segunda-feira, 10 de junho de 2013

Argentina se inquieta com declarações de Aécio


"Temos que ter a coragem de repensar e revisar o Mercosul. Neste sentido, a Aliança do Pacífico já é um exemplo de mobilidade e dinamismo", disse, em entrevista publicada pelo argentino La Nacion, o senador e pré-candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB-MG); tucano disse ter "dúvidas se a união aduaneira é ainda o melhor caminho", evidenciando que uma mudança de comando no Brasil inevitavelmente teria reflexos na região


247 - Ainda reverbera na Argentina a entrevista do senador Aécio Neves publicada neste domingo pelo jornal La Nacion. Depois de prometer enxugar a máquina administrativa brasileira (leia mais), o pré-candidato do PSDB à Presidência começou a colocar o pé para fora do país e tratou sobre o futuro do Mercosul. "Estamos muito preocupados com o que hoje acontece no Mercosul, que está muito atrofiado. Temos dúvidas se a união aduaneira é ainda o melhor caminho", disse o tucano.

Para Aécio, o tratado entre os países da regiãio deveria seguir o exemplo da Aliança do Pacífico, formada por México, Colômbia, Chile e Peru. "Temos que ter a coragem de repensar e revisar o Mercosul. Neste sentido, a Aliança do Pacífico já é um exemplo de mobilidade e dinamismo", disse, referindo-se ao bloco que, instituído há pouco mais de um ano, passou a servir de comparativo ao Mercosul desde que iniciou, nas últimas semanas, suas primeiras articulações práticas.

Ao destacar a repercussão da entrevista, o PSDB lembra que o jornal La Nacion "tem sido alvo de perseguição do governo de Cristina Kirchner, junto ao Grupo Clarín, por conta de seu posicionamento editorial contrário às políticas da presidente" e que "o cerceamento dos veículos de comunicação na Argentina tem o apoio do ex-presidente Lula". Com a morte de Hugo Chávez, que conseguiu colocar a Venezuela no bloco durante a suspensão do Paraguai, Brasil e Argentina dividem o comando político do bloco. Uma mudança do alinhamento entre os países teria efeitos inevitáveis nos rumos do Mercosul.

Alternativa

Na entrevista, Aécio também falou sobre a nova agenda do PSDB e a importância de oferecer aos brasileiros uma alternativa à gestão petista. "O Brasil está estagnado, econômica e politicamente. Necessitamos de ideias e líderes novos para avançar", disse, destacando que o PSDB promoveu "uma renovação profunda, não somente de quadros, mas também de métodos e programas.

Seguindo a estratégia de recuperar a história da gestão tucana no Palácio do Planalto, o senador não deixou de mencionar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Na realidade, a agenda que ainda está em execução no país foi proposta e inicialmente implementada por nós, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: a estabilidade monetária com o Plano Real, a abertura econômica, as privatizações, a mobilização social e os primeiros programas de transferência de renda direta que depois foram ampliados no governo Lula", destacou.

Para o senador tucano, a principal bandeira do partido em 2014 deverá ser permeada pela ética em todas as ações do governo. "A pior herança que o PT como um todo deixará a seu sucessor é um padrão ético extremamente baixo. Existe hoje uma espécie de condescendência do governo com os atos de corrupção e as más práticas. Mostra disso é o grande número de ministros que tiveram que deixar o governo por denúncias feitas pela imprensa, que ainda não foram julgados", lamentou.



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