Apesar da gravidade, o assunto tem fugido um pouco da mídia,
substituído por outros que dão mais audiência, mas São Paulo continua a
viver sob o signo daquela situação em que o crime organizado, se
contrariado, parte rapidamente para revanches e sempre do mesmo jeito em
suas reações contra o governo.
Há um poder paralelo e institucionalmente estabelecido na prática. E
desde maio de 2006, quando o crime organizado – à frente, então, o
Primeiro Comando da Capital (PCC) – resolveu medir forças com o Estado,
naquele confronto que parou São Paulo por três dias e deixou mais de 400
mortos.
Depois daquele confronto, travado no governo Cláudio Lembo, José
Serra foi governador, Geraldo Alckmin também, voltou a ser governador
pela 3ª vez, e o negócio deles é fazer vistas grossas, fingir que o
problema do poder paralelo do crime organizado não existe…
Há um poder paralelo, o do crime organizado, operando no Estado
Veja a situação agora, em episódio de pouquíssima repercussão na
mídia: três ônibus e um carro foram incendiados em Sapopemba, na Zona
Leste paulistana, após um suspeito ser morto em uma perseguição policial
na noite do último domingo. No início daquela noite, uma viatura em
patrulhamento cruzou com quatro adolescentes em um Chevrolet Onix
roubado, sem placa.
Os suspeitos escaparam da abordagem e, na fuga, o motorista perdeu o
controle e bateu em um poste. Segundo a PM, este condutor, o adolescente
Wellington Matheus Sena, de 16 anos, ainda tentou fugir a pé e trocou
tiros com os policiais. Atingido, foi conduzido ao PS do Hospital
Municipal Jardim Iva, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Os
outros três homens ficaram no carro, sem reagir, e foram presos. Falam
do confronto, mas nenhum PM ficou ferido.
Cerca de cinco horas depois desse tiroteio, por volta da meia noite
do domingo, um grupo com cerca de 20 homens, em 10 a 15 motos, percorreu
a área da ocorrência e iniciou uma onda de depredação. Dois ônibus
foram incendiados na Estrada da Barreira Grande, o bando ateou fogo em
um terceiro coletivo, tudo totalmente consumido pelas chamas. O grupo
ainda queimou um carro e fugiu. Ninguém ficou ferido ou foi preso.
A ação, a reação, a repressão e o banditismo vêm tudo igual
Sempre se repetem. Mas a mídia esqueceu o assunto e os governantes de
plantão, então – em São Paulo, tucanos nos últimos 20 anos -, acham
ótimo. Mas nunca é demais perguntar, nem ofende: o que dois
presidenciáveis tucanos, o senador Aécio Neves e o ex-governador José
Serra têm a dizer a respeito?
E a mídia, por que não publica mais reportagens a respeito, não cobra
em seus editoriais? E por que nem pergunta a respeito a esses
presidenciáveis que falam o dia inteiro em segurança pública/violência,
por que os poupa desses temas?
Blog do Zé Dirceu

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