Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A Comissão da Verdade de São Paulo propôs hoje (10) fazer
uma campanha nacional para pedir a reinterpretação da Lei de Anistia. A
ideia é, de início, coletar assinaturas e então encaminhar proposta ao
Congresso Nacional.
“A partir da reunião de hoje, vamos [propor] um projeto de lei, de
iniciativa popular, para coleta de 1,3 milhão de assinaturas para pedir,
até o dia 31 de março de 2014, que marca os 50 anos do golpe [militar],
a possibilidade de mudança de interpretação da Lei de Anistia”, disse o
deputado estadual Adriano Diogo, presidente da Comissão Estadual da
Verdade de São Paulo.
Em 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a validade da
norma editada em 1979 que impede a punição de agentes de Estado e
ativistas que cometeram crimes políticos durante a ditadura militar. O
deputado defende que enquanto a Lei de Anistia não for revista, nenhum
arquivo referente à ditadura militar no país será aberto e não haverá
punição a torturadores.
Para o procurador da República Marlon Alberto Weichert, a Lei de
Anistia viola a convenção internacional de direitos humanos. “O direito
internacional dos direitos humanos entende que não é possível haver
anistia a graves violações dos direitos humanos”, disse, citando entre
elas o desaparecimento forçado, a tortura, a execução sumária e os
crimes de violência sexual.
Para o procurador, no entanto, não é necessário fazer um projeto de
lei para rever a questão da Lei de Anistia no país, já que, pela
sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos que condenou o país
no caso da Guerrilha do Araguaia, entendeu-se que não há anistia para
graves condutas de violação aos direitos humanos, tais como os que
ocorreram durante a ditadura militar no país. “No nosso entendimento, a
Lei de Anistia já teve seus efeitos invalidados para esses graves crimes
em função da decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos. O
Brasil se obrigou a respeitar e a cumprir as decisões da corte e deve
fazê-lo por todos seus órgãos”, ressaltou.
Hoje, a Comissão Estadual da Verdade de São Paulo lançou uma
publicação que analisa e apresenta, na íntegra, a sentença sobre o Caso
Gomes-Lund (mais conhecido como a Guerrilha do Araguaia) pela Corte
Interamericana de Direitos Humanos. Para o lançamento da publicação, a
comissão promoveu um debate com a presença da coordenadora da Comissão
Nacional da Verdade, Rosa Cardoso. O debate ocorreu na Assembleia
Legislativa de São Paulo.
Agência Brasil
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