Altamiro Borges
A Academia Brasileira de Letras (ABL), a cada dia mais midiatizada e reduto dos conservadores, confirmou nesta quinta-feira (27) a escolha do ex-presidente FHC para ocupar a cadeira de número 36 da decrépita instituição, sucedendo o escritor João de Scantimburgo, falecido em março passado. Sem concorrentes na disputa, o grão-tucano recebeu 34 dos 39 votos. Após o anúncio do resultado, FHC recebeu convidados para uma festança na Fundação Eva Klabin, no luxuoso bairro da Lagoa, na zona sul do Rio de Janeiro.
Com a eleição, FHC se torna o novo "imortal" da ABL e
da direita nativa. O presidente de honra do PSDB deixou a academia e os
livros nos anos 1970 para se tornar uma liderança da burguesia
"moderna" do Brasil. Ele quase enterrou sua carreira política ao aceitar
o ingresso no governo de Fernando Collor de Mello, que foi destronado
num processo de impeachment. Na sequência, ele foi eleito presidente com
base num nítido programa neoliberal de desmonte do Estado, da nação e
do trabalho.
No seu reinado, o Brasil bateu recordes de desemprego, os salários foram
brutalmente arrochados e as leis trabalhistas do período varguista
foram flexibilizadas - aumentando brutalmente a precarização do
trabalho. Poderosas estatais foram entregues a preço de banana às
multinacionais, num processo de "privataria" que até hoje não foi alvo
de investigações e contou sempre com a cumplicidade da mídia privatista.
O Brasil se transformou no paraíso do capital financeiro, no reino dos
rentistas. O neoliberalismo vingou na era FHC!
Derrotado e rejeitado nas urnas, o tucano passou a ser o principal
mentor da oposição direitista e golpista. Na chamada crise do mensalão,
FHC defendeu abertamente o "sangramento" do ex-presidente Lula e apostou
todas as suas fichas na desestabilização do governo. Apesar dos
esforços, o líder do PSDB foi derrotado mais duas vezes no seu projeto
de retorno dos neoliberais ao poder central. Serra e Alckmin até
tentaram afastá-lo dos palanques e das telinhas da tevê, mas não
conseguiram e foram derrotados nas urnas.
Nos últimos dias, ele voltou a ganhar os holofotes da mídia amiga,
tentando pegar carona nos protestos de rua que agitam o país. Com a
eleição de hoje, sem rivais e num colégio eleitoral conservador e
elitista, FHC confirma a condição de maior líder da oposição midiática e
partidária e se torna um "imortal" da direita!
Blog do Miro
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