"Temos que ter a coragem
de repensar e revisar o Mercosul. Neste sentido, a Aliança do Pacífico
já é um exemplo de mobilidade e dinamismo", disse, em entrevista
publicada pelo argentino La Nacion, o senador e pré-candidato à
Presidência Aécio Neves (PSDB-MG); tucano disse ter "dúvidas se a união
aduaneira é ainda o melhor caminho", evidenciando que uma mudança de
comando no Brasil inevitavelmente teria reflexos na região
247 - Ainda reverbera na Argentina a entrevista
do senador Aécio Neves publicada neste domingo pelo jornal La Nacion.
Depois de prometer enxugar a máquina administrativa brasileira (leia mais),
o pré-candidato do PSDB à Presidência começou a colocar o pé para fora
do país e tratou sobre o futuro do Mercosul. "Estamos muito preocupados
com o que hoje acontece no Mercosul, que está muito atrofiado. Temos
dúvidas se a união aduaneira é ainda o melhor caminho", disse o tucano.
Para Aécio, o tratado entre os países da regiãio deveria seguir o
exemplo da Aliança do Pacífico, formada por México, Colômbia, Chile e
Peru. "Temos que ter a coragem de repensar e revisar o Mercosul. Neste
sentido, a Aliança do Pacífico já é um exemplo de mobilidade e
dinamismo", disse, referindo-se ao bloco que, instituído há pouco mais
de um ano, passou a servir de comparativo ao Mercosul desde que iniciou,
nas últimas semanas, suas primeiras articulações práticas.
Ao destacar a repercussão da entrevista, o PSDB lembra que o jornal
La Nacion "tem sido alvo de perseguição do governo de Cristina Kirchner,
junto ao Grupo Clarín, por conta de seu posicionamento editorial
contrário às políticas da presidente" e que "o cerceamento dos veículos
de comunicação na Argentina tem o apoio do ex-presidente Lula". Com a
morte de Hugo Chávez, que conseguiu colocar a Venezuela no bloco durante
a suspensão do Paraguai, Brasil e Argentina dividem o comando político
do bloco. Uma mudança do alinhamento entre os países teria efeitos
inevitáveis nos rumos do Mercosul.
Alternativa
Na entrevista, Aécio também falou sobre a nova agenda do PSDB e a
importância de oferecer aos brasileiros uma alternativa à gestão
petista. "O Brasil está estagnado, econômica e politicamente.
Necessitamos de ideias e líderes novos para avançar", disse, destacando
que o PSDB promoveu "uma renovação profunda, não somente de quadros, mas
também de métodos e programas.
Seguindo a estratégia de recuperar a história da gestão tucana no
Palácio do Planalto, o senador não deixou de mencionar o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso. "Na realidade, a agenda que ainda está em
execução no país foi proposta e inicialmente implementada por nós, pelo
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: a estabilidade monetária com o
Plano Real, a abertura econômica, as privatizações, a mobilização social
e os primeiros programas de transferência de renda direta que depois
foram ampliados no governo Lula", destacou.
Para o senador tucano, a principal bandeira do partido em 2014 deverá
ser permeada pela ética em todas as ações do governo. "A pior herança
que o PT como um todo deixará a seu sucessor é um padrão ético
extremamente baixo. Existe hoje uma espécie de condescendência do
governo com os atos de corrupção e as más práticas. Mostra disso é o
grande número de ministros que tiveram que deixar o governo por
denúncias feitas pela imprensa, que ainda não foram julgados", lamentou.
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