antes
no Rio pelo presidente da República, João Goulart. Setores
conservadores, indignados com as "reformas de base" anunciadas por
Goulart, conseguiram promover uma manifestação ainda maior.ÿ
A organização reuniu entidades femininas e religiosos católicos. O
deputado Antônio Sílvio da Cunha Bueno, o publicitário José Carlos
Pereira de Sousa e a freira Ana de Lourdes, sobrinha de Ruy Barbosa,
articularam a marcha. Logo conquistaram as adesões do presidente do
Senado, Auro de Moura Andrade, do governador paulista, Adhemar de
Barros, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e de
associações como a União Cívica Feminina e a Sociedade Rural Brasileira.
Alunos do Colégio Mackenzie formaram uma delegação especial. Até a
apresentadora de tevê Hebe Camargo desfilou.ÿÿ
Com efeito, duas
semanas depois da passeata paulista veio o golpe militar de 1964. As
marchas da família, que vinham se repetindo em outras capitais, foram
mantidas, mas mudaram de
nome. Passaram a ser as "marchas da vitória". A
marcha do Rio, em 2 de abril, reuniu 1 milhão de pessoas.
Universia - Brasil Notícias
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