Com o apoio explícito de Ângela Merkel, o candidato Mário Monti, funcionário do Goldman Sachs, obteve escassos 10% dos votos
Houve um tempo, o do Renascimento, em que os principados italianos
faziam da política uma obra de arte, como constatou o historiador Jacob
Burckhardt em seu livro sobre a Civilização do Renascimento na Itália.
Violentos uns, astutos, outros, sábios alguns mais, aos príncipes
italianos não faltava inteligência na escolha de seus conselheiros
militares e políticos. A esses, confiavam as táticas e estratégias, na
condução do poder interno e na defesa dos interesses externos. Eram
homens que só se dedicavam a mandar e, mandando, conservar o poder. Um
dos segredos da sobrevivência de tais estados era a autonomia de cada um
deles, assegurada com a astúcia e com a força, posto que viviam em
estado permanente de guerra.
A Itália viveu dias gloriosos na unificação da Península, há um
século e meio, na repetição da aliança entre guerreiros e pensadores
políticos (Garibaldi com a espada, Cavour e Mazzini com as letras). As
vicissitudes históricas posteriores, entre elas uma monarquia tão
ambiciosa quanto débil, levaram o estado unitário a capengar, desde o
surgimento do fascismo, com Mussolini, até os nossos dias.
Garibaldi, ao partir de Roma para a campanha do Norte, disse aos
membros do parlamento provisório, que nada podia prometer, senão “muito
trabalho, sangue, suor e lágrimas”. A frase foi plagiada mais tarde por
Theodore Roosevelt e passou a história como sendo de Churchill, que a
repetiu em seu mais famoso discurso.
Croce, ao resumir o fascismo italiano, disse que Mussolini fora um
palhaço que o Rei Vittorio Emmanuele III levara a sério. Ele, o mais
lúcido pensador italiano daquele tempo, foi convidado pelos
norte-americanos a chefiar um governo de transição, e sabiamente
recusou, conforme seu diário político, datado de 25 de fevereiro de
1944. Talvez , como Ortega y Gasset, pensasse que o mal dos tempos
modernos está em que os que pensam, ou acham que pensam – como Mário
Monti – querem mandar, e os que mandam, querem pensar.
Bersani da centro esquerda italiana
Os partidos de centro-esquerda, com Bersani, nem a coligação de direita de Berlusconi, conseguiram maioria, necessária ao sistema parlamentarista para governar. Um cômico de televisão, Beppe Grillo, com linguagem populista, tirou do centro-esquerda os votos que lhe dariam a maioria. Espera-se que ele os devolva, aceitando uma aliança com Bersani.
Os partidos de centro-esquerda, com Bersani, nem a coligação de direita de Berlusconi, conseguiram maioria, necessária ao sistema parlamentarista para governar. Um cômico de televisão, Beppe Grillo, com linguagem populista, tirou do centro-esquerda os votos que lhe dariam a maioria. Espera-se que ele os devolva, aceitando uma aliança com Bersani.
Mussolini se apoiara na Alemanha de Hitler; o atual presidente da
Itália, Giorgio Napolitano, comunista “pentito”, vai “consultar” Ângela
Merkel, a fim de buscar uma solução para a crise.
De qualquer forma, à esquerda e à direita, o povo italiano disse um
não rotundo à política – exigida pelos banqueiros – de arrocho contra os
trabalhadores, com o apoio da ditadora econômica do continente, a
germaníssima Merkel. Seu candidato explícito, Mário Monti, funcionário
do Goldman Sachs, obteve escassos 10% dos votos.
Viomundo
Nenhum comentário:
Postar um comentário