terça-feira, 4 de junho de 2013

Cai o número de armas nucleares, mas aumenta a eficiência dos arsenais

Segundo Stockholm International Peace Research Institute, há mais de 2 mil armas nucleares prontas para o uso no mundo


por Gabriel Bonis 
 
 
Daniel Foster/Flickr


Apesar de haver menos armas nucleares no mundo, os países com essa tecnologia têm desenvolvido novos sistemas nucleares

O número de armas nucleares no mundo diminuiu no último ano, mas isso não significa que o interesse por esta opção caiu ou que a segurança mundial aumentou. É o que revela o relatório anual de armas do Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) publicado nesta segunda-feira 3. Em 2012, aponta o instituto, havia 19 mil armas nucleares contra 17.270 no início deste ano.

O relatório leva em conta todo o arsenal dos oito "países nucleares" (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão e Israel), incluindo ogivas operacionais, sobressalentes, armazenamentos ativos e inativos e ogivas intactas previstas para desmantelamento. “Esse cenário não indica menor interesse por armas nucleares. Elas estão diminuindo em número, mas mantêm importância nas estratégias de segurança nacional dos Estados que as possuem. Além de atrair o interesse de Estados não nucleares”, explica Shannon Kile, pesquisador sênior do SIPRI e especialista em armas nucleares.

Segundo o estudo, os Estados nucleares parecem determinados a manter seus arsenais por um período indeterminado e seguem investindo neste tipo armamento. Os governos russo e norte-americano anunciaram programas amplos de modernização, assim como Reino Unido, França e China. Índia e Paquistão também têm aumentado a sofisticação de seus arsenais. “O padrão nos últimos anos tem sido ter menos armas nucleares, mas possuir estes armamentos novos, mais capazes e com melhores parâmetros de desempenho”, afirma Kile.

Grande parte da redução do número total de armas nucleares vem de um acordo entre os EUA e a Rússia assinado em 2010. Os dois países herdaram uma quantidade extensa de ogivas da Guerra Fria e ainda lidam com a desativação de armas que não têm condições de uso ou que representam riscos. Segundo estimativas do SIPRI, os EUA possuem cerca de 3 mil armas nucleares prontas para serem desmontadas e a Rússia cerca de 4 mil.
























Ainda assim, no início de 2013, os oitos países analisados tinham perto de 4,4 mil armas nucleares operacionais. Cerca de 2 mil são mantidas em estado elevado de alerta operacional. “Os Estados nucleares não estão se preparando para desistir destas armas", ressalta Kile. "Os EUA, por exemplo, vão gastar 214 bilhões de dólares nos próximos dez anos para desenvolver novos tipos de armas nucleares e aprimorar as ogivas existentes e modernizar as instalações produtoras de armas nucleares."

Apesar dos planos de investimentos, apenas a China parece estar expandindo seus armamentos nucleares. Mas a potência asiática o faz de forma lenta e moderada. Entre os cinco países nucleares "oficiais" (EUA, Rússia, Reino Unido, França e China), Pequim tem o menor número de ogivas: cerca de 250 contras as mais de 7 mil dos EUA e 8 mil da Rússia. “A China tem um programa de modernização de muitos anos, o que levou o país a desenvolver sistemas novos e mais capazes, mas ao mesmo tempo o país não está aumentando muito o arsenal total.”

Segundo o SIPRI, a transparência sobre as armas nucleares dos países analisados varia. EUA e França liberaram informações recentemente, enquanto a Rússia decidiu não publicar mais dados sobre sua força nuclear desde 2010. A China mantém total opacidade sobre seu programa, assim como Índia e Paquistão. Israel, por outro lado, continua a não informar se possui ou não armas nucleares.


Carta Capital

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