Colunista da Folha
culpa o lobby tomate pela queda na aprovação do governo Dilma, que para
ele, não diminui em nada a “imensa vantagem” sobre seus antecessores:
“Mas o que a mim parece também claro é que não foi propriamente a
inflação sentida, foi a inflação ouvida e lida. Posta nas cabeças pela
artilharia com que os meios de comunicação fazem os índices vizinhos do
limite, a tal "meta" estabelecida há meses, parecerem uma explosão
inflacionária”
247 – O colunista da Folha Jânio de Freitas
culpou o lobby do tomate, ou a inflação com motivação política pela
queda na aprovação de Dilma Rousseff no mês de maio. Mas para ele, o
cenário deixa de ser alarmante tanto para a reeleição da presidente,
quanto para a economia.
Leia abaixo:
Outra visão
Há duas inflações: uma real, indesejável mas suportável, e outra que é originária de intenções políticas
Os entrevistados e os que escreveram sobre a queda de oito pontos na
avaliação positiva de Dilma Rousseff, constatada pelo Datafolha, expõem
uma visão peculiar em dois sentidos.
Primeiro, e mais importante, no que
se pode ter como a unânime (sem os petistas) visão de um significado de
extrema força, na perda. Segundo, pela maneira também unânime como a
inflação é vista nas avaliações, um fato com consequência política, mas
sem antecedente político.
Por um gráfico da Folha de ontem, via-se que Fernando Henrique chegou
aos dois anos e meio do primeiro mandato com avaliação de presidente
ótimo/bom por 39% dos entrevistados. Lula chegou aos primeiros dois anos
e meio do seu governo com avaliação ainda mais baixa, de 36%. E com
avaliação de regular e ruim/péssimo altíssima, somados, de 63%, contra
sofríveis 58% de Fernando Henrique.
Mesmo com a perda de oito pontos em idênticos dois anos e meio do seu
mandato, Dilma Rousseff ainda recebe 57% de conceito ótima/boa
presidente. Mais 18 pontos do que Fernando Henrique e 21 acima de Lula.
E, na soma dos conceitos regular e ruim/péssima, os seus 42% são 16
pontos menores que os de Fernando Henrique e 21 menores que os de Lula.
Ainda uma constatação curiosa: entre o Datafolha de março e o de
agora, intervalo em que se registra a perda dos oito pontos, a opinião
de regular e ruim/péssima sobre Dilma aumentou apenas um ponto, de 41%
para 42% --na margem de erro, portanto.
Que efeito tiveram aqueles humilhados números de Fernando Henrique e
de Lula na busca das respectivas reeleições? Rigorosamente nenhum. Nem
mesmo algum efeito dificultante do processo de construção, nos meses
seguintes, das duas vitórias.
A vantagem imensa de Dilma Rousseff na comparação com os dois
antecessores não é uma promessa de vitória, se candidata à reeleição.
Mas muito menos pode servir de base, a meu ver, quer para a dedução de
perspectivas eleitorais sombrias já a esta altura, quer até mesmo de uma
situação com tendência razoavelmente nítida de agravamento.
As deduções mais negativas correspondem, suponho, ao clima propagado
nos meses em que se deu a perda dos oito pontos por Dilma. Pode-se dizer
que, nos comentários todos, a inflação é a causa da perda. Ou a
principal. A pesquisa contém indício claro nesse sentido. Mas o que a
mim parece também claro é que não foi propriamente a inflação sentida,
foi a inflação ouvida e lida. Posta nas cabeças pela artilharia com que
os meios de comunicação fazem os índices vizinhos do limite, a tal
"meta" estabelecida há meses, parecerem uma explosão inflacionária.
A luta por uma inflação domada tem perdido sucessivos rounds, mas não
houve até agora, nem se mostra como provável, descontrole de fato
assustador. Há duas inflações: uma real, indesejável mas suportável, e
outra originária de intenções políticas.
SEM PROBLEMA
Esperada para amanhã a decisão do Supremo sobre o projeto que
dificulta mais partidos, a eventual derrota da liberdade total de
criá-los não dificulta a candidatura de Marina Silva --como está
divulgado com frequência. Não é indispensável que tenha o seu próprio
partido, a pretendida Rede Sustentabilidade, porque lhe estão oferecidas
as legendas do Partido Verde e da Mobilização Democrática (ex-PPS). A
ameaça é só onda.
Brasil 247
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