13 de agosto de 2013
Mudaram inteiramente as circunstâncias desde o espetáculo circense de 2012.
O Mensalão volta à agenda.
Mas sob circunstâncias tão diferentes das do ano passado que pode ser chamado desde já de Mensalinho.
Joaquim Barbosa, por exemplo, é outro.
Para exercer seu papel de juiz severo e impiedoso, ele tinha que ser,
como Robespierre, incorruptível. Ou, para trazermos para os dias de
hoje, um Mujica.
Mas os meses mostraram um JB bem longe da imagem projetada pela
mídia. Reforma de 90 000 reais apenas nos banheiros do apartamento
funcional bancado pelo contribuinte, uso do avião da FAB, relações de
nepotismo cruzado com a Globo, empresa de araque em Miami para comprar
um apartamento para fugir de impostos, mentalidade recalcada ao falar de
coisas de décadas atrás como a reprovação que sofreu ao se candidatar
ao Itamaraty.
E acima de tudo: um homem que os 99% enxergam com alguma coisa que varia entre a indiferença, a reprovação e o desprezo.
Vocês se lembram das máscaras de JB que iam arrasar no carnaval,
segundo a mídia. Vasculhe as fotos carnavalescas e tente encontrá-las.
Procure achar JB também nas pesquisas eleitorais. O povo não é bobo.
JB foi inteiramente abduzido pelo 1%. Um Brasil sob Serra ou sob ele
seria fundamentalmente o mesmo. O combate à desigualdade sumiria da
agenda governamental.
Outros integrantes do STF também se desmoralizaram. Fux, por exemplo.
Ficamos sabendo como ele correu atrás de Dirceu para conseguir apoio
para chegar ao Supremo.
Ficamos sabendo também do espetacular conflito de interesses que ele
ignora ao ter relações tão próximas com o escritório de advocacia de
Sérgio Bermudes. Sem nenhuma cerimônia ele ia aceitando uma superfesta
de aniversário bancada pelo escritório.
Veteranos como Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello já estavam
desmoralizados antes do Mensalão, e apenas ficaram mais ainda depois.
Desde a primeira etapa do julgamento, saiu também de cena a figura
patética de Ayres de Brito, que conseguiu escrever o prefácio de um
livro de Merval Pereira sobre o Mensalão sem se questionar sobre a ética
repulsiva que existe quando o judiciário e a mídia se enlaçam e deixam
de se fiscalizar.
Chegaram também ao STF dois juízes novos, aparentemente pouco
entusiasmados com o desempenho do Supremo no circo-julgamento de 2012.
O clima, lá para trás, era dramático. Todos lembramos a narrativa
tensa de Mônica Bérgamo, na Folha, ao contar um encontro com Dirceu em
que ele estava com uma mala preparada para a cadeia.
Cadeia, a esta altura, é absolutamente improvável.
Por coisas como a esdrúxula aplicação nacional da Teoria do Domínio
dos Fatos, consolidou-se entre os brasileiros a percepção de que o
julgamento do Mensalão foi, fundamentalmente, injusto.
E agora se abre a oportunidade de reparar o erro e fazer um caso abjetamente manipulado terminar numa justa, bem-vinda pizza.
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